Pelos jogos que fizeram no fim de semana, tanto o Vitória como o Bahia são candidatos fortes à Segundona em 2018, o ano da Copa na Rússia. A dupla rival pode cair abraçadinha. Por quê?
Em comum e como fator determinante, as más contratações na temporada, a troca de treinadores/comissão técnica, elencos com deficiências em alguns setores, falta de reservas à altura dos chamados titulares, que já não são ‘essas coisas’ todas. Cadê o craque?
Isso tudo acarreta falta de padrão de jogo, queda de produção, oscilação técnica (conjunto) e física (individual) das equipes, um jeito de jogar obsoleto e previsível, erros absurdos de fundamentos como o passe preciso e a finalização. Não é pouco.
Espichões e bolas altas
Depois de fracassadas alternativas no comando, o Vitória voltou ao estilo Mancini, manjado. Correria, pegada forte, faltas ao perder a bola na frente para travar o contragolpe, muitos chutões, pouca troca de passes no meio campo, esticões para a velocidade de David e Caíque Sá (uma boa revelação), bolas alçadas na área adversária pra ver o que acontece e disputar o rebote. Só. Assim joga a equipe rubro-negra, toda atrás, dando bico, chegando junto... Às vezes até pode dar certo. Mas é muito pouco para uma equipe de Série A. O retorno do capitão William Farias, recuperado de lesão, ao meio campo é a única esperança de um futebol mais lúcido, consistente. O torcedor sofrido espera.
Joguinho burocrático
O Bahia quando parecia ter achado um jeito interessante de jogar, com Guto Ferreira, marcando adiantado e trocando passes, viu o treinador sair para o Sul, trouxe o ‘quadrado’ Jorginho, caiu de podre, improvisou Preto Casagrande e a equipe está perdida, sem pernas, sem esquema, bur(r)ocrática, lenta, sem nenhuma objetividade. Erra na troca de passes mais simples, não tem uma jogada de contragolpe encaixada, marca muito atrás, a linha de defesa joga dentro da grande área, colada no goleiro Jean, o meio campo pega frouxo, dá espaço e, na frente, nenhuma objetividade. Os meias (Ze Rafael, Régis, Allione...) passam meses sem fazer gol, sem chutar no arco adversário, sem chegar na área inimiga. Pior, o Tricolor tem uma zaga limitada, apenas um bom zagueiro, Tiago, ao lado do veteraníssimo e lento Lucas Fonseca, nada mais. Se um deles não joga... é um deus nos acuda.
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O rubro-negro está na zona da degola já faz tempo, é o atual vice-lanterna e no fim de semana pega o líder invicto Corínthians, lá em São Paulo. Precisa de pontos, ganhar.
O Tricolor recebe na Fonte Nova, o que não tem sido mais vantagem, um Vasco da Gama rejuvenescido, correndo muito e em ascensão. Não vai ser fácil. Preto, inexperiente e sem peças de reposição, continua no banco? Uma temeridade.
Ou seja, o torcedor de Bahia e de Vitória que prepare o coração. Vai ser uma luta medonha até a última rodada, muito sofrer até o final de novembro. E vamos cobrar sim das diretorias dos clubes: foram muitos erros cometidos na falta de planejamento adequado, na má formação de plantel para a disputa de uma Primeira Divisão. Merecemos?
Elencos:
Vitória :
Tem dois bons goleiros, Fernando Miguel, mais experiente, já provado; e Caíque, alto, braços compridos, promissor, ainda verde e meio afoito.
Nas laterais parece ter resolvido o problema da direita com o garoto Caíque Sá, veloz e fogoso; pôs o rodado Patric no banco, ou pra jogar no meio campo. Do lado esquerdo, a aposta na contratação de Juninho, depois do fiasco com Géfferson e outros. Euller, o melhor, está queimado pela torcida e saltando fora.
No miolo de zaga, tem o valente becão Kanu, xerifão que se impôs como titular, pela raça, não gosta de perder; Wallace, rodadíssimo, é uma aposta no passado; o melhor parceiro de Kanu é Ramon, mais técnico; Fred, altão, bom chute, é vulnerável com a bola no chão. Alternativas dos garotos da base.
O melhor dos apoiadores, líder e capitão do time é William Farias; quando se machucou a equipe caiu de produção. Uíllian Correia alterna bons e maus momentos. Yuri tem boa pegada, e só.
A meia de ligação parece o maior problema da equipe em campo. O clube investiu alto e errado, pelo visto. Contratou argentinos, colombianos, atletas de nome como Cleiton Xavier, Carlos Eduardo, Neilton, tem o garoto Jhemerson ... Jogadores variados e de características diferentes mas que ainda não deram um bom encaixe na meiúca; correm até cansar mas não conseguem fazer com talento e criatividade a ligação defesa/ataque, daí a opção óbvia pela ligação direta, as bolas pelo alto, o jogo feio.
Na frente, o avante chinelinho Kieza, eternamente machucado; André Lima no ocaso; a chegada do colombiano Tréllez, impetuoso e em adaptação ainda; E David, o mais agudo, substituto do ídolo Marinho, veloz, fogoso, incansável mas longe de ser um craque.
Bahia
Tem um goleiro jovem, promissor, com bons reflexos, boa saída de jogo, de altura mediana e meio maluquinho, o Jean; seus reservas não jogam, como saber? Sò um lateral direito, Eduardo, bom enquanto tem pernas, melhor avançando que defendendo; não tem reserva à altura. Do lado esquerdo, Mateus Reis com lampejos, apenas, mais baixos que altos. Armero está em fim de linha; e tem no banco o garoto Juninho Capixaba que promete, mas precisa jogar, pegar ritmo e entrosamento para mostrar ser o melhor dos três.
Dos apoiadores, o que vem rendendo mais, sem dúvida, é Renê Jr, o mais técnico, esconde bem a bola e às vezes chega na área adversária, quando a equipe avança em bloco, o que tem sido raro. Edson, pegador, não voltou bem depois de um tempo parado; Juninho é o jogador de melhor chute na equipe, bate bem faltas e escanteios, arremata de fora, mas tem sido preterido e, quando entra, visivelmente aperreado com o banco, comete erros fatais. Mateus Sales tem boa pegada mas seu passe não é bom, não é progressivo.
Os meias de ligação Régis e Vinícius não se encontram; entra um sai outro, e nada acontece. Regis nunca mais chutou, não penetra, sem forças. Allione virou chinelinho, só anda na enfermaria; Ze Rafael corre, corre, até cansar e ... como se pode conceber um meia que não acerta o gol adversário? O melhor tem sido o transpirante colombiano Mendoza. Ah, tem um certo Arrareis que... arre égua !
Na frente, toda esperança no recém-chegado e parrudo Rodrigão, isolado, sem ninguém pra tabelar, esperando o cruzamento ... precisa perder uns quilinhos, ganhar agilidade; João Paulo é promessa, apenas; Hernani, o brocador, recupera-se de uma fratura e Edigar Júnio sumiu de campo, dos treinos, do noticiário... contusão crônica?
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Como se pode ver, são elencos apenas regulares, mesclado com alguns atletas sofríveis, poucas opções e tudo isso tende a piorar nesse retão final de returno, com o advento de contusões, do cansaço com tantas viagens, os cartões, a saturação de fim de temporada, a falta de pernas, de motivação, as noitadas...
A Série B é um pântano cheio de jacarés com a bocarra aberta. Na Segundona o bicho pega.