Vitória perde o jogo mas leva ao titulo e faz a festa
ZédeJesusBarrêto , da redação em Salvador |
08/05/2016 às 19:08
Presidente do Vitória é carregado pelos jogadores
Foto: ECV
Depois de três anos de jejum o Vitória sagrou-se Campeão Baiano 2016, na Fonte Nova, após uma partida onde aconteceu de tudo: Briga, expulsões, muita emoção, raça e pouca técnica com a bola. Foi o 28º título do rubro-negro na história dos campeonatos baianos, muito comemorado nas arquibancadas e nas ruas com o vermelho e preto predominando. O domingo das Mães foi rubro-negro.
O Tricolor lutou muito, jogou melhor, esteve bem mais na área adversária, mas não conseguiu fazer mais que um gol, de Feijão ainda na primeira etapa, o que não foi suficiente para reverter a vantagem do rival, os 2 x 0 conseguidos no Barradão, quando dominou e fez a diferença. Um título brigado, mas de todo modo merecido.
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Tarde limpa de domingo, Dia das Mães, muito espaço vazio nas arquibancadas para uma final de campeonato (menos de 22 mil pessoas presentes). Grande parcela da torcida tricolor já não acreditava. Afinal, o rubro-negro vencera o primeiro confronto no Barradão, uma semana antes, 2 x 0, com autoridade. O Bahia entrou em campo com seu uniforme de camisas tricolores em listas verticais, calções azuis, meiões vermelhos; o Vitória com o padrão dois: camisas e meiões brancos, calções pretos.
Clima de guerra no gramado. Rivalidade pura.
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O raio x do clássico
E logo que a bola rolou o Bahia foi pra cima, com tudo, precisava vencer com dois gols de diferença. Aos 30” já chegou forte, mas a zaga rubro-negra safou pra escanteio o chute do meia João Paulo Gomes, a novidade tática da equipe de Doriva, fazendo o lado esquerdo e fechando mais o meio campo.
Nervosismo em campo. Antes de um minuto, o árbitro gaúcho deu cartão amarelo para Amaral, após entrevero entre os zagueiros Lucas e Vitor Ramos. Catimbas rubro-negras, de praxe, e os tricolores reagindo, afinal.
Como era de esperar, o Bahia no desespero, no abafa, impondo correria desde o começo e o adversário truncando, quebrando o ritmo, buscando as faltas, ganhando tempo, na espera. Jogo pegado, brigado, mas com pouca técnica.
Aos 20’, jogada de JP Gomes com Tiago Ribeiro, bola cruzada da canhota e Feijão entrou livre, como homem surpresa, para abrir o placar: 1 x 0.
Nas comemorações, confusão entre os integrantes das comissões técnicas das duas equipes e atletas reservas, muito empurra-empurra, clima quente, melança pura. O goleiro Jeanzinho levou cartão vermelho.
O tricolor, precisando de mais um gol pelo menos, continuou forçando o ataque. Aos 29’, Caíque salvou chute de Tiago Ribeiro no rodapé. Vander dividiu com maldade a bola com Lomba, Eder tomou as dores e ambos levaram amarelo, após outro entrevero.
Jogo ensebado, picotado, sem sequência. Um festival de cartões amarelos: 5 amarelos para jogadores do Vitória, dois para os tricolores. Mais a expulsão do reserva Jeanzinho (Bahia).
Os primeiros 45’ foram do Bahia, na vontade, marcando firme, ganhando o meio campo e buscando o ataque pelos lados do campo. O Vitória se defendeu, mascou, e quase não chegou na área adversária, não conseguiu jogar.
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Intervalo. Uma segunda etapa diferente em campo. Na volta dos vestiários, os mesmos atletas em campo. O Vitória, entretanto, com nova postura, mais avançado, e já aos 45” Kieza arriscou de longe para defesa de Lomba. Aos 4’, numa manjada bola longa cruzada da direita e Kieza ficou de cara, mas Lomba fechou, salvando o empate. O Bahia respondeu aos 5’, desperdiçando chance na pequena área. Foi então uma partida diferente, equilibrada, lá e cá, mais jogada e melhor de ver. Um outro Vitória em campo.
Aos 12’, Doriva substituiu Paulo Roberto, mais marcador, por Juninho, mais . Aos 13’, Danilo Pires a arrematou de fora, Caíque triscou, e a trave salvou. Dois minutos depois, Caíque salvou testada certeira de Hernane. Doriva ousou mais: tirou o meia JP Gomes e lançou o veloz Luizinho, aos 17’. Blitze tricolor, escanteios seguidos mas nada de gol. Aos 21’ um chute longo de Leandro Domingues assustou. A resposta de Luizinho, minuto depois, morreu nas mãos de Caíque.
Precisando de mais um gol, aos 27’ Doriva tirou Danilo Pires e lançou o veloz Henrique. Tome-lhe pressão tricolor. Inócua. Tiago Real, ex-tricolor, entrou no lugar de Leandro Domingues, aos 29’, pelo Vitória. Logo depois um cruzamento de Tinga cobriu o goleirão Caíque e bateu no travessão rubro-negro. O Bahia apertava, mas ...
Mancini pôs Alípio em lugar de Vander. Aos 32’, Caique deu um rebote mas Tiago Ribeiro desperdiçou a sobra. No lance seguinte a torcida pediu pênalti de Amaral em Henrique, Vuaden mandou seguir. O Vitória explorava o contragolpe e o Bahia todo avançado, exposto, tentando a todo custo e sem talento.
Por volta dos 40’, Lucas Fonseca e Diego Renan saíram aos tapas e foram expulsos. A confusão de dentro de campo estendeu-se pra fora, entre as comissões técnicas.
Saiu Marinho e entrou Vinícius para garantir o resultado. O árbitro deu seis minutos de acréscimos, a pressão tricolor não resultou no gol esperado pela torcida que aplaudiu a luta e a entrega da equipe em campo, no final.
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Destaques:
No time campeão, a segura atuação do jovem goleiro Caíque, de novo; Renan mais firme que Vitor Ramos, na zaga; Amaral e William guerrearam muito no meio campo; Diego Renan melhor que Zé Wélisson, pelas laterais; Kieza apagadão no primeiro tempo, perdeu gol de cara no segundo; Marinho e Vander anulados.
O Vitória sagrou- se campeão pelo bom jogo no Barradão, onde foi muito superior. O treinador Mancini jogou na Fonte Nova pelo regulamento, fechadinho, e conseguiu nos vestiários equilibrar a partida na segunda etapa, com uma postura mais avançada, mesmo correndo riscos.
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No Bahia, louvemos a entrega de todos, a ousadia, enfim, de Doriva, que armou o time para vencer, marcando forte e anulando as jogadas laterais do adversário. O Bahia foi superior na Fonte Nova, teve alma mas faltou talento, um algo mais na frente para fazer os gols necessários.
Lomba fez um bom jogo, duas defesas salvadoras na segunda etapa; Tinga bem, Moisés mostrou futebol e vontade pela esquerda; o miolo de zaga não complicou; Feijão lutou e fez o de gol; Paulo Roberto e Danilo correram muito; JP Gomes foi a agradável surpresa, de meia; Tiago Ribeiro mais produtivo que Hernane, no sacrifício em campo.
Mesmo sem o título,o torcedor tricolor aplaudiu o empenho da equipe no final.
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Uma arbitragem difícil de Leandro Vouaden, pelo jogo catimbado, a pegada forte, muitas faltas, clima hostil dentro e fora de campo. Levou bem. Deu muitos cartões amarelos, expulsou jogadores já no final. A torcida tricolor chiou muito, pedindo pênalti numa desarmada forte de Amaral em cima do garoto Henrique, perto do final do jogo.
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Estaduais
O Santos venceu o Audax ( 1 x 0 ) na Vila Belmiro e é o Campeão Paulista/2016, com justiça.
O campeão carioca é o Vasco, aliás, bicampeão após o empate de 1 x 1 com o Botafogo.
O América empatou com o Galo (Atlético) , 1 x 1, e sagrou-se campeão em Minas Gerais, sob o comando de Givanildo. Merecido.
No Rio Grande do Sul, o Internacional enfiou 3 x 0 no Juventude e papou mais um, é Hexa-Campeão gaúcho, título que conseguiu nos distantes anos de 1970, século passado. Porto Alegre é vermelho.
O Santa Cruz, campeão da Copa Nordeste 2016 é também o campeão estadual pernambucano, após o empate sem gols com o Sport. Viva o Santinha, a ‘cobra coral’ !
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Copa América
Saiu a lista dos 23 convocados por Dunga para a disputa da Copa América/2016, nos EUA, em junho. Apresentam-se para treinamento em Los Angeles, no dia 22 de maio:
- Goleiros: Álisson (Inter de Porto Alegre), Diego Alves (Valência/ESP) e Éderson (Benfica/POR)
- Zagueiros: Miranda (Inter/ITA), Rodrigo Caio (SP), Marquinho (PSG) e Gil (Shandong/CHINA)
- Laterais : Daniel Alves (Barcelona/ESP), Fabinho (Monaco/FRA), Filipe Luiz (Atlético Madri) e Douglas Santos (Atlético/MG)
- Apoiadores: Luis Gustavo (Wolksburg/ALE), Elias (Corinthians), Cassemiro (Real Madrid) e Rafinha (Barcelona)
- Meias : Lucas Lima (Santos), Douglas Costa (Bayern Munique), Felipe Coutinho (Liverpool/ING), Renato Augusto (Beijing/CHINA) e William (Chelsea/ING)
- Atacantes: Gabriel (Santos), Hulk (Zenit) e Ricardo Oliveira (Santos)
Obs: Como se pode observar e depreender, nada de novo, o mesmo timinho limitado de Dunga e seus esquemas ultrapassados. Não creio que iremos disputar o título.
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Libertadores
Na Copa Libertadores das Américas/2016 só sobraram dos brasileiros o Atlético, o ‘galo mineiro’, sempre guerreiro, e o instável São Paulo, hoje uma equipe que depende muito do talento e da vontade do meia Ganso. Sò um deles segue para as semifinais.
Impressionante a apatia, a falta de competitividade das equipes brasileiras diante dos aguerridos Hermanos vizinhos. A desclassificação de Corínthians e Grêmio diante dos vibrantes uruguaios e argentinos foi decepcionante. Fomos envolvidos. Faltaram bola, garra e manha a Corínthians e Grêmio.
O que estão fazendo do futebol brasileiro ! Acho que não encontramos o prumo ainda, desde aquelas porradas da Alemanha (7 x 1) e Holanda (3 x 0) pela Copa 2014, dentro de casa. É como se, no ringue, ainda não houvéssemos nos recuperado das duas quedas, estamos à procura das cordas, do córner, tudo turvo. Com essa CBF balcão de negócios... um futebol brasileiro nocauteado.
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O Sub-20 Campeão
Na semana que finda a equipe Sub-20 do Bahia, treinada por Aroldo Moreira, sagrou-se pela 17ª vez Campeão Estadual. O título de 2016 foi conquistado de forma invicta. Em 12 jogos disputados o tricolor venceu 10 e empatou dois.
Na final, venceu o grande rival Vitória no Barradão (1 x 0) e empatou o jogo da Taça em Pituaçu (1 x 1). Um alento, esperanças num futuro com atletas formados em casa.
Destaques para o goleiro Djair (alto, magro, leve, esperto), o lateral Marlon, os zagueiros Becão e Éverson, os meiocampistas Luis Fernando e Wesley Mosquito, e os atacantes Mayron, Hugo e Jacó ... Que os treinadores do time principal saibam aproveitá-los bem e os torcedores apoiem.
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Caras novas
Nos profissionais, já de olho no Brasileirão Série B, a direção do Bahia anunciou a contratação do conhecido meia armador Cajá, canhoto, ex-Ponte Preta e com passagem relevante pelo rival rubro-negro; e o zagueiro Jackson, 26 anos, de discreta passagem por Inter e Palmeiras. Espero que cheguem e assumam protagonismos. A equipe carece e a segundona é dureza.
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Brasileirão
Para a dupla Ba Vi agora o foco principal é o Brasileirão: o Vitória na elite, Série A, e o Bahia na B, a Segundona. Estreiam fora de casa, ambos, no próximo fim de semana.
O Vitória começa a jornada que vai até dezembro contra o Santa Cruz, em Recife, no domingo, às 11 horas. O time ‘Cobra Coral’ pernambucano é o Campeão da Copa do Nordeste. Um bom pega.
E o Bahia recebe o Avaí (SC) já no sábado, às 21 horas, Fonte Nova.
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Copa do Brasil
Mas, antes da estreia no Brasileirão, as duas equipes baianas têm compromissos pela Copa do Brasil, no meio da semana, o tempo é curto e a jornada é longa.
O tricolor enfrenta a boa equipe do América (MG), campeã estadual, no meio da semana, quarta-feira à noite, em Belo Horizonte. Na mesma data o rubro-negro encara, em São Paulo, a Portuguesa, a Lusa do Canindé, hoje na terceira divisão do Paulistão. Aparentemente mole.
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Leicester
A grande surpresa e sensação do futebol europeu neste ano foi a modesta e pouco conhecida equipe do Leicester, campeã da temporada 2015/16 do futebol inglês. O título, o primeiro da história do clube, foi conquistado com antecedência, rodadas antes do final da competição. O Leicester chegou a 80 pontos na liderança, 10 à frente do vice, o Tottenham.
Com um futebol de força, marcação ferrenha e rápidos contragolpes, buscando a objetividade e sem firulas o Leicester foi derrubando os grandes, um por um, fora e dentro de casa. Olho neles!
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O Bayern Munique já papou o título na Alemanha, mais um para o treinador Guardiola; equipe de Neuer, Laham, Muller, Douglas Costa, Lewandóvski, Alaba, Ribéry, Robben ...
O campeão francês, também por antecipação, é o PSG de Ibrahimovic e dos brasileiros, Tiago Silva, David Luiz, Marquinho, Lucas...
Na Itália, o predomínio da Juventus, a ‘velha senhora’ do genial meia Pogbá (francês), do jovem argentino Dybala, o brasileiro Hernanes, e do veterano goleiro Buffon.
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Centenário
100 anos faz o sr. Jean-Marie Faustin Goedefroid de Havelange, o brasileiro João Havelange, ex-atleta olímpico de natação e polo aquático, presidente da CBF nos tempos do Tri-Mundial, presidente da FIFA de 1974 até 98. Transformou o jogo de bola num grande espetáculo e o levou a todos os continentes do planeta. A Copa do Mundo que era disputada por 16 países chegou a 32, com ele. Criou os mundiais sub-17, sub-20 e o feminino. Um nome no milionário mundo do futebol, hoje uma indústria de entretenimento. Seu centenário tem poucos festejos com os novos tempos de caça aos corruptos. Sob os ombros dele pesam acusações de subornos e muitas traquinagens que o tornaram um bilionário.