Ameaçado, questionado e sem sua principal estrela. Este é o Brasil que enfrenta o Paraguai nesta terça-feira, às 21h45m, no Defensores del Chaco, em Assunção, em partida válida pela sexta rodada das eliminatórias para a Copa de 2018, na Rússia. As indefinições do momento da seleção servem também para o técnico Dunga. A vitória trará sossego até o próximo jogo, em setembro, com o líder Equador. Empate ou derrota fará o treinador atravessar um longo período sob críticas e fora da zona de classificação.
- O Paraguai vai pressionar, com o apoio da torcida. Cada jogo é uma decisão. A tabela é curta. Com uma vitória, vamos lá para cima, enquanto o tropeço nos leva lá para baixo. Vai ser assim sempre. Sempre dissemos que estas seriam as eliminatórias mais difíceis. Se nas outras o Brasil já se classificou nas últimas rodadas, imagina agora - disse Dunga.
Quando entrar em campo, o Brasil terá a sexta escalação diferente nas eliminatórias, seja por suspensões ou opções de Dunga. A falta de entrosamento causa oscilações durante o jogo. Mais grave que isso é a escassez de alternativas táticas quando a seleção tem o seu modo de jogo decifrado e bloqueado, como aconteceu no empate com o Uruguai, em Recife.
- Eu queria que minha equipe jogasse como a maior parte do primeiro tempo contra o Uruguai. É sempre um recomeço, porque não há tempo para treinar. Se você ficar quatro meses sem trabalhar, como posso te cobrar continuidade? - questionou o treinador, consciente da pressão pela vitória. Pressão que, segundo ele, começa dentro da seleção:
- Nunca vi fazer planejamento para perder. Nosso planejamento é otimista, mas sabemos que estas eliminatórias serão disputadas até a última rodada. Nosso ponto fixo é vencer, temos isto como meta.
Com apenas dois treinos para consertar o que deu errado no Recife, Dunga optou por um esquema mais conservador no ataque, com Ricardo Oliveira fixo na frente. Pelo menos foi o que mostrou no único treino aberto à imprensa. Sem Neymar, o time perde a boa movimentação e troca de passes no ataque, como aconteceu no primeiro tempo com o Uruguai entre ele, Willian e Douglas Costa.
- Ricardo é um jogador mais de área, mais presente, enquanto o Neymar flutua mais. Vou tentar criar opções dentro das características de cada um, dentro do pouco tempo de trabalho que tivemos.
Em um jogo duro como sempre tem sido Paraguai contra Brasil, a entrada de Ricardo Oliveira ao menos dá mais uma opção nas bolas altas. Dos homens de frente, é o mais alto, com 1,83m.
Na defesa, se for levada em conta a última atuação de David Luiz, contra o Uruguai, o melhor é que ele tenha mesmo saído do time. Com a entrada de Gil, a seleção passa a ter a mesma zaga titular da vitória sobre o Peru (3 a 0) em Salvador, com ele ao lado de Miranda. No ataque, o trio Willian, Douglas Costa e Ricardo Oliveira começou a partida contra a Venezuela em Fortaleza: 3 a 1.
- Nós conversamos bastante. Temos pouco tempo de entrosamento, e conversar nos ajuda - disse Miranda sobre Gil.
O treinador fará seu décimo jogo de competição desde que reassumiu a seleção após a Copa, metade deles sem Neymar. Dunga comentou a postura do jogador, que aproveitou a noite catarinense após ser suspenso pelo segundo amarelo:
- A gente tem que respeitar individualidades. A geração muda. Hoje tem as redes sociais, muita exposição. Hoje, o que um jogador faz em dois segundos está no mundo todo. Não posso querer que os jogadores tenham o mesmo comportamento ou pensar da minha maneira.
O Paraguai, que arrancou um 2 a 2 com o Equador em Quito, é treinado pelo argentino Ramón Díaz, que confirmou o longevo Santa Cruz ao lado de Lezcano.
Paraguai: Villar, Gómez, Paulo da Silva, Aguilar e Samudio; Ortigoza, Ortiz, Oscar Romero, Iturbe; Lescano e Roque Santa Cruz.
Brasil: Alisson, Daniel Alves, Miranda, Gil e Filipe Luis; Luiz Gustavo; Fernandinho, Willian e Douglas Costa; Ricardo Oliveira.
Juiz: Wilmar Roldán (Colômbia).
Local: Estádio Defensores del Chaco, em Assunção, no Paraguai.
Horário: 21h45m.
Transmissão: Rede Globo e Sportv