Cento e vinte e três crianças da comunidade do Barreiro, no bairro da Boca do Rio, em Salvador, receberam na última quinta-feira (17), com festa, a nova graduação e novas faixas de jiu jitsu, depois de muito trabalho duro, dentro e fora das aulas de luta, e de serem avaliadas por seus treinadores. Os meninos e meninas que participaram da graduação fazem parte do projeto Social Boa Luta, coordenado e idealizado pelo sargento da Polícia Militar Lourival Alves de Souza Filho.
Ao lado do presidente da Associação Nordeste, onde funciona a sede do projeto, e também do professor de jiu jitsu, Yuri Carlton, o sargento S. Filho concretizou, há seis anos, a iniciativa, que atualmente atende gratuitamente 272 crianças, na faixa etária de 5 a 17 anos. O trabalho voluntário muda a realidade de uma comunidade e incentiva os jovens por meio do esporte.
Na graduação participaram os alunos que se destacaram nos treinos e os que tiveram o melhor comportamento em casa, melhores notas, assiduidade nas aulas da escola e de jiu jitsu, além de outros critérios de avaliação. Isso porque, segundo o professor Grannamy, como é conhecido o sargento entre os alunos, a luta é também mais um estímulo na educação dessas crianças.
Comportamento escolar
“No projeto, oferecemos conceitos que vão além dos tatames, o respeito aos professores, aos pais, aos mais velhos, e conseguimos ver a mudança nos meninos. A disciplina das artes marciais, por exemplo, é algo que reflete diretamente no comportamento escolar, no rendimento melhor, em melhores notas e recebemos esse retorno das famílias”, disse o professor, que foi consagrado duas vezes como campeão mundial de jiu jitsu, em 2015, e atua no trabalho voluntário com as crianças.
Entre os que receberam novas faixas, Marcos Andrade de Jesus, 7, e portador de autismo, ganhou dos professores a faixa amarela, um orgulho para mãe, a dona de casa Tânia Raquel Bispo Andrade, que percebe a diferença das aulas na vida do pequeno. “Antes das aulas, ele era um menino que não interagia, muito agitado, às vezes até nervoso, e hoje eu noto uma evolução imensa nele”.
Agora, ainda segundo Tânia, seu filho, “já é capaz de interagir, de brincar com os amigos, fica mais calmo em casa. No projeto, ele não é ‘diferente’. É tratado e se sente como todas as outras crianças, que o tratam de igual para igual. Ver o carinho e cuidado que os professores têm com ele é, para mim, como mãe, emocionante. Fiquei muito feliz ao vê-lo recebendo uma nova faixa ao lado dos outros meninos”.
Para o sargento da PM, o envolvimento com as famílias é o que garante a real mudança na vida das crianças. “Vemos o projeto como mais uma ferramenta de educação, e é fundamental a parceria entre o esporte, a escola e a família. Entendemos que só teremos uma educação melhor para esses jovens se houver um acompanhamento de perto dos familiares. Por isso, fazemos questão que os pais assistam às aulas e perguntamos a eles como está o comportamento dos meninos em casa. Tem muitos que são parceiros nossos. Além de frequentar, nos ajudam muito”.