A questão é como levar torcedores para os estádios
Ag Globo , RJ |
10/02/2016 às 19:50
As disputas políticas e a crise de credibilidade da Federação acrescentam um ingrediente local a uma crise nacional. Os números apontam que o futebol do Rio de Janeiro é, no início de temporada, a face mais visível da dificuldade de levar público aos estádios nos Estaduais pelo país. Ou, ao menos, no início das disputas, com partidas seguidas envolvendo os clubes pequenos. Os números cariocas são os mais alarmantes dentre os quatro principais torneios do país.
O dado mais preocupante é que nenhum dos estaduais de Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul atingiu média global de público superior a 7 mil pessoas até agora. O Campeonato Carioca tem média de apenas 1.955 pagantes por jogo, após ter reunido 31.294 pessoas nas 16 partidas disputadas em suas duas primeiras rodadas.
Os clubes grandes não conseguiram elevar muito a média. Os oito jogos do quarteto têm média pouco superior a 3.200 pagantes. Para este número, além da tendência de queda nos últimos anos, contribui a falta dos principais estádios. Atuando em Volta Redonda , o Fluminense jogou para 1.531 pessoas contra o time da casa e, depois, reuniu só 537 pagantes na goleada sobre o Bonsucesso.
Prova de que a crise de estádios cumpre um papel são os números do Vasco. Já levou 12.851 pagantes aos seus jogos. O primeiro deles foi jogado em seu campo, em São Januário, contra o Madureira; e o segundo, no estádio do adversário, em Édson Passos, diante do América. O clube, sozinho, é responsável por 41% dos pagantes da competição. Já o Flamengo, em dois jogos, reuniu 10.144 pagantes. Sua estreia, diante do Boavista, tinha o apelo de ser o primeiro jogo do time no ano no Rio de Janeiro, logo após a vitória por 2 a 0 sobre o Atlético-MG, em Belo Horizonte, pela Primeira Liga. No entanto, sem ter o Maracanã à disposição, levou 6.218 pagantes a Édson Passos. O Botafogo, que perdeu o Engenhão, teve pouco mais de 2.900 pagantes nas duas primeiras rodadas do Estadual.
Ruim para todo mundo
Em São Paulo, também proliferam os jogos com baixo público. No entanto, estes se concentram entre os clubes pequenos. O Corinthians, em sua arena, venceu o XV de Piracicaba diante de 30.945 pagantes. Já o Palmeiras, mesmo fora de casa, jogou para 18.635 pessoas contra o Botafogo-SP, em Ribeirão Preto. A estreia em casa, disputada no Pacaembu, contra o São Bento, teve 17.663 pagantes. Os quatro melhores públicos do Paulista superam o recorde do Carioca, que pertence aos 7.905 de Vasco x Madureira.
Mesmo assim, a média de público paulista, nas duas primeiras rodadas, é de 6.733 pagantes. Ou seja, os jogos que não reúnem os grandes têm público abaixo.
O Campeonato Mineiro também não reúne grandes públicos. No entanto, os três jogos já disputados envolvendo grandes tiveram média de 11 mil pessoas. O Cruzeiro estreou diante de pouco mais de 15 mil no Mineirão. Já o Atlético-MG visitou o Uberlândia em partida com 14 mil pagantes.
No Rio Grande do Sul, dos quatro jogos da dupla Gre-Nal, dois não tiveram públicos e renda divulgados. Os dois com renda anunciada — um do Grêmio e outro do Internacional — resultaram em média de 5.500 pessoas.
A Primeira Liga, alternativa para obter receitas na visão de alguns clubes, também não empolga. Atlético-MG x Flamengo teve 30 mil pagantes. No entanto, todos os demais jogos ficaram abaixo de 12 mil pessoas. Dos demais sete jogos, quatro tiveram públicos abaixo de cinco mil pessoas. Já a estreia do Fluminense teve ingressos em troca de alimentos.