Esporte

Filipe Toledo vence Italo Ferreira em final brasileira no Rip Curl Pro

Gabriel Medina termina em quinto lugar
Waves , Peniche | 30/10/2015 às 18:29
Italo Ferreira e Filipe Toledo no pódio da etapa portuguesa
Foto: WSL / Kirstin
Em final histórica, Filipe Toledo derrotou seu compatriota Italo Ferreira em Supertubos, Portugal, para ficar com o título do Rip Curl Pro 2015, penúltima etapa do Tour.
Autor de uma nota 10 logo no início do confronto, Filipinho conquistou a sua terceira vitória no ano e ganhou muita força na briga pelo título mundial, que será decidido em Pipeline, Hawaii, em dezembro. Filipe ultrapassou a Adriano de Souza na corrida pela taça e está a apenas 200 pontos do líder Mick Fanning.
Desde 1999, quando Neco Padaratz superou Fabio Gouveia em Huntington Beach (EUA), os brasileiros não disputavam uma decisão na elite mundial.
Foi a terceira final de Filipinho no ano. O paulista já havia vencido em Snapper Rocks, Austrália, e no Rio de Janeiro. Coincidentemente, em todas as suas vitórias ele arrancou nota 10 dos juízes.
“Não tenho palavras, estou amarradão. Tive duas semanas loucas aqui, machuquei as minhas costas assim que cheguei aqui depois da França. A França foi frustrante para mim, mas me fez pensar em tudo e colocou a minha mente no lugar certo, e agora os resultados estão aparecendo. A final para mim é a melhor bateria, eu não tenho nada a perder e vou pra cima”, revelou o campeão.
Já Italo, dono de uma brilhante campanha no Tour, disputou a sua primeira decisão na carreira. “Só quero agradecer a Deus pelos momentos incríveis e a todos que apareceram aqui. Não posso acreditar que fiz a minha primeira final, estou muito feliz. Estou muito empolgado para ir ao Hawaii e vou dar o meu melhor lá”, disse o potiguar.
No caminho ao pódio nesta sexta-feira, Italo começou o dia enfrentando o compatriota Gabriel Medina em um dos duelos pendentes das quartas-de-final e deu um verdadeiro show. 
Em ondas de 1,5 metro e formação prejudicada pelo vento, Medina até começou melhor, com 6.83, mas Italo reagiu forte com um tubo e uma batida numa esquerda que rendeu 9.67.
Depois de melhorar seu somatório arrepiando uma direita avaliada em 8.50 e deixar o adversário precisando de uma combinação de notas, Italo acertou um aéreo rodando de backside e ainda conseguiu ampliar um pouco a sua vantagem com 8.60.
No fim da bateria, Medina ainda cometeu interferência em Italo e saiu da água com a prancha partida ao meio.
“As condições estavam complicadas e não consegui encontrar as ondas certas. Mal posso esperar para ir ao Hawaii, vou disputar a Tríplice Coroa também. Como falei, não estava pensando em título mundial, mas estar de voltar à corrida é ótimo. Estou indo pra casa agora e vou treinar, disputar o QS em minha casa para ficar preparado”, disse Medina.
Na semi, Italo encarou o convidado português Vasco Ribeiro e demorou a entrar em sintonia com as ondas, mas conseguiu dar o troco no adversário, que o derrotou na final do Mundial Pro Junior em 2014, em Portugal.
Precisando de uma nota 5.34 para virar, o brasileiro não deu mole e mandou um floater numa esquerda muito turbulenta, finalizando no inside para descolar 5.87. De backside, Italo estragou de vez a festa da torcida portuguesa com 7.50.
Já Filipe Toledo passou pelo australiano Joel Parkinson nas quartas. No início da bateria, o ubatubense achou um tubo avaliado em 7.50 logo na primeira onda para ficar em situação mais confortável.
Joel respondeu com 5.00 pontos e tentou impedir a classificação do brasileiro, mas se deu mal, apesar de Filipinho terminar o duelo com apenas 2.87 na segunda melhor nota.
“Estava muito confiante, me sentindo bem, e quando Renato (Hickel) - tour manager da WSL - veio me perguntar se queria competir eu falei vamos lá. Está muito mexido lá fora, ventando, a maré enchendo agora. Está louco, mas há alguns tubos, há algumas ondas boas, mas está difícil encontrá-las", disse Filipe. 
Questionado por Peter Mel se queria que a prova continuasse, o brasileiro não hesitou. "Sim! “Quero que continue, vamos finalizar (risos)", falou o brasileiro, esbanjando determinação.
Na semifinal, Filipe despachou o californiano Brett Simpson por 14.60 a 12.94. Depois de mandar 7.67 na melhor onda, Filipinho trabalhou para ampliar o somatório e até viu Simpson liderar a batalha, mas aplicou um golpe fatal no adversário com 6.93, deixando o norte-americano a 7.34 da vitória.
Para vencer a histórica decisão, Filipe abriu a disputa de forma arrasadora. O paulista pegou um boa direita e acertou uma batida na espuma para passar a seção. Em seguida, desferiu dois aéreos de frontside chutando a rabeta e trabalhou até o inside para levar a plateia ao delírio. Com uma nota 7.33 em outra direita, Filipe deixou Italo precisando de uma combinação de notas.
O potiguar não se abalou. Faltando cerca de 13 minutos, Italo completou um aéreo rodando de backside estratosférico, levando a galera à loucura em Peniche. Três juízes chegaram a dar 10, mas a média ficou em 9.93.
O atleta de Baía Formosa saiu da combinação e passou a buscar 7.41, deixando a disputa ainda mais emocionante.
Nos minutos finais, o bicho voltou a pegar. Filipinho acelerou numa direita, mandou um aéreo sem colocar as mãos na borda e um aéreo reverse para finalizar.
Logo atrás, Italo mandou uma boa batida de backside, rasgou e finalizou batendo na junção. Filipe trocou sua nota 7.50 por 7.83, enquanto Italo - que obteve 6.83 - não conseguiu melhorar sua pontuação.