O manto tricolor é sagrado e deve ser sempre respeitado
ZédeJesusBarrêto , da redação em Salvador |
05/10/2015 às 16:36
O respeito a camisa do Bahia é fundamental na história do tricolor
Foto: DIV
O Bahia perdeu o jogo para o Vitória ( 3x 1 na Fonte Nova com quase 38 mil nas arquibancadas) em dois tempos: nos vestiários, com Sérgio Soares sem ter compreendido ainda o significado do clássico BaxVi, e em campo, já aos 20 segundos de bola rolando, com as tolices irresponsáveis cometidas pelo avante, artilheiro, autor do gol-relâmpago e ... capitão do time, um certo Kieza, o camisa 9 dessa temporada.
Descontrolado, sem uma melequinha de juízo no cérebro, o atacante desembestou em direção à torcida, após o gol, a comemorar como se ali já estivesse o jogo decidido, a partida ganha, o título conquistado. Despiu-se do manto tricolor, atirando-o ao chão, vilipendiando o clube que defende e que o paga.
Um absurdo, revoltante. Alguém precisa dizer a esse ‘jovem’ atleta de 30 anos, que o Bahia, pela sua história e por tudo o que significa na cultura baiana, é infinitamente maior que ele, que todos os atletas da equipe juntos, e muito mais que infinitamente maior do que aquela facção de torcida (a Bamor), a qual pretendeu ele ‘homenagear’ com suas presepadas de graves consequências. Ei-las:
Além do veemente repúdio ao ato imperdoável de atiçar a camisa tricolor no chão e além da babaquice de ir ‘fazer média’, bancar de ídolo da famigerada Bamor (e os outros 90% dos torcedores?) ele, Kieza, não deveria fazer aquela festa toda, provocando a reação dos jogadores adversários, porque ainda tinham mais de 90 minutos de confronto em campo, num clássico, contra um rival histórico e com a faca nos dentes. Foi tolice, amadorismo. Fosse um atleta com consciência profissional, maduro de vera, correria a comemorar com Tiago Real, autor da jogada e do ótimo passe para o gol; e , como capitão da equipe, chamaria os companheiros e diria: “esse gol não significa nada, vamos correr e fazer mais para vencer o jogo! Vamos jogar!”
Ali, depois de ter jogado a camisa do clube no solo, uma falta de respeito inaceitável, de ter empurrado seguranças, de ter exibido a camiseta da facção de torcida que estava punida pela PM e proibida de ir uniformizada ao clássico, depois de ter se atirado nos braços da ‘galera’, antes da hora, ali o Kieza cavou sua expulsão, que viria mais cedo ou mais tarde, tal o seu desequilíbrio emocional, ao lado de Maxi a se irritar em todos os lances disputados e a reclamar acintosamente do árbitro. Os mais ‘experientes’ eram os mais nervosinhos em campo.
Pior, com sua ‘cabecinha menor’, Kieza prejudicou a si próprio, aos companheiros de equipe, ao clube que defende, os torcedores, todos, porque entregou o jogo ao adversário com sua expulsão aos 47 minutos, justa, deixou seus colegas em campo em desvantagem, os tricolores todos com os nervos em frangalhos para o segundo tempo, o treinador sem saber o que fazer e, mais ainda, comprometendo o desempenho do Bahia nos próximos jogos, com o desfalque de sua punição. E, quem sabe, dificultando muito mais ainda a classificação para a série A na competição.
Múltipla estupidez, meu caro Kieza, e você era o nosso melhor jogador em campo até ser expulso e dar aquele ‘piti’ ridículo no intervalo, partindo para tirar satisfações com o árbitro, empurrado colegas, o pessoal da comissão técnica e até o treinador, que tentavam contê-lo. Maluqueceu? Fonte Nova não é várzea.
Soares e o vestiário
O Bahia começou a perder o clássico também nos vestiários. O treinador, parece, perdeu o pulso, o controle, não consegue mais passar confiança e tranquilidade a seus comandados. E não sabe o que é um BaVi, não tem a leitura do clássico baiano, não ganhou um sequer.
Se Sergio Soares tivesse o entendimento do que é um BaVi, ainda mais nas circunstâncias de tabela do clássico de sábado, não teria escalado aquele time com Gustavo, João Paulos (2), Paulinho, Eduardo ...que nunca antes tinham experimentado o BaVi. O BaVi deve ser jogado com alma e inteligência, esperteza, malandragem (no bom sentido do jogo). A equipe do Bahia foi burra (vide Kieza), ingênua e desequilibrada emocionalmente, taticamente. Já me habituo a dizer que tem jogos em que a equipe de Sérgio Soares em campo mais parece um time de seminaristas numa pelada de férias. Enquanto os jogadores rubro-negros, bem orientados, matavam espertamente os contragolpes tricolores com faltas técnicas, na saída de bola do adversário, não temos o expediente de cavar uma falta, catimbar um pouco, valorizar a posse de bola, armar um contra-ataque surpresa, uma boa jogada ensaiada... nada!
Vou cornetar, sim: Ele teria de escalar Jaílton ao lado de Robson no clássico por formarem uma dupla de zaga mais entrosada, mais alta, mais rápida, mais briguenta, sabem já o que é o BaVi, conhecem os adversários. Gustavo em campo mais parece um ex-atleta ainda em atividade: lento, sem reflexos, sem tempo de bola. Ah ,pelo amor de Deus! Pittoni não pode ficar no banco espiando Paulinho Dias (não) jogar. A diferença técnica é imensurável. Como Souza também não deve ficar de fora da equipe, até pela sua postura, rodagem, o chute forte. O meio campo do BaVi seria Yuri, Pitoni, Tiago e Souza. Outra pegada! E digo mais, sou mais o garoto Patrik, jogado fora (?), do que o lateral João Paulo, recém chegado.
Cadê o padrão?
Soares destroçou o padrão de jogo que ele próprio plantou no primeiro semestre. E jogou ao ostracismo atletas que aprovaram bem (Pittoni, Souza, Jaílton...), alguns garotos promissores (Jacó, Gustavo, Leonardo, Mário, Patrik ...) e outros que nem sequer têm chances de jogar e mostrar o que podem (Tchô, o becão que veio da Paraíba...) etc Entendo que a insegurança e as incertezas de Sérgio Soares afetam e muito o desempenho da equipe, o clima entre os atletas, o estímulo, a vontade de jogar, o grupo.
Não jogo a toalha, mas a classificação fica a cada rodada mais difícil, até chegar ao impossível com tantos empates tolos, tantos jogos sem vencer fora de casa, quantos desempenhos sofríveis e os seis pontos entregues de bandeja ao maior rival. Dói.
Restam nove rodadas, apenas, retão final ! Cada jogo uma batalha campal decisiva, fatal. Precisamos jogá-los com o sangue nos olhos e muita inteligência, pensando estrategicamente cada partida. Será que ainda dá ?
Acorda Marcelo Sant’Ana, ou tudo o que você fez até agora de nada valerá.