A final entre Mick Fanning e Adriano de Souza pegou fogo. Além de valer o título do Hurley Pro 2015, a batalha definiria a liderança do ranking mundial depois da oitava etapa do Championship Tour.
Muitos esperavam que "Mineirinho" desse o troco no australiano, que já havia o derrotado na final em Bell’s Beach, Austrália, no início do ano. Porém, Mick voltou a estragar a festa dos brasileiros em uma final eletrizante.
Surfando com velocidade e muita precisão nas rasgadas e batidas, Fanning teve seu trabalho valorizado pelos juízes e conseguiu deter Adriano. O brasileiro até esboçou uma reação nos minutos finais, mas viu o australiano ficar com o título da etapa e a liderança do ranking.
Depois de boas condições na manhã desta sexta-feira, apesar das séries demoradas, a final teve ondas balançadas, prejudicadas pelo vento.
Mick e Adriano não esperaram muito no outside e travaram uma batalha nervosa do início ao fim. Uma nota 9.77 do australiano desequilibrou a disputa e fez o brasileiro ficar precisando de uma combinação de notas no total de 17.45 pontos.
Faltando cerca de 7 minutos, Adriano voltou para o jogo ao detonar uma direita avaliada em 9.07, passando a buscar 8.38.
A partir daí, Mick passou a administrar a prioridade e as ondas pararam de entrar em Trestles.
Pelo título, o australiano fatura US$ 100 mil e soma 10.000 pontos no ranking mundial, enquanto Adriano fica com US$ 40 mil e 8.000 pontos.
O brasileiro tinha uma pequena vantagem de 250 pontos sobre Fanning e agora viu seu rival colocar uma vantagem de 1750. O terceiro colocado é Filipe Toledo, que ultrapassou o aussie Owen Wright e está com 39.700 pontos, contra 44.700 de Mick e 42.950 de Adriano.
Trajetória do campeão
A expectativa era grande por uma final brasileira no Hurley Pro 2015, mas Mick Fanning superou Gabriel Medina na semifinal e impediu a festa verde-amarela na Califórnia.
Antes de chegar às semis, Mick passou pelo compatriota Adrian Buchan nas quartas-de-final. Sempre consistente, o aussie complicou a vida do amigo com uma nota 9.13 na melhor onda, totalizando 15.13 pontos, contra apenas 7.50 de Buchan.
Ainda pelas quartas, Filipe Toledo comandou as ações no outside e deixou o aussie Joel Parkinson precisando de uma combinação de notas no total de 16.67 pontos.
Com um surf rápido e versátil, o brazuca disparou na liderança e terminou a disputa com 7.83 e 8.83 nas duas melhores ondas, contra 5.83 e 3.07 de Parko.
Na sequência, Adriano de Souza ditou o ritmo na água e não deu mole ao compatriota Wiggolly Dantas, que não conseguiu entrar em sintonia com as ondas e perdeu por 12.67 a 8.83.
Na última bateria das quartas, Gabriel Medina e Nat Young disputaram uma onda logo no início e o norte-americano foi punido com interferência, ficando em situação muito complicada.
Medina saiu na frente com duas notas 5.67 e Nat teve a melhor nota (6.67), mas não conseguiu surfar nenhuma outra boa onda e teve sua segunda melhor nota reduzida à metade devido à interferência.
Semifinais
Na primeira semi, Adriano de Souza travou um duelo eletrizante com o compatriota Filipe Toledo, apontado como um dos principais favoritos em Trestles.
A batalha pegou fogo do início ao fim e o líder do ranking levou a melhor por uma pequena vantagem. Nos instantes finais, Filipe precisava de 7.30 para virar e arrepiou uma pequena direita, mas conseguiu 7.10 e perdeu por 15.46 a 15.27.
“Sempre sonhei em estar no pódio deste evento. Competi aqui nos últimos 10 anos. Já vi Kelly conquistar quatro ou cinco títulos deste evento. Tive uma grande influência de caras como Bede (Durbidge) e Richard Lovett. Não sou o cara favorito a vencer aqui, mas usei esses caras como exemplo. Tenho muito respeito por Filipe, ele tem apenas 20 anos, já venceu dois eventos este ano e agora estamos brigando pelo título mundial. É incrível para mim ter um amigo disputando o título mundial e estou muito orgulhoso disso", diz Adriano.
O atual líder do ranking falou também sobre a fama de estrategista nas baterias. “Provavelmente é a maior habilidade que tenho. Eu não surfo como Jordy (Smith), Dane (Reynolds), Mick (Fanning) e Parko (Joel Parkinson), como Filipe, mas eu tenho essas habilidades, a técnica, a estratégia, o jogo mental. Essa é a minha grande manobra e sempre uso isso. Muitos não gostam, mas faz parte do jogo. Estou muito feliz por estar na final, era o meu grande objetivo, com certeza", finaliza o brasileiro.
A outra semi também foi muito acirrada. Mick chegou a deixar Medina precisando de uma combinação de notas no total de 18.18 pontos, mas o brasileiro cresceu de produção e espancou uma direita para obter 8.67 e em seguida mandou dois aéreos numa esquerda avaliada em 8.87.
Apesar de todo o esforço, o atual campeão mundial não conseguiu as notas que vinha buscando e saiu da água precisando de 9.30.
Resultado
1 Mick Fanning (Aus)
2 Adriano de Souza (Bra)
3 Filipe Toledo (Bra)
3 Gabriel Medina (Bra)
5 Joel Parkinson (Aus)
5 Wiggolly Dantas (Bra)
5 Adrian Buchan (Aus)
5 Nat Young (EUA)