Um tango hermano pra ninguém botar defeito 6x1
ZédeJesusBarrêto , da redação em Salvador |
30/06/2015 às 22:54
Messi, o maestro do time
Foto: DIV
Absolutos em campo, tanto no aspecto coletivo quanto na qualidade técnica individual de sua equipe, os argentinos venceram com superioridade os bravos vizinhos paraguaios, uma elástica, gorda goleada de 6 x 1 e vão disputar o título da Copa América com o Chile, sábado à tarde, no no Estádio Nacional de Santiago, com toda moral.
Os chilenos nunca venceram a competição. Chegou a hora, é a grande chance, até porque joga em casa, a torcida enlouquecida apoiando, acreditando que é possível e o Chile está com uma equipe bem treinada pelo inquieto argentino Sampaoli, tem bons jogadores (Alexis Sanches, Vidal... ) e vem jogando bem, bonito como há muito não se via.
Os argentinos são os atuais vice-campeões do mundo, jogam pra frente como gosta seu treinador Tata Martino (ex-Barcelona) e tem Messi, ‘la pulga’, o melhor jogador da atualidade. A Argentina já venceu 14 vezes a Copa América, uma a menos do que o Uruguai, que foi eliminado pelo Chile.
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O tango hermano
Os paraguaios começaram o jogo em Concepción com toda pilha, pegada forte e velocidade. Os argentinos procurando quebrar o ímpeto, amansando a bola. A primeira chance foi do Paraguai, com Santa Cruz livre, de frente, aos 6 minutos; mas o avante pegou muito mal e a bola foi longe. A resposta veio aos 10, com um chute fraco de Pastore nas mãos do goleiro. Logo, com muito mais qualidade técnica, a Argentina impôs seu ritmo.
Aos 14’, Messi cobrou uma falta da esquerda, cruzada e rasante, a zaga não resolveu e a pelota sobrou na frente da pequena área para Rojo fazer 1 x 0. Os ‘guaranys’ sentiram o golpe. Aos 26, Messi puxou contragolpe e achou Pastore na entrada da área: o meia livrou-se da marcação frouxa e bateu seco, rasteiro: 2 x 0. Os ‘hermanos’ começaram a passear em campo, donos da bola e do campo. Mais fácil ainda parecia ter ficado o jogo após a saída do meia Gonzalez e do avante Santa Cruz, por problemas musculares. Mas, aos 42’, Lucas Barrios diminuiu com um chute forte e certeiro de fora da área aproveitando-se de uma saída de bola equivocada da defensiva azul e branco, toda aberta: 2 x 1. O Paraguai renasceu no jogo, voltou a vibrar, a acreditar que seria possível, mesmo que só na raça.
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O começo da segunda etapa mostrou que a fibra ‘guarany’ não seria suficiente para segurar o talento dos ‘hermanos’. Aos 2’, Di Maria recebeu em profundidade de Pastore e bateu rasteiro e cruzado para ampliar: 3 x 1, quebrando a guia do adversário. O Paraguai foi todo pra cima, afoito, e abriu-se atrás. Cinco minutos depois, uma grande jogada de Messi e Di Maria completou, após o rebote do goleiro: 4 x 1. Um massacre argentino nos contragolpes, os vizinhos sem ver bola, perdidos. Daí em diante foi um show em ritmo de tango, um ‘chocolate’ (ou chouriço ?) argentino, a despeito da valentia dos rivais. Aos 35’, cruzamento de Di Maria da esquerda na cabeça do artilheiro Aguero, na pequena área: 5 x 1. Ainda deu tempo para mais um, de Higuaín, que substituiu Aguero, aos 37’ : 6 x 1. A equipe argentina do meio para a frente é muito poderosa, dá gosto de ver.
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Aqui pra nós, o Brasil, derrotado pelo Paraguai, escapou de levar uma balaiada dos Hermanos. Tenho dito. Seria ainda mais humilhante, não?
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A arbitragem, rigorosa e tranquila, foi brasileira, do posudo Sandro Meira Ricci, o mesmo do barulho da partida Chile e Uruguai, quando expulsou dois jogadores e o treinador uruguaios. Contestado, a Conmebol chegou a anunciar que o brasileiro seria punido, não apitaria mais na Copa, mas ... O jogo que apitou foi limpo, a despeito da sonora goleada, sem reparos.
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Catimba favorece
A despeito de toda nossa simpatia pela equipe tricolor chilena, que tem mostrado momentos de um belo futebol, graças à ousadia do treinador argentino Sampaoli, não há como negar que os donos da casa têm se beneficiado, de vera, com as arbitragens pusilânimes, nessa Copa América. Explico e exemplifico:
O Chile só conseguiu fazer gol no Uruguai na segunda etapa, depois da contestada expulsão do avante celeste Cavani, que revidou na mão a já famosa ‘dedada’ do zagueiro Jara, que ficou no jogo até o final, rindo da proeza. Jara foi, depois, punido pela Conmebol e está fora da final, mas ... fez sua parte, contribuiu muito para a queda uruguaia.
Depois, contra o Perú, a catimba do abusado meia Vidal foi também decisiva para a expulsão do zagueiro peruano Zambrano ainda aos 19 minutos do primeiro tempo.
Recordo: aos seis minutos, numa disputa boba entre ambos, houve um empurra-empurra provocado pelo chileno que sacanamente meteu a mão na cara do peruano, a metros do árbitro que preferiu ignorar a cena e só fez uma advertência verbal aos atletas. Pelas leis do jogo, Vidal merecia ter sido expulso pois provocou e agrediu o adversário, sem bola. Zambrano, cabeça esquentada, engoliu a seco mas mostrou-se desestabilizado, na sequência: cometeu duas faltas grosseiras e foi expulso na segunda, deixando sua equipe no prejuízo. Apesar da bravura peruana, com um jogador a mais em campo o Chile se impôs, sobrou fisicamente, venceu e está na final. Os peruanos chiaram horrores.
Às vezes se ganha um jogo, um título também na manha, na malícia, dentro e fora de campo. O futebol sul-americano é pródigo em exemplos.
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Teremos mais ‘sujeira’ no sábado, na decisão? Vamos ver se, ainda usando a catimba, os chilenos vencem os argentinos, que não são nada bobos nesse mister. A pressão vai ser enorme. Dentro e fora das quatro linhas do gramado. Uma ‘responsa’ a mais nos ombros da arbitragem.
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Ah, brazzzil !!!
Oh, como eu sonhei e gostaria de estar aqui, agora, a conjecturar e comentar sobre o time brasileiro disputando a final no Chile, quiçá contra o dono da casa. Quisera! Porque caímos fora de forma vergonhosa, depois de uma das campanhas mais deploráveis de uma seleção brasileira numa competição continental. Fomos medíocres.
Estreamos com trapalhadas defensivas e conseguimos vencer de virada o Perú graças a um vislumbre de Neymar, já nos estertores da partida (o gol de Douglas Costa). Depois, veio o vexame contra a Colômbia; fomos acuados, dominados e, por fim, tivemos Neymar (que estranhamente nada jogou) descompensado, agressivo e expulso.
Daí, nos classificamos no sufoco contra a fraca Venezuela (2 x 1), com o treinador Dunga cometendo a ignomínia de escalar quatro zagueiros de área para segurar o ‘brilhante’ ataque dos vizinhos do norte, feito timinho de terceira categoria. Devia ter sido demitido nos vestiários depois daquilo, o Dunga e toda sua equipe de assessores.
Por último, tomamos uma pressão do Paraguai, fomos dominados, encurralados e perdemos na disputa por penalidades da marca da cal, pra variar. O nosso zagueiro cometeu um pênalti infantil e disse que não sentiu a mão na bola, e o treinador, atordoado, escolheu errado até os batedores de pênalti. Lamentável.
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Pergunto, para finalizar: um treinador que escala quatro zagueiros de área para ‘segurar’ os avantes ‘avassaladores’ de uma pobre Venezuela ... tem condições de dirigir uma seleção brasileira?
Foi sim uma cagada na história da camisa verde-amarela. E os jogadores não confiam nele!
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Bem, O Brasil está fora da Copa das Confederações, pela primeira vez. Nosso compromisso agora é com as Eliminatórias para a Copa 2018/Rússia, que começam em outubro próximo. Competição duríssima, bem mais difícil que essa Copa América, com viagens e pelejas no campo inimigo.
A tabela dos jogos das Eliminatórias sai em 25 de julho. Pelo que dizem, a gangue que dirige a CBF vai manter Dunga no comando. Daí, nem ‘são’ Neymar vai dar conta.