Técnico da Colômbia errou ao colocar zagueiros para bater pênaltis
ZédeJesusBarrêto , Salvador |
26/06/2015 às 22:59
Muito bom o arbitro do jogo Colômbia x Argentina
Foto: Reuters
Foi nos pênaltis e com muita emoção, até a 14ª cobrança de Tevez, que a Argentina conseguiu a classificação e é a terceira seleção na disputa das semifinais da Copa América 2015.
Caso o Brasil vença o Paraguai, nesse sábado, teremos o grande clássico Brasil x Argentina na terça-feira, em Concepcion. Os ‘Hermanos’ já conquistaram a competição 14 vezes, mas há 22 anos está na fila de espera.
O jogo em si, Argentina 0 x 0 Colômbia não foi um primor de técnica, mas sobraram garra, pegada, lances de área até o último instante. Enfim, o resultado premiou a melhor equipe em campo, os 90 minutos.
Hermanos superiores...
Só a Argentina atacou no primeiro tempo. Ocupou melhor os espaços e parecia ter jogadores a mais em campo, tal o domínio e a posse de bola (cerca de 65%). Criou algumas chances boas de marcar, numa delas proporcionando duas defesas seguidas e espetaculares do goleiro Ospina em chute de Aguero e cabeçada de Messi no rebote, a queima-roupa. Os colombianos não chegaram na área azul e branca, encurralados, e não deram um só chute em gol. Uma disputa de muitas faltas, marcação dura, reclamações de parte a parte, muita catimba dos argentinos, arbitragem mexicana complicada, quatro cartões amarelos para a equipe amarela e apenas um para Mascherano, pelos ‘hermanos’. No mais, Messi (La Pulga) muito marcado, caçado e James Rodrigues sumido, omisso. Uma equipe buscou o jogo, tentou ganhar, a outra resistiu, apenas.
... Mas o gol não saiu.
Na segunda etapa o panorama pouco mudou. Os colombianos saíram mais pro jogo, mas chegavam com poucos na frente. Os argentinos pecavam por afunilar demais, sempre buscando Aguero e Messi, azougado. Aos 21’, cabeçada de Zapata, primeira defesa do goleiro Romero. Com o passar do tempo, a necessidade de vencer de parte a parte, o jogo foi ficando mais aberto. Tevez (substituindo Aguero) e Falcão Garcia (em lugar de James), duas novas estrelas em campo, aos 30’. Aos 32’, chute de Banega, de fora, a pelota triscou o travessão de Ospina. Dois minutos depois, bola na trave! Pressão argentina, o gol colombiano parecia fechado. Aos 42’, com o goleiro vencido por Tevez, Murillo salvou em cima da linha... A Argentina foi muito melhor, mas o goleiro Ospina pegou tudo.
E a decisão da vaga foi para a marca da cal, com os chutes livres e diretos das penalidades.
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O goleiro Ospina, o zagueiro Murillo e o armador Cuadrado os melhores da Colômbia.
Mascherano, Messi e Pastori destacaram-se pelos argentinos.
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Brasil em campo
Nesse sábado, às 18h30, em Concepción, Brasil e Paraguai disputam a derradeira quarta vaga para as semifinais da Copa América. Confronto tradicionalmente duro, jogado com alma e gosto de ‘sangre’ na boca. Faz parte da história essa ‘guerra’ nos campos de bola entre nós e os vizinhos ‘guaranys’. Tomara que a decisão não se dê na cobrança de penalidades. Já nos tiraram de uma Copa América assim.
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Vamos torcer?
Torcer patrioticamente pelo Brasil está meio fora de moda. O brasileiro parece distante dessa Copa América. É como se tivesse perdido totalmente a identidade com a seleção. E não é de agora, tampouco em função da decepção na Copa do Mundo 2014, com aquelas derrotas acachapantes para Alemanha e Holanda.
Nenhuma lágrima
Vem de antes essa desilusão com a seleção. Não vi nas ruas ninguém chorando depois daquela goleada humilhante de 7 x 1, faz um ano. Como se chorou diante da derrota contra o Uruguai em 1950, como se derramou lágrimas pelo país inteiro com a derrota diante da Itália em 1982. Nada, no anos passado, a copa no Brasil, vi muito brasileiro rindo pelo canto da boca após fracasso do time de Felipão, e outros tantos a dizer bem alto : “bem feito!’
Por quê ?
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A estrangeirada
Entendo que a perda de identidade tem muito a ver com a seleção de ‘estrangeiros’ que temos escalado de uns tempos pra cá. Convocam-se, por interesses outros ou por melhor qualidade técnica, apenas jogadores que atuam nos clubes europeus, até da China, ora vejam. Quase ninguém que jogue ainda no Brasil, que defenda clubes/times pelos quais torcemos e vestimos a camisa, times que defendemos na discussão de botecos. Que identidade temos com Faustino, Douglas Costa, Fred, Fernandinho, Marquinhos, Filipe Luis, Phillipe Coutinho etc ?
A ‘indústria’ do entretenimento
Outro fator determinante para se ignorar a seleção e até combatê-la, criticá-la é a transformação do futebol num grande ‘bussiness’, um jogo de altos negócios e suspeitos negociantes. Seleção, num entendimento de muita gente, tem a ver com corrupção, com a máfia da FIFA e da CBF, com cartolas ‘safados’, sabidos e milionários, com empresários e agentes que se aproveitam da ingenuidade e do amor do povão com a bola e se armam, manipulam, faturam em cima do espetáculo da bola e da compra e venda de atletas, às vezes ainda bem jovens, quase crianças.
Alienação
Para muitos outros, sobretudo os que se acham politizados, o futebol é mais que uma alienação, seria uma enganação, uma forma de ludibriar a tal consciência da massa, do povo.
Para muitos militantes, hoje em dia, vestir-se de verde-amarelo-azul e branco, as cores da bandeira e do uniforme da seleção brasileira não seria politicamente correto, é coisa de ‘coxinhas’.
Ou seja, o futebol brasileiro, hoje, anda em desgraça perante boa parte de nossa população.
Brincadeira educativa
Embora eu entenda e defenda como jornalista, escrevinhador, ex-professor de história formado em Ciências Sociais pela UFBa e um amante da bola, desde nanico, que futebol, o jogo coletivo de bola em campo não é uma alienação jamais, mas um eficaz instrumento de educação, de aprendizado, de amadurecimento humano.
E assim deveria ser encarado por todos, inclusive pelos governantes.
A bola é um brinquedo divino.