Esporte

Caixa vazio pode prejudicar basquete brasileiro nas Olimpíadas

Entidade acumula prejuízos de mais de R$ 10 milhões
Agência Globo , Rio de Janeiro | 25/06/2015 às 18:39

A 407 dias da abertura dos Jogos Olímpicos do Rio, a 5 de agosto de 2016, a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) não sabe se suas seleções masculina e feminina estarão no megaevento em casa, nem como fará para prepará-las adequadamente. Desde que perdeu o patrocínio da Eletrobras, em 2012, a entidade acumula prejuízos de mais de R$ 10 milhões, e deve R$ 3.274.437,06 à Federação Internacional de Basquete (Fiba).

Se não saldar a dívida, as seleções verde-amarelas não terão garantidas, pela Fiba, suas vagas na Rio-2016. No masculino, o país ficou sem ir a três edições dos Jogos (Sydney-2000, Atenas-2004 e Pequim-2008), e no feminino, tem ido a todas desde Barcelona-1992.

— Hoje, a CBB não tem recursos para preparar as duas seleções adultas para o Pan de Toronto (em julho) nem para a Rio-2016. Como não temos mais o patrocínio (da estatal), os recursos vão vir do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e dos convênios com o Ministério do Esporte. Apesar de termos apresentado propostas (de convênio) ao ministério, não recebemos nada dele. Zero. Já o COB tem nos apoiado — afirmou o diretor executivo da CBB, Édio Soares.

Segundo ele, as seleções de base (cinco entre o sub-16 e o sub-19) também são afetadas:

— Para cortar custos, tivemos de reduzir a carga de treinos, porque se as seleções deixassem de competir em evento da Fiba, seríamos suspensos por dois anos.

Após ter se reunido nos dias 18 e 19, a Fiba divulgou nota determinando que a CBB apresente até 31 de julho as garantias de pagamento. Em relação às Olimpíadas, a Fiba considera que o Brasil, por sua história na modalidade, merece as vagas automáticas para a Rio-2016, desde que salde o débito. Com isso, não teria de buscá-las nos Pré-Olímpicos masculino, no México, de 31 de agosto a 12 de setembro, e feminino, no Canadá, de 9 a 16 de agosto. Segundo Soares, a dívida com a Fiba é referente ao convite para o Mundial-2014 (US$ 1 milhão), por não ter conseguido a vaga na quadra, e ao Circuito Mundial 3x3 (trincas).

— Apresentamos à Fiba a garantia real (dada por uma empresa) de pagar 10% do débito em 2015; 50% em 2016; 30% em 2017; e 10% em 2018 — explicou Soares. — Nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, vão se sentar Fiba, CBB, COB e a empresa para fechar a negociação.

crise desde 2012

Para Soares, a crise começou com a perda do patrocínio.

— No fim de 2012, quando estava terminando o contrato, a Eletrobras exerceu o direito de renovação pelos mesmos R$ 15 milhões. Não pudemos buscar outro patrocínio. Depois, ela foi reduzindo o seu apoio e não pagou a última parcela, de R$ 1,1 milhão. Com isso, em 2013, só recebemos R$ 100 mil — contou Soares, acrescentando que a CBB depende de um banco privado, da fornecedora de material esportivo e da TV.

De acordo com dados do ministério, os convênios propostos pela CBB chegam a R$ 49 milhões, incluindo R$ 14,1 milhões para a seleção masculina adulta, de maio deste ano a agosto de 2016; e R$ 8,8 milhões para a feminina adulta, em igual período. Também estão incluídas as seleções masculina e feminina sub-19, seleções femininas de base, Escola Nacional de Basquete, Copa Brasil, Supercopa, Brasileiro de seleções sub-19 e