Uma semana após Joseph Blatter anunciar sua renúncia, Zico oficializou nesta quarta-feira a possibilidade de concorrer ao cargo de presidente da Fifa. No momento, o brasileiro irá se concentrar em montar uma plataforma de propostas para enviar às federações internacionais. Mas só levará a ideia adiante caso as regras do processo eleitoral sejam mudadas.
- As formas como são feitas as indicações hoje em dia são um prenúncio à corrupção. A pessoa para se candidatar precisa do apoio de cinco federações. E a troca de favores já começa a partir daí. Só vou seguir adiante com a minha possível candidatura caso essa regra não exista mais - disse Zico, em entrevista coletiva no CFZ para dar mais detalhes sobre a ideia de ser presidente da Fifa. - Tenho 62 anos, e vi apenas dois presidentes da Fifa: o João Havelange e o Blatter. Será que só tem essas duas pessoas no mundo para comandar o futebol?
Zico deixou claro que seu objetivo ao tentar candidatura é de que as pessoas que fazem o futebol - seja ex-jogador, técnico, médico, etc - tenham um maior poder de influência dentro da Fifa. Até o momento, Zico tem apenas duas propostas caso chegue ao cargo: a de eliminar essa necessidade de apoio de cinco federações e a de estabelecer o limite de apenas uma reeleição.
A ideia de se candidatar à presidência surgiu na última semana enquanto Zico estava na Alemanha para comentar a final da Champions League. Ele revelou que estava conversando em um jantar em família sobre a possibilidade de apoiar Figo na candidatura. Daí surgiu a ideia de “por quê não se candidatar também”, conforme o próprio Zico confessou.
- Tenho experiência e uma carreira limpa no futebol. Tenho total capacidade de ser presidente - disse Zico.
Após a decisão, Zico chegou a conversar com Michel Platini sobre sua possível candidatura. O ex-craque francês e presidente da Uefa aconselhou Zico a tentar primeiro chegar à presidência da Confederação Brasileira de Futebol. Mas ele ouviu do brasileiro que seria mais fácil ter sucesso na Fifa. Para se candidatar, é preciso ter o apoio de cinco federações estaduais e três clubes.
- A CBF tem um colegiado muito pequeno. Seria muito difícil, impossível - disse Zico, lamentando a falta de manifestações do grande clubes sobre as denúncias que rondam a entidade que está com o vice-presidente José Maria Marin preso e o ex-presidente Ricardo Teixeira indiciado. - É triste ver os grandes clubes quietos. Isso pode indicar o quanto eles estão comprometidos sobre esse sistema.
Sobre a possível renúncia de Del Nero, Zico acha que o presidente da CBF não deve deixar o cargo já que ainda não existem suspeitas. Mas o ex-craque afirmou que é muito difícil de acreditar que Del Nero não sabia das negociações de Marin.
- Não conheço Del Nero. Tive com ele poucas vezes. Ele e Marin estão sempre juntos. Sempre estiveram juntos depois da saída do Ricardo Teixeira. Então, acho difícil ele não saber o que estava acontecendo. Posso estar cometendo um equívoco, mas acho que essa amizade não se dilacero no momento em que o Marin foi preso - disse Zico.