É oficial. Zico fala como candidato à presidência da Fifa. Evita falar em planos imediatos sobre a campanha, mas deixa claro o que o motiva a levar adiante a ideia, surgida na noite de terça-feira, enquanto jantava com a esposa, em Berlim. Para o ex-craque, o escândalo de corrupção que levou à prisão de dirigentes e à renúncia de Joseph Blatter obrigará uma revisão de métodos no processo eleitoral da Fifa. E, assim, abrir caminho para quem, como ele, viveu o futebol por praticamente toda a vida.
- Sempre fui cobrado por criticar muito a CBF e nunca me candidatar. Mas não havia a possibilidade. O colégio eleitoral é fechado, associado ao poder que está lá. Na Fifa é um colégio eleitoral mais amplo, mas sempre rolou muita verba. Agora, diante de tudo o que aconteceu, estas práticas serão inibidas. Virá uma nova mentalidade. E não falo só de de ex-jogador. Falo de ex-técnico, ex-médico, muita gente que trabalhou sempre pelo futebol - disse Zico. - Então, estou me candidatando. Agora, vamos aguardar como as coisas vão acontecer. Mas você vê as manifestações de apoio, a repercussão. E aí a ideia vai avançando.
Zico não pretende, de imediato, sair mundo afora em campanha e em busca de apoios. Segundo ele, o momento é de aguardar como as regras para a eleição serão definidas. Pelo sistema atual, é preciso ter apoio de cinco federações nacionais. O ex-craque tem duas certezas: não fará uma campanha cara e não terá o apoio da CBF. Ao menos da CBF atual.
- Não acredito. Pela total falta de diálogo que a entidade hoje tem comigo - afirmou, sem querer se posicionar ao ser perguntado se acredita que Marco Polo del Nero deveria renunciar. - Não conheço a fundo para falar. Mas o momento de mudança é agora. Mudança de mentalidade. Se puder começar pelo Brasil, ótimo. Não pode a gente ter, de dois ex-presidentes da CBF, um preso e outro investigado. E o atual numa interrogação. Com o nome do futebol brasileiro sendo manchado desta forma.
Quanto à campanha, disse que irá até onde suas possibilidades permitirem.
- Vamos esperar as regras do jogo e saber o que é preciso fazer. Mas quero mostrar às pessoas o que tenho a dar. Se eu só puder mandar carta, porque a verba só permitir isso, será feito. Pode ser até mensagem de whatsapp. Por exemplo, dirigentes de Grécia, Turquia, Uzbequistão, onde trabalhei, me conhecem - diz Zico.
Ele usa a sua trajetória no futebol para argumentar por que se sente preparado para o cargo.
- Eu fui praticamente um ministro do Esporte. Participei de uma campanha para o Brasil sediar uma Copa do Mundo (em 2006). Eu me sinto preparado. Trabalhei em vários continentes. Tenho grande experiência. Estamos é diante de uma grande oportunidade para o futebol - afirmou.
Amigo pessoal de Platini, Zico vê no francês um dirigente que "merece os parabéns pelo trabalho na Uefa". Para o agora candidato, a Liga dos Campeões é um exemplo que deveria ser seguido pelos dirigentes sul-americanos. Platini é visto como candidato em potencial para a presidência da Fifa. Inicialmente, a ideia de Zico é que as duas candidaturas, caso se concretizem, corram em paralelo. No entanto, não descarta unir-se ao francês que, por ser presidente da entidade continental mais importante do mundo, tem maior grau de articulação política.
- Ainda não conversei com o Platini, mas frequentemente nos encontramos, ele já foi em minha casa, é um amigo. Quando falamos, ultimamente, é para eu lhe parabenizar pelo trabalho na Uefa. Mas, sem dúvida, na vida tudo pode acontecer (a união com Platini). Queremos o bem do futebol. Quero a forma de condução da Uefa levada para a Fifa. Vou estar sempre do lado de quem faz o bem. Ele seria também uma ótima opção para o futebol mundial - disse Zico.