A investigação do Departamento de Justiça dos EUA que levou à prisão de José Maria Marin e outros dez dirigentes de alto escalão da Fifa nesta quarta-feira, na Suíça, não conveceu a todos. O governo da Rússia se manifestou com desconfiança em relação às intenções dos órgãos de inteligência norte-americanos. Kirill Kabanov, membro do Conselho Presidencial de Direitos Humanos e Sociedade Civil na admnistração do presidente Vladimir Putin, acredita que o governo dos EUA quer jogar dúvidas sobre a legimitidade da realização da Copa do Mundo de 2018 em território russo.
— Claramente, há forças na América que desejam transformar qualquer coisa positiva que nós temos em um novo canal de confronto. Mesmo que houvesse subornos na Fifa, por que os americanos só trouxeram isso à tona agora, logo depois das demandas do Senado dos EUA para revogar o direito da Rússia de sediar a Copa do Mundo? — questionou Kabanov, em entrevista à revista norte-americana Time.
No início de abril deste ano, 13 senadores dos EUA enviaram uma carta a Joseph Blatter, presidente da Fifa, pedindo que a Copa do Mundo de 2018 fosse movida para outro país. Há cerca de um mês, durante encontro com o presidente russo Vladimir Putin em Sochi, Blatter comentou que os políticos insatisfeitos com o país-sede de 2018 podem “ficar em casa, e na Rússia nós faremos a maior Copa do Mundo da história”.
A investigação norte-americana tem suas origens em 2013, após o antigo membro do comitê executivo da Fifa Chuck Blazer se declarar culpado em acusações de corrupção. Um ano antes, a Concacaf, cuja sede fica em Miami, reconheceu longa sonegação fiscal ao governo norte-americano. Conhecido como “Senhor 10%”, por um suposto contrato que lhe destinava recursos da Concacaf, Blazer passou a trabalhar como informante das autoridades dos EUA.
Em 2010, os EUA concorreram ao posto de sede da Copa do Mundo de 2022, mas acabaram derrotados pelo Qatar. A vitória do país asiático levantou suspeitas de pagamento de propina aos executivos da Fifa. O mesmo comitê anunciou naquela ocasião a vitória da Rússia como sede da Copa de 2018.