O envolvimento do Brasil no escândalo da Fifa não deve se limitar à prisão de José Maria Marin. Nota divulgada pelo Departamento de Justiça americano, após as prisões, cita a CBF em suposto suborno pago em negocialção da entidade com “uma grande marca esportiva americana” — que, no caso, seria a Nike, fornecedora da seleção brasileira desde os anos 1990.
A nota fala em um “esquema de pagamento de propinas” relacionado a contratos de marketing e transmissão de jogos da Copa do Brasil. José Hawilla, dono do grupo Traffic, estaria envolvido nesses pagamentos, segundo o Departamento de Justiça americano. Hawilla já intermediou contratos da CBF e negociou acordos de direitos de TV da Copa Libertadores e da Copa América. Ele já teria admitido sua culpa e iniciado tratativas para reduzir sua possível pena.
O comunicado do Departamento de Justiça dos Estados Unidos afirma que, desde 1991, teriam sido pagos mais de US$ 150 milhões (R$ 470 milhões) em propinas. O suborno seria pago por empresas a dirigentes em troca de contratos de marketing e direitos de TV de competições esportivas organizadas pela Fifa e entidades a ela ligadas.
Entre esses torneios, diz a nota, estão a Copa Libertadores, a Copa América, as eliminatórias da Copa do Mundo da Concacaf e a Copa do Brasil. “Outros supostos esquemas relacionados ao pagamento e recepção de propina estão em conexão com o patrocínio da CBF por uma grande empresa de material esportivo dos EUA”, reitera o Departamento de Justiça americano, sem citar nominalmente a Nike.
Diz a nota do Departamento de Justiça: “Duas gerações de dirigentes de futebol abusaram de suas posições de confiança para ganho pessoal, frequentemente através de aliança com executivos de marketing inescrupulosos que barraram concorrentes e mantiveram contratos lucrativos para si mesmos através do pagamento sistemático de propinas. Os dirigentes são acusados de conspiração para solicitar e receber mais de US$ 150 milhões (cerca de R$ 400 milhões) em subornos em troca do apoio oficial dos executivos de marketing que concordaram com pagamentos ilegais.”
Os dirigentes presos nesta quarta-feira estavam no Hotel Bar Au Lac, onde ocorre o Congresso da Fifa que deve reeleger Joseph Blatter nesta sexta-feira para seu quinto mandato à frente da entidade.