O Fluminense precisou de pouco mais de 12 horas para escolher o novo técnico: Enderson Moreira, um velho conhecido nas Laranjeiras, que voltou ao clube ontem após quase quatro anos. A rápida negociação com o treinador, que estava desempregado, foi facilitada pela recente ligação com o tricolor. No fim da noite de quarta-feira, os dirigentes entraram em contato com Enderson, que tem como empresário e assessor de imprensa Francis Mello, o mesmo de Fred, Gérson e Vinícius.
Horas após o sim, Enderson já estava nas Laranjeiras, onde comandou, à tarde, o primeiro treino. E foi categórico ao afirmar que sua escolha não se deu pelos laços de amizade no clube.
— Estava no interior de Minas Gerais e, quando voltei a Belo Horizonte, me ligaram. Já passava das 22h. Foi tudo bem rápido e uma maratona para chegar hoje (ontem) aqui e já comandar o treino. Essa relação com o Francis foi posterior à minha passagem aqui. Conheço os dirigentes daqui antes dele. Venho fazendo um trabalho nos últimos anos, tenho três títulos, um da Série B (Goiás), que é muito difícil, fui a duas semifinais de Copa do Brasil. Não estou aqui por ser amigo do fulano. Já estive desempregado em outros momentos, e o Fluminense não achou que era o momento de me contratar — afirmou o treinador, cuja parceria com Francis começou no Goiás, em 2011.
Bem recebido pelos amigos antigos e os novos comandados, Enderson também recusa algumas impressões deixadas na carreira. Como a conturbada saída do Santos, que estava invicto no Paulista, e que teria sido ocasionada, entre outras coisas, por problemas com os jogadores mais jovens. Numa equipe que conta com promessas como Gérson, Kenedy e Robert, o treinador garante que todos são tratados da mesma forma.
— Minha relação com os os atletas é sempre da melhor forma possível. Sempre busquei o crescimentos dos mais jovens, trabalhei anos nas categorias de base, subi muitos atletas. Sempre tive muito cuidado e atenção para que esses atletas possam surgir de maneira tranquila e natural. No Santos, foi uma situação específica, não tenho questão relacionada com a idade. Eu me baseio apenas na qualidade técnica do momento. Não estou preocupado se tem 16 ou 34 anos, só quero saber se pode agregar ao time. Não tenho essa coisa de menino ou mais experiente. Muita coisa que foi questionada no Santos só foi confirmada com a minha saída. Foi campeão paulista com a mesma formação que eu usava — defendeu-se.
Enderson deixa as polêmicas de lado e se concentra na próxima missão. Desta vez, espera, sem tempo determinado. Em 2011, o treinador fez o papel de interino após a saída de Muricy Ramalho, enquanto Abel Braga não chegava para comandar o tricolor. Agora, ele terá pelo menos até o fim do ano, conforme contrato assinado com o clube ontem, nas Laranjeiras.
— É uma felicidade retornar ao Fluminense. Naquela ocasião, tudo aconteceu de maneira muito rápida, não era planejado. Tinha muita certeza do que poderia fazer no meu período de interino, mas havia data definida para sair. Pelo trabalho feito e os amigos que deixei aqui, tinha muita certeza de que um dia voltaria — disse Enderson, ressaltando o principal momento daquela curta passagem de 12 jogos. — Ainda tenho o jogo com o Argentino Juniors como o maior da minha vida (o tricolor bateu a equipe argentina por 4 a 2, com gol de Fred, de pênalti, no fim, e se classificou para as oitavas de final da Libertadores de 2011).
Em campo, ele mostrou que não tem medo do novo. No primeiro treino sob seu comando, a equipe fez trabalho técnico e o esboço do seu time foi a campo. O treinador fez algumas mudanças, como a volta de Wagner ao meio-campo e a saída de Pierre. Talvez seja a equipe que enfrentará o Corinthians, domingo, no Maracanã.
A estrutura do time foi mais ou menos mantida. Apenas Fred no ataque, com Vinícius e Gérson fazendo companhia a Wagner no trio de meias. Na lateral esquerda, outra modificação, mas por questões físicas. Renato treinou no lugar de Giovanni, que fez trabalho à parte por causa de dores na coxa direita. Porém, não chega a ser preocupação. O time que iniciou o treinamento foi formado por Diego Cavalieri, Wellington Silva, Gum, Antônio Carlos e Renato; Edson, Jean, Gérson, Wagner e Vinícius; Fred.
Qualquer que seja o time escolhido, o trabalho é fazer uma equipe competitiva, que possa brigar na parte de cima da tabela do Brasileiro.
— Sou competitivo. Não viria se o Fluminense não pudesse brigar no mínimo por vaga na Libertadores. O Fluminense não entra em competição nenhuma para ser mero participante — declarou.
Ontem, a diretoria anunciou outro mineiro para o time. O lateral-esquerdo Breno Lopes, que já havia sido confirmado pelos dirigentes há quase duas semanas, finalmente acertou com o tricolor.
A demora no anúncio do jogador de 24 anos, que estava sem chances no Cruzeiro, foi por problemas médicos. Exames iniciais no clube constataram anomalia cardíaca no lateral. Após se consultar com outros médicos, fora das Laranjeiras, ficou provado que não há nada que impeça o jovem de jogar futebol. Ele assinou até o fim do ano por empréstimo, e o Fluminense tem a opção de compra do atleta.