O presidente do Fluminense, Peter Siemsen, desabafou nesta terça-feira nas redes sociais. O dirigente reclamou mais uma vez da Federação de Futebol do Rio de Janeiro, agora por levar o clássico entre Botafogo x Flu, pela semifinal do Carioca, para o Engenhão sem consultar o tricolor.
“O que mais chama a atenção é que no caso da transferência do jogo contra o Vasco para o Engenhão, a Ferj alegou que não existe mando em clássico e que ela coloca o jogo onde bem entender. Agora, no jogo com o Botafogo, ela entende que tem mando e, por isso, não precisa consultar o Fluminense. São dois casos claros de casuísmo para atender seus ‘aliados’” - criticou Siemsen.
“Não vão nos calar! Se alguém quer melhor exemplo de bagunça, falta de transparência e desrespeito ao torcedor, é só acompanhar a gestão da Ferj. Todo mundo sabe que um evento, uma empresa, um trabalho de sucesso depende de talento, suor e, principalmente, de planejamento. As mudanças contínuas de locais de jogo, de regras da competição, de interpretação... Ora não existe mandante, depois, quando interessa, passa a existir... Ora é aplicado um cálculo no borderô, depois é modificado. Os números nunca batem. As atas das reuniões nunca estão disponíveis. A ausência de transparência é total. A famigerada “lei da mordaça”. A mudança de critérios para interpretar cada caso ao bel prazer da Federacão e beneficiar ‘seus aliados’ em detrimento de outras associações já virou praxe, trazendo na lembrança do carioca uma fase muito triste do Brasil, a ditadura. Utilizando frases, bravatas e retóricas para tentar esconder o que o público já sabe.
A Federação é administrada como se pertencesse ao presidente da entidade e seu grupo de apoio, usando todos os subterfúgios de regras mal escritas, coação econômica e toda a prática clientelista possível. Além, é claro, de enorme voracidade arrecadadora da entidade, criando uma Federação rica e um campeonato com constantes prejuízos nos jogos, bem como com um grande número de clubes enfraquecidos economicamente. Tudo isso visa esconder um presidente incapaz de apresentar conhecimento técnico ou solução de qualidade para aquele que já foi o mais importante Campeonato Estadual do Brasil, perpetuado no poder com uma prática em que a soma das ligas amadoras com os times da Série C do Estadual são maioria no colégio eleitoral.
O ódio que o presidente da Federação nutre pelo nosso clube só nos enche de orgulho por não participar de um esquema de benefícios para os aliados. O Flu quer mudar, quer transparência, quer democracia de verdade, quer ter liberdade de expressão e não vai abaixar a cabeça. Se necessário, vai levar esta luta, com todos os obstáculos impostos pela ditadura da Federação, até que o Carioca possa se livrar dessa vergonha e venha a ter uma Ferj moderna, séria e governada por pessoas de alta qualidade, como merece a Cidade Maravilhosa.
Nós não nos importamos em jogar no Engenhão. Aliás, estádio de grande valor em nossa história, no qual ganhamos dois títulos brasileiros, deixando definitivamente a nossa marca e onde nos sentimos em casa. O que nos importamos é com as constantes mudanças para beneficiar os ‘aliados’ do momento em detrimento a outros. Só neste Estadual, já enfrentamos a “lei da mordaça”, a tentativa de intervenção no lado da torcida no estádio, a tentativa de mudar a fórmula da operação comercial do Maracanã, a tentativa de criação da meia-entrada universal, o fim dos benefícios do sócio-torcedor e por aí vai.
No caso do Fluminense, tivemos a transferência do jogo contra o Friburguense para Volta Redonda, a transferência do jogo contra o Vasco para um Engenhão em obras e, finalmente, agora a transferência do jogo contra o Botafogo para o Engenhão que segue em obras, com capacidade reduzida, colocando em risco público e espetáculo, quando o Maracanã está em perfeitas condições de uso. O que mais chama a atenção é que no caso da transferência do jogo contra o Vasco para o Engenhão, a Ferj alegou que não existe mando em clássico e que ela coloca o jogo onde bem entender. Agora, no jogo com o Botafogo, ela entende que tem mando e, por isso, não precisa consultar o Fluminense. São dois casos claros de casuísmo para atender seus ‘aliados’. Por fim, vale lembrar das denúncias e inquéritos sobre declarações críticas ao campeonato e/ou a gestão da Federação por pessoas que representam Fluminense e Flamengo, enquanto o presidente, que hoje envergonha a instituição fundada pelo Fluminense há mais de 100 anos, fala palavrões em arbitrais, xinga dirigentes, dá declarações desrespeitosas e nenhuma denúncia ou inquérito a ele são sequer mencionados.
Ainda é importante lembrar que o Fluminense deu entrada no pedido de certificação de clube formador previsto na Lei Pelé há mais de um ano e meio na Ferj. Esta, simplesmente, engavetou o processo para prejudicar o clube, tendo em vista que todos os requisitos estavam ali atendidos. O Fluminense não se abateu com as dificuldades criadas pela Ferj e requereu à CBF que avocasse para si a vistoria e a elaboração do parecer. Em menos de dois meses recebemos da CBF a Certidão de Clube Formador.
Como tudo isso não tem limite, esta semana estamos novamente diante de um caso gravíssimo. Não bastasse a expulsão do nosso atleta Fred para impedir que ele jogasse contra o Madureira (aliado), o julgamento da injusta expulsão e das declarações dadas pelo atleta na saída de campo será amanhã, enquanto atletas de CRVG e CRF, expulsos anteriormente, tiveram seus julgamentos adiados. Será que mais uma vez está trabalhando para tirar o nosso craque do jogo de sábado?
Mais uma vez, o Flu vai enfrentar muito mais do que um jogo, mas todo um sistema construído ao longo de muitos anos para favorecer os aliados, perpetuar o poder e prejudicar aqueles que têm opiniões diferentes e que possam representar um sopro de mudança. Não serão as dificuldades impostas que vão nos desanimar. Pelo contrário. Só nos trazem a certeza de que se trata de um caminho sem volta. O futebol carioca precisa de coragem, seriedade e modernidade. Esta luta não tem data para acabar. Vamos seguir jogando e lutando para mudar o futebol brasileiro.
O Fluminense sabe que para esta situação ser modificada vai exigir não somente o questionamento público dos desmandos, mas a tomada de medidas judiciais que venham a limitar o nível de intervenção e de desequilíbrio causados pela Federação, além da compensação dos prejuízos.
Peter Eduardo Siemsen,
Presidente do Fluminense Football Club