Por enquanto, está só no papel. Ou na cabeça do técnico. Dois meses depois de iniciada a temporada, com o Campeonato Carioca já entrando na fase decisiva, Vanderlei Luxemburgo ainda não conseguiu ter todo o elenco do Flamengo à disposição para escalar o time que considera ideal. Acostumado aos contratempos do futebol, o experiente treinador, de 62 anos, viveu uma situação inusitada esta semana: entre suspensos, vetados e convocados, perdeu oito jogadores para o jogo contra o Bangu. Tudo isso em um elenco já reduzido pela saída de Léo Moura para os Estados Unidos e as recentes lesões do zagueiro Samir, que interessa ao Udinese, da Itália, e do atacante Nixon, que só voltará a campo no Brasileiro.
Enquanto espera pelo dia em que poderá, enfim, escalar quem quiser, Luxemburgo se mostra resignado e diz que dificuldades como essa são previstas no planejamento.
— O treinador tem de estar preparado para viver essa situação. Quando reduzimos o elenco no início do ano, com um grupo mais enxuto, com mais versatilidade, foi exatamente pensando nessas horas — comentou o técnico, que pode ganhar um reforço nas próximas semanas, já que o Flamengo negocia com o Udinese a contratação do lateral-esquerdo colombiano Armero.
O time idealizado por Luxemburgo na pré-temporada, em Atibaia, tinha Eduardo da Silva improvisado no meio-campo, Gabriel e Éverton abertos pelas pontas e Marcelo Cirino mais centralizado, aposta de Luxemburgo para o principal reforço do clube em 2015. O quarteto só começou jogando no primeiro amistoso do ano, o 0 a 0 contra o Shakhtar Donetsk. Desde então, seja por lesões, suspensões ou queda de rendimento de alguns jogadores, Luxemburgo tem precisado mudar a equipe quase a cada jogo.
A ciranda maior tem sido no ataque. No início, Luxemburgo não podia contar com Gabriel e Eduardo da Silva, lesionados. Os dois só estrearam no Carioca contra a Cabofriense, na quarta rodada. Àquela altura, Arthur Maia e Nixon já haviam conquistado suas vagas no time. Mas logo os dois estariam entregues ao departamento médico. Em meio aos desfalques Luxemburgo adotou um esquema com três volantes, no empate com o Madureira, na sexta rodada. Neste jogo, perdeu Éverton, que ficou seis jogos oficiais fora, retornando apenas no clássico contra o Vasco.
Para compensar, Luxemburgo ganhou de volta o atacante Paulinho, após quase sete meses se recuperando de uma cirurgia no joelho. O atacante retornou justamente no amistoso contra o Nacional, no início de março, que marcou a despedida do capitão Léo Moura. Paulinho e Éverton, dois dos destaques do elenco, só conseguiram jogar juntos uma vez, no último domingo, ambos entrando no segundo tempo contra o Vasco.
Quem soube aproveitar os sucessivos desfalques no ataque foi o experiente Alecsandro, único centroavante de ofício no elenco. Titular em cinco dos últimos sete jogos oficiais, atuando ao lado de Marcelo Cirino, contribuiu para vitórias importantes, como no clássico contra o Vasco, quando fez os dois gols da vitória por 2 a 1. Mas não foi suficiente para convencer Luxemburgo a lançá-lo ao lado do camisa 7. Quando tiver todos os jogadores à disposição, o técnico pretende escalar Cirino novamente no comando do ataque.
— A gente conta com o Alecsandro, ora vai jogar, ora não vai, mas minha preferência é pelo Cirino jogando por dentro. Isso é uma coisa que eu já falei para o Alecsandro, ele sabe que vai ser usado quando for necessário. Alecsandro é um jogador importante, que faz gols. Temos o Marcelo, o Paulinho, e isso é bom, um time tem que ter jogadores que façam gols, não apenas um — observou.
A nova aposta de Luxemburgo é o argentino Lucas Mugni, que não convenceu como organizador do meio-campo e já vem treinando mais recuado para disputar posição como volantes.
— Mugni vem de um time pequeno da Argentina (Colón), e de repente foi colocado para jogar com a 10 do Flamengo. Ele tem treinado bem de volante, às vezes dois, três passinhos para trás podem fazer muito bem para a carreira dele.