No que depender da disposição do prefeito do Rio, Eduardo Paes, vai se tornar uma grande frustração a reivindicação da comunidade do remo carioca, de construir um CT para a seleção brasileira no terreno abandonado onde antes funcionava uma academia de ginástica, atrás do Estádio de Remo da Lagoa. A ideia da Federação de Remo do Estado do Rio de Janeiro (Frerj) é a de que o futuro CT tenha o nome de Fabiana Beltrame, campeã mundial de single skiff, em 2011.
Indagado sobre a proposta apresentada na regata do Estadual de Remo, no último domingo, na Lagoa, Paes deu sua resposta.
— Vou colocar a questão em debate. Se devo abrir aquela área para um parque para a população usar ou para os escritórios do remo — declarou o prefeito, em visita à redação do GLOBO nesta quarta-feira.
No último domingo, durante a abertura do Estadual, o presidente da Frerj, Paulo Carvalho, havia discursado no sistema de som do estádio, solicitando à prefeitura a concessão do terreno para a construção do CT, antiga reivindicação de atletas e treinadores de remo, para que a seleção brasileira tenha onde se reunir e treinar visando às grandes competições internacionais. O CT seria um legado após os Jogos de 2016. Na semana passada, o governo do Estado anunciou que irá investir R$ 14 milhões para adequar o estádio às exigências dos Jogos.
Surpresa com a homenagem proposta pela Frerj, Fabiana Beltrame explicou o quanto um centro de treinamento seria importante para este esporte que já foi o mais popular da cidade no fim do século 19 e deu origem aos clubes Botafogo, Flamengo e Vasco. Na Alemanha, por exemplo, há sete CTs nacionais de remo.
— O CT é fundamental. Hoje a seleção brasileira não tem um lugar para se reunir, para treinar, para ficar alojada. Por mais que tenhamos técnicos diferentes nosnossos clubes, quando estamos na seleção somos uma equipe. As principais potências esportivas têm CTs de remo, e lá os atletas só se preocupam em treinar — declarou Fabiana.
A remadora havia dito durante a semana que não acredita nas promessas de reforma do local.
— Sou como São Tomé. Só acredito vendo. Tanta gente passou por aqui prometendo 1001 coisas, e depois do Pan, nada ficou. O que ficar (após 2016) tem de ser mantido.
Presentes à regata de domingo, os presidentes do Vasco, Eurico Miranda, e do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, deram apoio à ideia do CT, embora o dirigente rubro-negro considere que esta instalação deva receber o nome de Buck (Guilherme Augusto do Eirado Silva, treinador histórico do Flamengo).
Já a arena multiuso do Flamengo, na sede da Gávea, no terreno que era ocupado por um posto de gasolina, tem o aval de Paes. De acordo com o presidente Bandeira de Mello, o projeto já foi aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), faltando apenas o aval da Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio (Cet-Rio).
— Já dei meu OK à arena do Flamengo. Fui a favor, e vai ter, com certeza. O Eurico (Miranda, presidente do Vasco) foi contra e eu quase perdi a minha carteirinha de sócio do Vasco... — brincou o prefeito.