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Ag Globo , RJ |
08/03/2015 às 09:58
Senna e Prost são mais do que dois nomes de família. Mas dois dos verbetes mais importantes da história não apenas da Fórmula-1, mas do automobilismo mundial. Honrando esses sobrenomes, Ayrton Senna, tricampeão mundial de F-1 em 1988, 1990 e 1991, e Alain Prost, tetra em 1985, 1986, 1989 e 1993, são lembrados até hoje como dois dos maiores pilotos e dos maiores rivais nas pistas em todos os tempos. Na temporada de 2015 da Stock Car, mais de 20 anos após os duelos entre Ayrton e Alain, nas décadas de 80 e 90, Bruno Senna, sobrinho do astro brasileiro, e Nicolas Prost, filho do Professor francês, serão companheiros de equipe na abertura da categoria, em Goiânia, no próximo dia 22.
De acordo com o regulamento da Stock Car, na prova inaugural cada piloto tem direito a convidar um outro piloto com quem divide a direção. Assim, Bruno Senna fará dupla com Antonio Pizzonia e Nicolas Prost, com Júlio Campos, na escuderia Prati-Donaduzzi. A última vez em que Ayrton Senna e Alain Prost foram companheiros de equipe, usando o mesmo macacão, como irá ocorrer agora com Bruno e Nicolas, foi em 1989, pela McLaren.
— Será muito legal ser companheiro do Nico. Também será interessante comparar as diferenças de pilotagem na telemetria. Vai lembrar de certa forma as lutas entre o Ayrton e o Alain, que sempre travaram grandes duelos. Espero que seja assim também com a gente, mas que estejamos brigando pela vitória junto com o Pizzonia e o Campos — declarou Bruno, de 31 anos, que disputou a Corrida do Milhão de 2013 e a primeira etapa do ano passado também ao lado de Pizzonia na Prati-Donaduzzi.
Para Nicolas, que mora em Genebra, participar de uma prova no automobilismo brasileiro será uma experiência interessante. Ele disse saber o que está à sua espera na capital de Goiás. De qualquer forma, os pilotos convidados terão um treino exclusivo na quinta-feira da semana da prova no circuito goiano.
— Acompanho a Stock Car e sei que a categoria é competitiva, com os carros andando muito próximos. Há grandes pilotos no grid, como o Rubens Barrichello. Fui parceiro do Sérgio Jimenez na Fórmula 3 em 2006 e recordo que tivemos disputas legais. Mas há outros nomes fortes como Lucas di Grassi, Nelsinho Piquet, Jacques Villeneuve... O que me dá confiança é saber que estarei numa equipe forte e com um piloto muito bom ao lado, como é o caso do Júlio Campos — elogiou Nicolas.
Aos 33 anos, o francês foi convidado pela escuderia em dezembro durante a etapa de Punta del Este da Fórmula E:
— Será uma experiência muito legal. Nos conhecemos já há algum tempo e nos damos bem. Confesso que ainda fico arrepiado quando estou no pit lane e vejo o capacete dele. Me faz lembrar as disputas entre meu pai e o Ayrton. Muita gente me pergunta disso, mas o que gosto de lembrar é que no final eles se tornaram bons amigos, embora não seja fácil ser amigo de alguém com quem você briga nas pistas por mais de dez anos.
Ambos os sobrenomes transbordam de história. Ayrton Senna morreu em trágico acidente no GP de San Marino, em Ímola, a 1 de maio de 1994, em pleno ato de correr, quando liderava a prova e bateu na Curva Tamburello. Sua morte, sem exageros, parou o Brasil. Na vitoriosa carreira na F-1, correu pela Toleman, em 1984; Lotus, de 1985 a 1987; McLaren, entre 1988 e 1993, e Williams, apenas em 1994. Alain Prost, por sua vez, inciou sua trajetória na categoria mais importante do automobilismo mundial em 1980, pela McLaren. No ano seguinte, foi para a Renault, lá permanecendo até 1983. Em 1984, chegou à McLaren, onde ficou até 1989. Em 1990 e 1991, competiu pela Ferrari, ficou de fora em 1992 e encerrou a carreira na Williams, em 1993. Ele e Senna travaram duelos históricos como parceiros e rivais em 1988 e 1989, quando ambos eram da McLaren, e depois disso, em 1990 e 1991, com Prost pela Ferrari e Senna pela McLaren. Em 1993, Senna continuava na McLaren, e Prost era da Williams.
Senna, tricampeão, e Prost, tetra, encerraram uma tumultuada relação no GP da Austrália, última etapa da Fórmula 1 de 1989. Os herdeiros, no entanto, não levaram a rivalidade adiante e se consideram amigos. Bruno e Nicolas correram juntos nas 24 Horas de Le Mans e outras corridas do Mundial de Endurance. Atualmente são adversários na Fórmula E, o Campeonato Mundial de Carros Elétricos. Como parceiros no mesmo time e vestindo macacões iguais, a exemplo do tio e do pai, será a primeira vez. Os dois participarão da etapa da Fórmula E em Miami no dia 14 e viajarão juntos para São Paulo, onde chegarão no dia 16.
Categoria mais importante do automobilismo do Brasil, a Stock Car terá, além da etapa de abertura, a 22 de março, as seguintes corridas: 5 de abril, Ribeirão Preto; 26 de abril, Velopark; 31 de maio, Curitiba; 2 de agosto, Salvador; 16 de agosto, Goiânia;30 de agosto, Cascavel; 13 de setembro, Brasília; 4 de outubro, Santa Cruz do Sul; 18 de outubro, Curitiba; 8 de novembro, Tarumã; 13 de dezembro, Interlagos.