As lágrimas vão rolar hoje no Maracanã. Depois de dez temporadas e 518 partidas com a camisa rubro-negra, Leonardo da Silva Moura, o Léo Moura, dá adeus ao Flamengo. E será em grande estilo, com festa no Maracanã. O adversário é o tradicional Nacional, do Uruguai, mas o importante mesmo não é o jogo, e sim a oportunidade de celebrar uma relação tão rara nos dias de hoje no futebol.

A partida começa às 22h e, antes de a bola rolar, Zico, que ontem completou 62 anos e é o maior jogador da história do Flamengo, entregará a Léo Moura uma placa agradecendo o que ele fez pelo clube nesses dez anos de dedicação. Até ontem haviam sido vendidos 9 mil ingressos para a partida. O jogador viaja, amanhã, para Fort Laudardalle, na Flórida, onde defenderá o Strikers pelas próximas três temporadas.

— Vai ser aquela choradeira. O Zico é o meu ídolo e já sei que não vou conseguir segurar a emoção — disse Léo Moura

O lateral está, desde ontem, com a emoção aflorada. Durante a conversa com os jornalistas, ficou várias vezes com os olhos marejados. Não parou de passar as mãos pelos cabelos e a voz embargou em algumas oportunidades. Natural. E Léo Moura deixa claro que está tentando aproveitar todos os momentos até o último minuto.

Normalmente reservado, o jogador não se cansou de dar entrevistas, isso depois de quase meia-hora de coletiva. Conversou pacientemente com todos, respondeu as mesmas perguntas inúmeras vezes e fez festa para os ex-craques e hoje comentaristas Júnior e Juninho Pernambucana, que foram conferir os momentos finais de Léo Moura no Flamengo.

— Difícil mesmo vai ser me acostumar longe do Maracanã. Na quinta-feira (amanhã), já vou estar sentindo falta daquela emoção que a gente sente quando entra em campo e o estádio está lotado — revela.

Léo Moura tem dormido pouco. O filme dos seus últimos dez anos de vida tem passado insistentemente por sua cabeça. E, a cada sessão, aumenta a certeza de que honrou a camisa do seu clube do coração.

— Hoje (ontem), vindo para o Ninho Urubu fiquei relembrando meus grandes momentos no Flamengo. Foram duas Copas do Brasil, um Brasileiro, cinco estaduais. Jogando aqui cheguei à seleção brasileira. Só faltou mesmo a Libertadores.

Atual capitão da equipe, Léo Moura acredita que o Flamengo tem lideranças no grupo para herdar a faixa. Mas, no coração da torcida, o lateral só vê um.

— O Paulo Victor tem tudo para se tornar um grande ídolo. Está no clube há muito tempo, tem carisma... — afirmou.

Apesar de ser noite de festa, Vanderlei Luxemburgo não vai perder um dia na preparação do time para o jogo de sábado, contra o Friburguense, no Maracanã. O técnico vai comandar um treino leve pela manhã e à noite vai usar duas equipes, uma em cada tempo. Só Léo Moura vai permanecer em campo da equipe que vai iniciar a partida.