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Ag Globo , Salvador |
26/02/2015 às 16:13
DOHA — O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, disse nesta quinta-feira no Qatar, onde participa de reuniões da entidade sobre os preparativos para a Copa do Mundo de 2022, que não haverá compensação financeira para os clubes europeus, caso o Mundial no país asiático seja mesmo realizado no inverno do Hemisfério Norte.
Na véspera, o grupo de trabalho criado pela Fifa para estudar a data ideal de realização da Copa do Qatar havia proposto o período entre o fim de novembro e o final de dezembro de 2022, para evitar o forte calor no país nos meses de junho e julho (cerca de 50 graus).
O período, no entanto, coincide com o auge do calendário do futebol na Europa, o que desagradou aos grandes clubes do continente. Por isso, dirigentes da Europa, como Karl-Heinz Rummenigge, presidente da Associação de Clubes Europeus (ECA), chegaram a falar em compensação.
— Não haverá compensação financeira, são sete anos para uma organização — descartou Valcke, em entrevista coletiva.
A proposta ainda será votada pelo Comitê Executivo da Fifa, em reunião marcada para os dias 19 e 20 de março, em Zurique. Mas tudo faz crer que deve ser aprovada.
— Mesmo que não seja perfeito, ideal, isso acontecerá apemnas uma vez. Não faremos nada que possa destruir o futebol — insistiu Valcke.
Valcke também confirmou que, por causa do calor, a Copa das Confederações de 2021 não será realizada no Qatar, mas em outro país asiático ainda não definido. O evento-teste para a Copa do Mundo, no ano seguinte, deve ser o Mundial de Clubes da Fifa, que já é disputado, tradicionalmente, em dezembro.
Valcke, na entrevista coletiva, também falou de problemas trabalhistas na construção dos estádios no Qatar. O dirigente admitiu que há casos de péssimas condições de trabalho para os operários nas obras. Mas garantiu:
— Está claro que os problemas estão sendo resolvidos — disse, referindo-se a medidas anunciadas pelo governo qatari, há uma semana, para dar supostas garantias aos operários (muitos trabalhariam como escravos).
Segundo Valcke, o Qatar “começa a se preocupar com a pressão internacional, o que é um grande passo”.
— Nós, da Fifa, continuaremos nos reunindo com organismos internacionais, como a OIT (Organização Internacional do Trabalho), para tratar desse assunto — afirmou.
Entidades internacionais de direitos humanos estimam que haja cerca de 29.400 pessoas (1,4% da população do país) submetidas a trabalho escravo, forçado ou a servidão doméstica no Qatar.