Os surfistas que disputam a última etapa do Circuito Mundial de Surfe (WCT), o Pipeline Masters, no Havaí, ganharam mais uma folga na terça-feira. Os ventos continuam imprevisíveis, e o mar que era assustador no início do campeonato ficou pequeno, com ondas de 1m, obrigando a organização a adiar as baterias pelo terceiro dia seguido.Para não perder o foco na luta pelo inédito título para o Brasil, Gabriel Medina continua blindado e diminuiu até mesmo a sua participação nas redes sociais. Quando não está treinando, o jovem de 20 anos tem ficado na casa que divide com Mick Fanning, seu principal rival, jogando pôquer e tendo a companhia do padrasto e treinador, Charles Medina. Sem o videogame que costuma levar nas viagens, ele tem também chamado o pai para brincar de luta. Alejo Muniz, por sua vez, gosta de passear de bicicleta pelo North Shore de Oahu, enquanto Filipe Toledo, o Filipinho, tem feito churrascos com os amigos.
A próxima chamada será nesta quarta-feira, às 15h30 (de Brasília). Um swell (ondulação) é esperado na quinta-feira, e a disputa pelo sonhado caneco ficará para os últimos dias da janela, que se encerra no sábado, dia 20. O GloboEsporte.com acompanha a briga pela taça em Tempo Real. Líder do ranking mundial, Medina pode conquistar o título já na terceira fase, dependendo dos resultados de Mick Fanning, número dois do mundo, e do americano Kelly Slater, terceiro colocado no ranking. Basta que os rivais fiquem pelo caminho.
- Geralmente, eu fico com o meu pai, está sendo ótimo, até o chamo para brincar de lutar, mas ele foge. Tenho jogado pôquer com os surfistas que estão na casa comigo, como o Wilko (australiano Matt Wilkinson), e já ganhei duas de três mesas. O Mick ainda não jogou com a gente. Tenho surfado bastante também, tem sido divertido - contou Medina.
Alejo, Miguel Pupo e Filipe estão hospedados no mesmo lugar por terem o mesmo patrocinador. Quem aluga a casa é outro surfista, o havaiano Freddy Patacchia, cujo pai é dono de uma imobiliária. Além de treinar, descansar e assistir a televisão, Alejo gosta de andar de bicicleta pela ciclovia que percorre as praias da região. Pupo, por sua vez, prefere ficar na internet pelo celular ou em casa, se o mar estiver sem ondas ou com condições ruins para a prática do surfe.
- É difícil se manter em casa, você acorda, come, dorme e surfa. É uma rotina que deixa a gente meio louco, mas que temos que manter para não perder o foco. É como um trabalho normal, mas, em vez de ir para um escritório, eu vou para a praia. É mais agradável, mas, com essa chuva e esse vento está um pouco difícil de ficar nesse escritório, né? Às vezes, essa mesmice acaba pirando, mas se a gente levar isso com alegria vai dar tudo certo - comentou Pupo.
Filipinho conta que já fez todos os passeios possíveis em Oahu. As opções de lazer mais comuns no North Shore são os mergulhos com tubarões, golfinhos, baleias e tartarugas, assim como cavalgadas, luais ou uma visita à cachoeira situada na reserva natural de Waimea.
- Aqui no North Shore é meio difícil arrumar alguma coisa para fazer, principalmente, porque esta já é a minha sexta vez e tudo o que tinha para fazer eu já fiz. Fica difícil quando não tem onda, a gente aproveita para descansar, de repente, fazer um treino físico, dar uma nadada ou fazer um churrasco - disse Filipinho, que fechou a temporada como líder do WQS (Divisão de Acesso).
As condições prometem ser melhores nos próximos dias. A possibilidade de estender a janela de espera, como já ocorreu em etapas em Jeffrey's Bay, na África do Sul, e em Teahupoo, no Taiti, foi descartada pelo diretor da ASP, Renato Hickel, por conta das regras locais. Interromper o campeonato como está também não é uma opção viável, afinal, na temporada havaiana, de dezembro a março, o que não falta são ondas. Portanto, em último caso, se as previsões não se confirmarem, e a natureza não cooperar para as esquerdas e direitas na lendária Pipeline, a solução será mudar de praia. Local do treino de Medina nesta segunda-feira, "Off the Wall" aparece como boa alternativa.
Apesar de ser uma opção remota, a organização do WCT já recorreu a ela três vezes. Em duas oportunidades, as disputas foram transferidas para o Beachpark, um banco de areia ao lado dos picos de Pipeline e Backdoor, com vitórias para Robbie Page e Kelly Slater. A terceira e última foi em 2007, quando a organização optou por realizar o campeonato no pico de "Off The Wall", ao lado do palanque do Pipe Masters. Na ocasião, o australiano Bede Durbidge sagrou-se campeão.