Em meio à “guerra” travada entre a Associação de Surfistas Profissionais (ASP) e os surfistas locais havaianos pelo número de convidados para a última etapa do Campeonato Mundial de Surfe (WCT), o líder do ranking Gabriel Medina fez críticas ao localismo, que é cultural no mundo do surfe e alcança o extremo em terras havaianas.
“O localismo existe mesmo e faz mal ao esporte. Não existe dono de praia, ela é de todo mundo, todos podem curtir o mar. A natureza foi feita por Deus e não tem dono. Agora chegam esses caras, não só no Havaí, mas em outros lugares também, falando que são locais, que querem proteger o pico, às vezes agredindo as pessoas... Isso é estupidez, não sei nem o que falar. Eu sou contra, totalmente contra”, disse Medina em entrevista exclusiva ao Terra, durante anúncio de parceria com a Samsung. “No Havaí já passei por várias coisas, já tive que sair da água e não tem muito o que fazer, é você contra eles. Prefiro ficar na minha e pegar minhas ondas”, completou.
O tema veio à tona depois da ASP reduzir o número de surfistas locais de oito para dois no Billabong Pipe Master, última e decisiva prova da temporada do WCT, que pode dar o título inédito ao Brasil do Mundial de Surfe. O evento em Pipeline começa no dia 8 de dezembro. A atitude revoltou os havaianos, que agora ameaçam boicotar e atrapalhar a realização do evento. Para Medina, o novo formato é mais justo, embora a dificuldade continue sendo a mesma.
“Na verdade não faz muita diferença, a dificuldade é a mesma. Eu, como sou o primeiro do ranking, devo pegar um deles. A única coisa que muda é que esses dois convidados são de lá e estão acostumados com a onda, então complica, ficará mais difícil. Acho que é melhor desse jeito, porque antes tinham muitos e eles estavam ali para complicar a vida de quem estava disputando o título mundial, ou até mesmo quem lutava para se manter na elite. Acho que agora está mais justo”, opinou Medina.
Sobre um possível boicote ao torneio e a ameaça de invasão de água durante as baterias, o brasileiro prefere não opinar e diz não imaginar o que pode acontecer. “Não sei nem o que falar sobre isso. Eles queriam as 16 vagas, sempre tiveram esse poder, esses convites e sempre foram os “donos” do Havaí. Realmente não sei o que vai acontecer, estou curioso”, finalizou.