Esporte

Havaianos ameaçam etapa que pode consagrar Gabriel Medina

ASP ameaça até tirar Havaí do WCT
Terra | 03/12/2014 às 12:13
ASP ameaça até tirar Havaí do WCT
Foto: Pierre Tostee / Getty Images

Associação de Surfistas Profissionais (ASP) está em “pé de guerra” com os locais havaianos e o fim dessa briga pode terminar com a “Meca do esporte” fora do calendário mundial. A tensão começou após Eddie Rothman, um dos líderes e maior incentivador do localismo por lá, divulgar um vídeo criticando a redução de surfistas convidados da região para a disputa do Billabong Pipe Masters, última etapa do Campeonato Mundial (WCT), que será realizado em Pipeline, entre 8 e 20 de dezembro. “Fast Eddie”, como é conhecido, disse que os havaianos não irão ceder e ameaçaram (ameaçarão) a disputa. Em resposta, a ASP garantiu a realização do evento com as novas regras e afirmou que, se acontecer algo mais grave, o Havaí pode até ser excluído do WCT.

“Para nós não é novidade, a ASP e seus membros já foram várias vezes ameaçados. Lamentamos que ainda exista essa mentalidade de faroeste por lá e que esses grupos queiram determinar essas coisas. A ASP é um corpo esportivo, que pede uma licença para realizar a etapa naquele lugar. Se não pudermos, se tiver invasão na água ou algum tipo de ameaça física, certamente será o último ano da ASP no Havaí”, disse o diretor da organização, Renato Hickel, em entrevista exclusiva ao Terra.

“E quem vai sair perdendo serão eles. Eles não são mais o reduto que eram há 20 anos. Existe muita onda de qualidade fora de lá. Claro que Pipeline tem seu charme e seria interessante sempre terminar lá, mas não assim, na mira de um cano de revólver. Ninguém vai reger o esporte assim”, completou.

Hickel diz entender o sentimento dos havaianos, mas que não concorda com a forma que tentam superar isso. “Tenho amigos no Havaí e sei que eles possuem esse negócio de se sentirem invadidos ao longo dos anos. Até acho que o esporte poderia ser uma maneira de amenizar um pouco isso, mas não podemos deixar grupos internos ditarem a ordem. A decisão tomada foi que todas as etapas precisam ter o mesmo formato. Agora é assim. Se essa relação não melhorar, a ASP pode até terminar o campeonato em outro lugar”.

Olha, é fácil especular. Espero que não tenha nenhum problema, afinal de contas, o Havaí pertence aos Estados Unidos, temos liberação para organizar o evento e a polícia deve honrar esses direitos”, disse Hickel, que ainda afirmou que a maioria da população havaiana está do lado da ASP.

“Quando falamos desse tema, parece que o Havaí inteiro está contra nós, mas é o oposto. A maioria vê como algo positivo. A comunidade abraça essas iniciativas, porque, de certa forma, os ajudam. Eles vivem em função dos eventos, a questão de hotelaria, comércios, restaurantes, é bom para todo mundo. Se por acaso alguma coisa acontecer, seja violência na praia ou no próprio local do torneio, como existem rumores, e a ASP não puder fazer o evento, faremos em outro lugar”, finalizou.

Para o ex-surfista profissional Renan Rocha, um dos brasileiros com melhor colocação em Pipeline - foi terceiro lugar em 2000 -, a organização terá que fazer um trabalho forte nos bastidores para diminuir a pressão, o que pode acabar influenciando no desempenho dos atletas.

“O campeonato vai acontecer e terá uma pressão maior ainda sobre os surfistas. Os locais estarão com raiva e alguns profissionais podem sentir na hora do torneio. Terão muito trabalho nos bastidores para acalmar a comunidade. Do jeito que conheço, é bem capaz que eles voltem a liberar os 16 atletas. Isso já aconteceu outras vezes, mas agora eles têm um novo legado, uma nova galera, pode ser que segurem. Esses caras novos caras da ASP são business, não se abalam. Capaz de ficar essa energia meio fechada entre eles, o clima deve ficar pesado”, disse em entrevista ao Terra.