Brasileiro passa por apuros contra neozelandês, mas tira joelhada “da manga” e recoloca país no topo da principal divisão do MMA, o peso-pesado
G1 , México |
16/11/2014 às 07:24
Joelhada salvou Werdum
Foto: Jeff Bottari/Zuffa LLC)
Parecia que ia dar a zebra. O neozelandês Mark Hunt estava preciso, golpeando com violência, e havia impedido que Fabricio Werdum levasse a luta ao lugar onde teria maior vantagem, o solo. Todavia, o lutador brasileiro “tirou um coelho da cartola” e surpreendeu ao acertar uma joelhada que levou o “Super Samoano” à lona, aos 2m27s do segundo round. O nocaute técnico deu a Werdum a vitória no evento principal do UFC 180 e o cinturão interino dos pesos-pesados da organização, devolvendo o Brasil ao topo da divisão mais importante do MMA.
- Estou muito feliz de estar aqui, estou aqui há dois meses. Os mexicanos me tratam muito bem. Esta vai para a Júlia, a Joana e a Karina, minha família e minha equipe. Sabemos que respeito muitíssimo Mark Hunt, ele me pegou forte, mas estou aqui há dois meses para ganhar este cinturão - disse um emocionado Fabricio Werdum, o 12º brasileiro a se sagrar campeão do UFC e o terceiro entre os pesados, após Rodrigo Minotauro, campeão interino como ele, e Junior Cigano.
Para se sagrar campeão absoluto da divisão, porém, Werdum terá de passar por Cain Velásquez, campeão linear, que deveria enfrentá-lo na luta principal do evento, o primeiro do UFC a ser realizado no México na história. Americano com raízes mexicanas, Velásquez era ovacionado a cada vez que aparecia no telão, e o brasileiro disse que ainda quer enfrentá-lo.
- Sei que todos respeitam o Velasquez, eu também o respeito. Quero que ele se recupere da lesão no joelho e que esta luta aconteça aqui na Cidade do México - afirmou Werdum.
Werdum entrou ao som de “Cielito Lindo”, um mariachi, convidando o público a cantar com ele. Funcionou, pelo menos no refrão. A torcida, todavia, estava dividida entre os dois lutadores, e Mark Hunt foi bastante aplaudido e celebrado ao ser apresentado.
Os dois tocaram luvas e Werdum precisou de 15s para acertar o primeiro golpe, um chute baixo. Hunt revidou na mesma moeda. Com um minuto de luta, porém, o neozelandês acertou um overhand que mandou Werdum à lona. Ele não foi adiante para tentar o nocaute técnico; suspeitava que era um truque para atraí-lo ao chão, como o gaúcho havia feito contra o lendário Fedor Emelianenko. Werdum se recolocou de pé e tentou duas quedas, ambas rechaçadas com facilidade pelo neozelandês. O brasileiro surpreendeu com um chute rodado, mas pegou de leve no rosto.
A solução era puxar Hunt para a guarda. Ele conseguiu, mas estava próximo à grade e não tinha espaço para encaixar uma posição. Hunt aproveitou para desferir alguns golpes curtos no corpo e no ground and pound. Werdum o travou o quanto pôde, mas Hunt conseguiu se livrar e se levantar. No infight, o neozelandês acertou um upper perigosíssimo, mas Werdum permanecia de pé. O brasileiro terminou o round tentando uma guilhotina e dando um chute no corpo, mas saiu em clara desvantagem.
Werdum iniciou o segundo round com um chute frontal que passou longe. Hunt, porém, estava preciso. Passou raspando com um cruzado de direita, e acertou um jab que desequilibrou o brasileiro quando este tentava um chute baixo. O gaúcho, porém, seguiu arriscando com chutes rodados que passavam por cima da cabeça do “Super Samoano”. Hunt partia para cima quando Werdum “tirou um às da manga”: acertou uma joelhada no queixo que derrubou o adversário. O brasileiro partiu para cima e não deu espaço para o neozelandês respirar: encheu sua cabeça de marretadas até o árbitro Herb Dean encerrar a luta, com de segundo round.
- Essa era a luta do Fabricio pelo título de qualquer forma, então o desejo sorte. Eu não vi o joelho, fazer o quê? - resignou-se Hunt, que sofreu sua nona derrota na carreira.