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ZédeJesusBarrêto , Salvador |
02/11/2014 às 22:04
Mazinho fez o gol do Palmeiras
Foto: Getty Images
Um fim de semana muito mais pra finados do que pra todos os santos, para a dupla BaVi.
No sábado, em Porto Alegre, o Vitória até encarou o Grêmio mas não teve força de ataque e, ainda por cima, levou um gol contra (Richarlyson, 1 x 0 para o tricolor gaúcho). O time agrada mas não convence. O rubronegro continua guardando a porta da zona, periclitante.
Lá dentro da zona, em penúltimo lugar, está atolado o Bahia, aconchegando-se à segundona. Perdeu mais uma em casa (1 x 0 para o Palmeiras), diante de seu torcedor mais que aflito, numa partida em que dominou quase toda a primeira etapa, mas levou um gol após boa jogada de Valdívia em que a zaga só acompanhou a trama e o chute fatal do inimigo. Na etapa final, o Palmeiras administrou na manha, truncando a partida e ganhando tempo até o final, com o beneplácito do árbitro Leandro Vuaden o tricolor baiano sem forças para atacar, encurralar, finalizar. Timeco.
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Verdão de Valdívia
Primaveril noite chuviscosa no domingo de finados, bom público nas arquibancadas da Fonte Nova, presença significativa da torcida palmeirense. Houve muita confraternização e salamaleques entre elencos e comissões técnicas dos dois times, o treinador Gilson Kleina fazendo seu primeiro jogo contra o ex-clube.
O tricolor baiano, depois de uma semana de treinamentos na paradisíaca Praia do Forte, entrou em campo com sete modificações, uma equipe mais madura porém mais lenta na zaga (Adaílton e Lucas) e também na marcação e recomposição de meio campo: Lincoln, Potita, Uélliton, Emanoel Biancucchi...
A proposta inicial do Bahia foi sufocar a saída de jogo do adversário, na vontade. E conseguiu, teve o domínio, atacou inteiro até os 25 minutos. Aos 8’, após boa trama pela esquerda , Rafael Miranda arrematou mal, mas o esperto Kieza desviou e a bola bateu na trave, o goleirão Prass só espiando, não entrou.
Aos 20’, após uma boa troca de passes, Emanoel Biancucchi bateu forte de canhota, da entrada da área, para ótima intervenção de Prass. Predomínio dos donos da casa, mas, aos 28’, num vacilo do meio campo tricolor, a marcação frouxa, Valdívia achou Mouche livre e o chute assustou pela primeira vez o arco baiano. Aos 35’, Mazinho penetrou veloz pelo lado esquerdo, nas costas da zaga, recebeu de Valdívia e bateu forte na saída de Lomba : 1 x 0. O Bahia foi melhor, teve mais posse de bola, atacou mais (finalizou pouco)... E o Palmeiras levou a melhor, 1 x 0, porque tem um craque, o chileno Valdívia, que fez a diferença em dois lances apenas.
Kleina arriscou, pos Maxi Biancucchi em lugar de Potita para a segunda etapa, na equipe do Bahia. A partida ficou mais pegada, com o Palmeiras catimbando, truncando, enervando o jogo, mais ligado. O árbitro deixou rolar, à vontade.
Os paulistas, comandado pelo manhoso Valdívia, foram melhores no começo da segunda etapa, com o controle das ações, ganhando as divididas, correndo mais. O tricolor parecia perdido em campo. Aos 29’, o zagueiro Nathan embolou-se com Kieza, e caído meteu o braço prendendo a bola, na pequena área, mas o árbitro Vouaden ignorou a penalidade clara, fingiu não ver; o lance a dois metros do árbitro auxiliar. Aos 36’, Marco Aurélio tentou de longe, nos braços de Prass. Os paulistas ganhavam tempo, paravam o jogo, so administravam. Aos 46’, Ronieri lançou um bola cruzada na pequena área, a zaga não cortou, ela ficou pedindo ‘me chute’, mas nem Guilherme, nem Kieza, nem Emanoel atiraram-se nela para empurrar às redes, a última chance de um empate... já era! Triste Bahia, impotente.
A cada rodada mais atolado, a segundona à vista, de novo. O torcedor aguenta?
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Destacar o quê, quem? A vontade de acertar, a disposição de um ou outro, aqui e ali. É muito pouco para uma equipe com a história e a camisa do tricolor baiano. Não temos um craque, alguém que chame a responsabilidade e decida. Não temos um esquema de jogo agudo, que busque o gol. Nos falta qualidade técnica, o elenco é fraco.
No Palmeiras, boas defesas do goleirão Prass, uma zaga de garotos (Tóbio e Nathan) dura de roer, e mais a malandragem de Wésley, de Mouche e do chileno Valdívia, este sim, um belo jogador de bola, manhoso e decisivo.
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Na próxima rodada, fim de semana, o tricolor baiano vai a Goiânia, enfrentar o Goiás, no Serra Dourada . Vencer é preciso. Vida ou morte. Será que ainda dá ?
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Fogo mui amigo
O Vitória não jogou mal, até encarou o Grêmio, sábado, em Porto Alegre. Precisava de um gol. E fez, contra. Aos 44 minutos do primeiro tempo, o lateral Richarlyson foi cortar um cruzamento forte, a meia altura, do lateral direito Pará e testou contra própria meta, surpreendendo o goleiro Wilson : 1 x 0 Grêmio, gude preso, até o final.
Se na primeira etapa chegou com perigo uma vez (uma testada de Edno logo no comecinho que o goleiro Grohe triscou e a bola bateu na trave), na segunda etapa, mesmo com maior domínio de bola e o Grêmio de Felipão encolhido, o time baiano não ameaçou, não penetrou, não chutou. O goleiro gremista praticamente não trabalhou e, nos contragolpes, o tricolor gaúcho obrigou Wilson a praticar boas defesas, nos dois tempos de jogo.
Foi um jogo pegado, às vezes duro de ver, mas os cerca de 20 mil torcedores gremistas curtiram o resultado que deixou o time gaúcho na cola dos quatro primeiros colocados. Já o Vitória... ali, na peínha, doidinho pra entrar na zona, na porteira.
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Pelo Grêmio, boa atuação do zagueiro Geromel, grandão, uma muralha; os jovens Lucas, Luan e Dudu giram muito e dão muito trabalho, formando uma linha de três meiocampistas que atacam e marcam, além do vivido Barcos, o centroavante, enfiado no meio da zaga adversária.
Pelo Vitória, boas defesas de Wilson, evitando um placar maior; Ze Wélisson, Luis Gustavo e Cárceres renderam bem e Vinícius correu demais. No mais, como faz falta o Dinei lá na frente !
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Na sequência, fim de semana, o rubronegro baiano pega o São Paulo, no Barradão. Nem pensar em empate. Só vale ganhar.
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Firulas
Trecho da entrevista do ex-zagueiro Luis Pereira (Palmeiras, Atlético de Madrid), nascido em Juazeiro , titular da seleção na Copa de 1974, hoje treinador de base do tricolor campeão espanhol, falando do futebol europeu x brasileiro. Entrevista ao repórter Diego Adans:
“No Brasil não há investimento na base e, além disso, os moleques estão todos ‘fatiados’. Um garoto de 12 anos já tem 300 empresários. Na questão técnica, o jogador brasileiro está mais preocupado em ações de marketing do que jogar bola. Um exemplo foi o Brasil na Copa do Mundo. Aquela ‘firula’ de entrar em campo de mãos dadas, berrar o hino nacional ... Para que isso? Bastava ‘comer a bola’ quando o jogo começasse”.