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Globo , PE |
29/06/2014 às 21:13
O maior mérito da Costa Rica foi exatamente a maior qualidade da Grécia: saber resistir. Mesmo com um homem a menos durante toda a prorrogação e boa parte do segundo tempo. O time de Bryan Ruiz, Joel Campbell, Bolaños e do novo herói nacional, Navas, está na história da Costa Rica. Independentemente do que aconteça contra a Holanda, já que essa equipe superou a campanha de 1990, na Itália.
A vitória dramática sobre a Grécia, nos pênaltis, após empate por 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação, garantiu a inédita classificação às quartas de final da Copa do Mundo. Brilhou Navas, que defendeu a cobrança de Gekas, quarta dos gregos, além de outras milagrosas com a bola rolando. O zagueiro Umaña selou a vitória por 5 a 3 da marca da cal. Uma vitória que havia escapado aos 45 minutos do segundo tempo, quando Sokratis achou o gol grego já nos acréscimos; Ruiz abriu o placar.
A comemoração após a cobrança de Umaña foi digna de título. Mais uma. Na mesma Arena Pernambuco, a Costa Rica voltou a surpreender o mundo ao bater a Itália e se classificar por antecipação no grupo da morte. O triunfo sobre o Uruguai na estreia, outro feito surpreendente, foi também um momento com cara de conquista. Pode ser até injusto dizer. Mas a Costa Rica já ganhou sua Copa do Mundo. No próximo sábado, na Arena Fonte Nova, em Salvador, tentará o milagre diante dos holandeses.
Resta à Grécia também comemorar a sua melhor participação em Mundiais. Pela primeira vez, a equipe helênica passou para as oitavas de final e, não fosse o brilho de Navas, poderia ter ido ainda mais longe. Em 1994 e 2010, os gregos não passaram da primeira fase.
O ritmo cadenciado do primeiro tempo favoreceu mais a Grécia. Apesar do certo equilíbrio denunciado no placar de 0 a 0, o time europeu soube se defender e, surpreendentemente, atacar melhor que a Costa Rica. Aos 36 minutos, Salpingidis desperdiçou a única grande oportunidade da primeira etapa. Navas desviou o chute cruzado do atacante dentro da área, após cruzamento de Cholevas. Arrancou suspiros do público. Um momento raro em toda a primeira etapa.
A Grécia cumpriu a cartilha. Bem postada na defesa, organizada no meio. Na medida do possível, perigosa nos contra-ataques. Único homem à frente da linha da bola, Samaras mostrou qualidade. O atacante do Celtic soube bem o que fazer com a bola, mesmo quando não tinha chance de finalizar.
Esperava-se mais da Costa Rica. Sobretudo do setor ofensivo, da dupla Bryan Ruiz e Joel Campbell. Um chute perigoso de Bolaños, fruto de uma boa trama no ataque, foi o único momento de inspiração. O ritmo do primeiro tempo acabou frustrando a torcida, que não economizou nas vaias na descida para o intervalo.
Talvez a reclamação do público tenha surtido efeito. Talvez tenha sido só mais uma ironia do futebol. O ferrolho grego, a muralha, apenas assistiu Bolaños rolar a bola para Bryan Ruiz na entrada da área. Desmarcado, o atacante do PSV emendou o chute no cantinho do goleiro Karneziz, imóvel. Pareceu um gol em câmera lenta. O segundo de Ruiz na Copa. O segundo na Arena Pernambuco.
Desvantagem assimilida, o técnico Fernando Santos resolveu mexer na Grécia. Saiu o volante Samaris para a entrada do atacante Mitroglou. Àquela altura, buscar o ataque era a única alternativa. Ainda mais depois que o zagueiro Duarte foi expulso. Ele já tinha amarelo e deu uma entrada dura em Cholevas aos 20 minutos.
Com um homem a mais, a Grécia se lançou de vez à frente. Martelou até o fim. Seguiu fiel ao princípio de nunca desistir. Acreditar sempre. Até o último segundo. Como em um flashback, o time helênico repetiu a façanha vista na última rodada da fase de grupos. O gol de empate saiu já nos acréscimos. Assim como o gol da classificação no Grupo C, contra a Costa do Marfim. Daquela vez, Samaras. Desta vez, Sokratis. Foi o zagueiro que aproveitou o rebote do goleiro Navas, após a finalização de Gekas. Mais um gol com espírito grego. Antes da prorrogação, Navas ainda precisou fazer uma grande defesa numa cabeçada de Mitroglou. Quase acontece a virada.
Grécia pressiona, e Navas segura empate na prorrogação
O primeiro tempo da prorrogação correu sem maiores emoções. A vantagem numérica conduzia a Grécia de maneira mais incisiva ao ataque, mas as chances não apareceram. Um ou outro lance exigiu dos goleiros. No lance mais perigo, Navas evitou o gol contra de Umeña logo no primeiro minuto.
A segunda parte seguia o mesmo enredo. Cada vez mais tensa, obviamente. Os costarriquenhos tentavam se multiplicar para amenizar a perda de Duarte. Os gregos se sentiam na obrigação de aproveitar a vantagem, antes dos pênaltis. Aos 7 minutos, um contra-ataque da equipe europeia abriu a porta da vitória. Cinco contra dois. Era a chance. Torodisis recebeu na área e chutou cruzado. Navas espalmou.
Um lance mais espetacular viria nos acréscimos. Mitroglou teve a classificação nos pés, mas perdeu o gol dentro da área. Fez-se a vontade da torcida brasileira - maioria absoluta no estádio - que comemorou o apito final como um gol. Para ter o prazer de ver os pênaltis.
Navas volta a ser decisivo nos pênaltis
As equipes mostraram competência nas cobranças de pênaltis. Pelo lado costarriquenho, Celso Borges, Bryan Ruiz, Giancarlo González e Campbell tratavam de sempre deixar o time centro-americano em vantagem. Nas três primeiras cobranças gregas, Mitroglou, Christodoulopoulos e Cholevas mantiveram a igualdade. No quarto pênalti para os europeus, Gekas bateu e Navas voou para pegar. Bastou ao zagueiro Umaña, um dos destaques dos Ticos no Mundial, confirmar a sua cobrança para iniciar a festa. Agora, a surpresa da Copa 2014 tem a Holanda no caminho.