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Globo , Curitiba |
20/06/2014 às 22:14
Enner Valencia puxa a fila para comemorar um dos gols do Equador na partida
Foto: Reuters
Nos últimos dois dias, Curitiba foi tomada por apenas um grito. Equatorianos, em maior escala, e hondurenhos gritavam a todos os lados que “sí, se puede”. Se a canção das duas torcidas era parecida, assim como a esperança delas, apenas um time poderia sair da Arena da Baixada nesta sexta-feira com possibilidades reais de seguir na Copa do Mundo. E, com o grande apoio de seus compatriotas, o Equador foi o sobrevivente: venceu Honduras por 2 a 1 e melhorou sua situação no Grupo E.
Com três pontos, os equatorianos assumiram a segunda posição da chave, empatado com a Suíça, mas com vantagem no saldo de gols. Já Honduras, sem pontuar, está quase eliminada da Copa: precisa vencer a Suíça na última rodada, na próxima quarta-feira, no Maracanã, torcer pela derrota do Equador para a França, que jogam no mesmo dia na Arena da Amazônia, e ainda tirar uma diferença de quatro gols de saldo. A torcida catracha ainda pode cantar que é possível, mas a situação ficou muito
complicada.
O herói da partida foi o atacante Enner Valencia, autor dos dois gols na virada equatoriana. O jogador chegou a três gols no Mundial. Por outro lado, outro destaque foi a torcida, que dominou o estádio e não parou de manifestar sua crença de que era possível vencer e manter o sonho de avançar no torneio.
“Anfitrião”, Equador domina primeiro tempo
O Equador parecia jogar em casa. Com superioridade nas arquibancadas, logo assumiu a postura de anfitrião, tocando a bola no campo de ataque. Honduras, por sua vez, aceitou de bom grado o papel de visitante: se recolheu na defesa e passou a esperar um erro do rival.
Para superar a defesa catracha, o Equador se apoiou numa linha ofensiva com quatro nomes. Teoricamente meias, Antonio Valencia e Montero iam à frente e faziam companhia a Enner Valencia e Caicedo. Este último era o mais acionado, fazendo o pivô e distribuindo as jogadas. Mas faltava mais toque de bola. Tanto que no primeiro lance de perigo ocorreu num lançamento longo de Erazo para Enner, que saiu nas costas da zaga hondurenha, mas chutou por cima do gol.
Honduras não se desesperou. Manteve a estratégia, e foi recompensada aos 30 minutos. Num chutão da zaga catracha, Guagua não conseguiu cortar e deixou a bola para Costly. O atacante hondurenho avançou livre, invadiu a área e chutou forte, sem chance para Domínguez, encerrando um jejum de sua seleção, que não marcava gols em Copas desde 1982.
O lance abalou momentaneamente o Equador, mas a reação foi rápida, para alívio e delírio da torcida. Aos 33 minutos, Paredes fez boa jogada pela direita e chutou cruzado. A bola passou por todo mundo e chegou a Enner Valencia, que, desta vez, não desperdiçou e deixou tudo igual.
Apesar de não conseguir trocar passes, Honduras até ameaçou nos minutos finais da primeira etapa, mas em lances fortuitos. Primeiro, Bernárdez bateu falta com força, mas Domínguez espalmou. Depois, Costly cabeceou na trave, e Bengston completou para as redes, mas o árbitro anulou o lance - a conclusão foi feita com o braço.
“Sí, se puede”
Cientes de que um empate complicaria bastante a classificação, as duas seleções voltaram mais abertas para o segundo tempo. Não que isso, no início, significasse chances de gol: a partida ficou embolada, com muitos erros no meio de campo.
Aos poucos, a partida melhorou. Mais ofensiva, Honduras ameaçou em chutes de Bengston e Beckeles de fora da área, bem defendidos por Domínguez. O Equador, ainda confuso na construção de jogadas, tinha espaços, mas errava demais.
Mas, para a torcida equatoriana, tudo é possível. Num momento em que La Tri cambaleava e via o rival mais perigoso, veio a virada, aos gritos tradicionais de “Sí, se puede”. Aos 19 minutos, Ayoví cobrou falta na cabeça de Enner Valencia, que testou no canto esquerdo de Valladares, marcando seu terceiro gol na Copa.
A vantagem fez o Equador recuar, e Honduras se lançou de vez em busca do empate. Entretanto, os catrachos esbarravam nas próprias limitações técnicas e não conseguiam criar muitos lances de perigo, apesar do nervosismo equatoriano proporcionar muitos lances de bola parada. Além do mais, os centroamericanos pareciam jogar com um a menos, já que o apoio das arquibancadas era majoritariamente para La Tri.
Assim, não foi possível superar a defesa do Equador, reforçada anímicamente por seus torcedores. No duelo da esperança, La Tri tem bem mais motivos para continuar cantando que é possível avançar na Copa do Mundo.