Esporte

No precário Serra Dourada, seleção encanta o Brasil e os goianos

Carinho da torcida não escondeu as deficiências da cidade que tem um estádio mal cuidado, pouca sinalização e deficiente transporte público. Neymar foi o dono da festa.
Bolívia Santos , de Goiânia | 04/06/2014 às 13:07
Neymar comandou o Brasil na goleada por contra o Panamá.
Foto: Assessoria de Imprensa/CBF
Goiânia sentiu um pouco o clima da Copa do Mundo, mesmo não sendo uma das 12 ciades brasileiras que receberão jogos do mundial. Ontem, dia 3, a equipe do Brasil retornou ao Rio de Janeiro deixando os torcedores goianos extasiados com uma das melhores apresentações de Neymar vestindo a amarelinha. A goleada sobre o Panamá mostrou que o time de Felipão ainda tem muito a melhorar, mas que tem no seu camisa 10 uma possível salvação para seus problemas. 

O Bahia Já acompanhou a seleção brasileira em Goiânia. Viu o treino, o jogo, e põde notar  como algumas cidades brasileiras ainda estão muito atrasadas no quesito futebol. Goiânia pode não ser um centro de futebol do país, mas tem uma equipe - o Goiás - que nos últimos anos vem tendo bons desempenhos no Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil.

Nem o Goiás e sua torcida (na verdade, nenhum time de Goiás) merece um estádio nas condições do Serra Dourada. Antigo, mal cuidado, com pouca ou nenhuma sinalização, ali tudo corre na base do improviso. O mato alto nos jardins mal cuidados são o reflexo mais aparente. Nada de táxi ou ônibus. Sair do estádio após o treino do Brasil foi uma verdadeira luta. Poucos vendedores ambulantes se arriscaram no dia do jogo, mas estacionamentos irregulares estavam por toda a parte.

Pasmem, o taxista que me levou ao estádio não sabia que havia um treino da seleção ou jogo. Ficou surpreso ao ver 20 mil pessoas presentes ao Serra Dourada. Isso às 16h de uma segunda-feira.

Voltando ao estádio, a sala de coletivas foi improvisada pela CBF em uma tenda. Todo o sistema de wifi também foi providenciado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Tudo bem .. era a seleção. Mas quando jogam ali Flamengo, Corinthians, Bahia, Palmeiras, Fluminense? Como fazem os jornalistas?

No gramado padrão FIFA, Felipão treinou cobranças de faltas com Neymar e Marcelo. E no jogo, a torcida comprovou que o treinador tem razão ao escolher o atacante como batedor oficial da seleção brasileira (para bolas próximas a área). Contra o Panamá, Neymar abriu o
placar em perfeita cobrança aos 24min do primeiro tempo, quando o Brasil passava sufoco.

Nas ruas, a seleção sentiu o carinho da torcida e todos os jogadores foram unâmimes ao dizer que estavam se sentido abraçados pelo povo goiano. Mas este, coitado, sofre com estádios velhos, de banheiros imundos, com estrutura mais que precária.

O lateral Maxwell disse na zona mista que estava feliz de conhecer o estádio. Talves ache exótico. Logo ele, acostumado com o alto padrão europeu. Muitos ali sequer jogaram no Brasil e não tiveram tempo de ver o suficiente do Lado B do futebol brasileiro. Foram simpáticos, elogiaram o apoio, mas no fundo sabem que estamos devendo como "país do futebol".

Em campo, Dante e David Luiz formaram a zaga principal com Ramires e Oscar no meio. O time sentiu a falta de ritmo de jogo e a sequencia forte de treinos em Teresópolis. "Agora é hora de a gente se autocriticar e jogar mais compacto", disse Dante em entrevista na Zona Mista. A seleção sofreu com a forte marcação do time panamenho e só depois do gol de Neymar jogou mais solta.

A pressão fo tida como boa pelo goleiro Julio Cesar: "O grupo mostrou maturidade". Já Marcelo, lateral do Real Madri, viu como normal a postura do Panamá: "Contra o Brasil todo mundo quer dar o seu melhor".

Ovacionado em campo, Neymar foi a estrela da partida. Garantiu não estar 100% e, assim como Oscar, reclamou da falta de ritmo. Mesmo assim driblou, fez lançamentos, chamou a responsabilidade para si e liderou a vitória do Brasil.

Para o jogo contra a Sérvia, sexta-feira, em São Paulo, Felipão não poupará jogadores e Thiago Silva deve voltar ao time ao lado de David Luiz na zaga. No meio, Ramires deve
dar lugar ao titular Paulinho. Já Fred, que perdeu um gol feito ("A bola resvalou no zagueiro e saiu da minha direção", explicou) pode ter a chance de desencantar. Mas ele garantiu que na hora certa vai marcar: "Melhores jogos virão e os gols também", disse.