Ney Franco estreia com derrota
Globo , RJ |
18/05/2014 às 20:31
Paulo Henrique Ganso voltou a jogar muita bola
Foto: André Durão
Na saída de campo, Rogério Ceni, jogador que mais vestiu a camisa do São Paulo, falou com autoridade: "O Ganso, quando é competitivo, não há jogador que faça o que ele faz. A bola corre mais fácil, ele faz coisas que os outros não fazem. Ele só tem que ficar ligado os 90 minutos." Poucos resumiriam tão bem a partida deste domingo, no Maracanã. Não que o São Paulo, vencedor do clássico com o Flamengo por 2 a 0, tenha sido só o camisa 10. Mais organizado que o adversário nos 90 minutos, mostrou, no entanto, que fica mais fácil para um time sair com os três pontos quando tem o pensador, o criador, o homem para chamar a responsabilidade e dar o espetáculo. O meia foi o velho garçom nos tempos que tinha Neymar como parceiro e saiu de campo como o artilheiro da partida, com os dois gols da vitória.
Mas é bom salientar que Ganso teve também boa companhia. Alexandre Pato, de volta à equipe, foi outro gigante, com bons deslocamentos, o costumeiro e certeiro toque de bola. E o que falar de Osvaldo e Luis Fabiano? Boa movimentação, eficiência na troca de passes. Um quarteto que tem tudo para despontar no Brasileirão e já leva o Tricolor Paulista para a briga no grupo de cima da tabela, com 9 pontos ganhos.
O Flamengo, ao contrário, começa a viver um desespero precoce. Na quinta rodada, pode terminar na zona de rebaixamento e não viu qualquer melhora na troca de treinador. O estreante Ney Franco ainda não conseguiu arrumar o time. Tanto que a torcida vaiou e voltou a gritar o nome de Jayme de Almeida, o antigo técnico, demitido no início da semana. Com quatro pontos ganhos, sem um meia eficiente na criação, sem gols - ainda por cima, Hernane, de volta à equipe, saiu com contusão no tornozelo ainda no primeiro tempo -, mostra laterais veteranos sem fôlego para apoiar e defesa com falhas na marcação.
No primeiro tempo, o São Paulo já foi bem mais organizado e merecedor da vitória. Depois de um começo morno, com as duas equipes se estudando e lentas para sair ao ataque, o Tricolor Paulista passou a encaixar melhor o seu jogo. O quarteto Ganso-Pato-Luis Fabiano-Osvaldo passou a comandar as ações e encontrar espaços. A defesa rubro-negra se complicou na marcação. Na primeira jogada perigosa, Osvaldo tentou deixar Pato livre, mas errou o passe e poderia até ter batido para o gol. Depois, Pato, se deslocando bastante, sofreu falta que Ceni cobrou. Felipe fez a defesa.
O gol amadurecia e saiu aos 22, num belo passe de Osvaldo para Ganso, que tocou com categoria. O show do camisa 10 seguiu com bons passes, dribles de efeito e jogada de fora da área que quase encobriu Felipe. O Fla, com Alecsandro e Hernane na área e sem talento para criar no meio, só levou perigo numa cabeçade de Wallace e em chute de Luiz Antonio de fora da área que Ceni espalmou. Ainda por cima, Hernane saiu contundido. O time ficou devendo muito para o segundo tempo.
Logo no começo da segunda etapa, o Flamengo finalmente acertou uma jogada. De Elano, que entrara no lugar do Brocador, para Alecsandro, que rolou para Everton explodir a trave. Foi um domínio de 15 minutos, com outra bola do camisa 22, obrigando Ceni a boa defesa. Mas foi só o tempo passar para voltarem os velhos problemas. Nem com Mugni nem com Negueba, que ainda entraram, o time solucionou falhas na criação e nas jogadas de ataque.
O São Paulo cansou, é verdade, tanto que Pato e Osvaldo saíram. Mas Ganso continuou em campo. E o camisa 10, como bem disse Ceni, quando está ligado... Mesmo cansado, foi ele o grande condutor da equipe à vitória. Belos passes, bons dribles. E neste domingo, no Maracanã, voltou a ser o dos tempos de Santos. Foi também o artilheiro da partida. Aos 46, mais uma boa jogada de Luis Fabiano, sempre caindo bem pelos lados. Dessa vez, pelo lado de Léo Moura, encontrou o meia livre. Felipe, que errara reposição de bola que lhe rendeu vaias da torcida, tentou se redimir e fez boa defesa. Mas deu o rebote que o meia não perdoou. A vitória deixa o Tricolor com nove pontos ganhos e na briga de cima. O Fla continua no drama de baixo.