Os clubes brasileiros, que devem fortunas ao Governo, ao Estado, devem também e ainda R$ 114 milhões à`CBF e às federações estaduais
ZédeHesusBarrêto , Salvador |
04/05/2014 às 19:46
Torcedores rivais em festa e alimentando muita expectativa na semana do Ba Vi pelo Brasileirão 2014. A Fonte Nova vai encher no domingo e a promessa é de jogão de bola no clássico baiano, o mais chique e disputado do Nordeste.
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Com um belo gol do atacante Maxi Bianchucci (desencantou ?), o Bahia venceu o Botafogo do Rio (1 x 0), jogando bem e mantendo a escrita contra o time carioca, numa tarde de domingo de sol e 19 mil torcedores nas arquibancadas da nova Fonte. No sábado, com o Maracanã colorido e pegando um bom público, o Vitória surpreendeu o Fluminense (RJ), venceu bem – 2 x 1, e levantou o astral da equipe e do torcedor rubronegro.
Assim, o Ba x Vi promete, como sempre imprevisível, sem favoritismos. É o futebol baiano em semana de destaque no noticiário esportivo nacional. Esperemos que em paz, dentro e fora do estádio.
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Tricolor apaga Fogão
O início da partida foi feio. Muitas faltas, algumas jogadas desleais e um árbitro inseguro, envolvido, perdido. O jogo começou trombado, muito marcado, com o Botafogo preocupado em travar com faltas seguidas o contragolpe veloz do Bahia, catimbando, tentando melar a disputa.
Logo aos 3’, Rahyner foi claramente empurrado na área botafoguense, pelas costas, e o juizão paulista Rafael CLauss ignorou. A melhor trama dessa etapa aconteceu aos 26’: o meia Talisca, com ótima visão de jogo, lançou Uélinton nas costas da zaga, pela esquerda, e o apoiador rolou para Lincoln que entrava de frente, porém o meia demorou a finalizar e a defesa chegou junto.
Aos 45’, batendo uma falta com a canhota, Talisca venceu Jefferson e acertou as redes, mas a arbitragem preferiu marcar um impedimento ’passivo’ dos atacantes que fechavam na pequena área, mas não tocaram na bola. O tricolor foi melhor, Lomba não fez uma só defesa nos 45’ iniciais.
O time baiano, empurrado pela torcida, voltou forte, em cima, na segunda etapa. O ‘fogão’ não tinha espaço, não achava brechas pra chutar. O gol saiu aos 14’, após um belíssimo lançamento longo de Talisca para o lateral Pará, aberto pela canhota; o garoto levantou a cabeça e achou Maxi entrando nas imediações da marca penal. O ‘gringo’ dominou com a direita e bateu firme com a canhota, rasteiro, no canto, sem deixar a bola cair. Golaço: 1 x 0. Por volta dos 20, Marquinhos fez duas substituições que acuaram um pouco o time: Pittoni no lugar de Talisca, muito mais agudo. E Rafinha, fraquíssimo, substituindo Rhayner, machucado.
O Bahia, então, recuou muito, defendeu-se bem, mas levou dois sustos por desleixo e bolas tolas perdidas no meio campo: um chute de Wállisson (ex-Bahia) que triscou no travessão com Lomba olhando e, outra, no finalzinho, com Jorge Wagner (o baiano, revelado no tricolor), de frente, que não acertou o alvo. O tricolor desperdiçou boas chances de ampliar em contragolpes que morreram em passes displicentes e alguns também pela falta de qualidade de Rafinha. Placar magro, mas um triunfo mais que justo.
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Destaques:
No Bahia, ótima estréia do lateral Ronirey, defendendo e atacando com desenvoltura. Démerson e Titi firmes. Show de bola do menino Pará pela esquerda. Uélinton ditou o ritmo no meio campo. Rahyner jogou muito, mesmo caçado. Talisca fez uns lançamentos de craque e Maxi Bianchucci, além do belo gol, fez seu melhor jogo com a camisa tricolor, correndo e aprontando pelo lado direito do ataque.
No Botafogo, a virilidade de Dórea, algumas boas jogadas pelo meio de Jorge Wagner, a vontade de Zeballos e... no mais, só sujeira de Émerson Sheik, e os meias Daniel e Gabriel que bateram demais, mereciam com sobras a expulsão pela quantidade de infrações cometidas, mas o árbitro... fraquíssimo, um trapalhão, por pouco não cria um caos em campo.
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Pela Copa do Brasil, o Bahia enfrenta o América Mineiro, em Belo Horizonte, na quarta-feira, antes do BaVi do domingo.
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Ufa! Deu Vitória
Após mais de um mês sem vencer uma só partida, o Vitória conseguiu um expressivo triunfo na noite de sábado, no Maracanã, contra o Fluminense (RJ) - 2 x 1 - , com dois gols de Marquinhos, na segunda etapa da partida, quando atuou fechadinho na defensiva só esperando o momento do bote em contragolpes rápidos explorando a velocidade de Marquinhos, aberto pela direita e Caio pela esquerda, fechando ambos em diagonal para o meio.
Na primeira etapa, o time carioca teve mais a bola, chegou muito mais na área rubronegra baiana porém finalizou pouco. O Vitória marcou bem no meio campo mas não criou muita coisa porque não conseguiu encaixar o contra-ataque, como bem disse o treinador Ney Franco no intervalo. Na segunda etapa, até por estar jogando em casa, a torcida querendo o resultado, o Flu optou pela pressão no ataque, insistindo nas bolas altas , avançando os laterais.
Mas logo aos 8 minutos, depois de boa jogada em arrancada de Caio pela direita, Cavalieri tirou de soco a bola levantada e a pelota caiu para Marquinhos, bem distante da área; ele limpou para a direita, livrando-se da marcação, e mandou um balaço que desviou na cabeça de Fred, no meio do caminho, e matou o goleiro, fazendo 1 x 0. O gol atordoou o tricolor carioca.
Tanto que aos 10 ‘, noutro contragolpe, Cavalieri salvou sua metas duas vezes seguida e, na sobra, Souza, de frente, chutou para fora perdendo a chance de ampliar. O Flu do treinador Cristóvão (ex-Bahia) lançou-se todo ao ataque, criou e perdeu chances, levantou várias bolas na área adversária, mas... não era o dia. Aos 37’, Marquinhos, sempre ele, puxou e encaixou bem um contragolpe, a defesa adversária exposta, tabelou com Juan e, mesmo se atrapalhando com a bola, equilibrou-se a tempo e bateu para as redes, fazendo 2 x 0, calando a torcida no Maraca. O Fluminense conseguiu fazer o gol de honra já aos 44’, após uma cobrança de falta na entrada da área, batida por Jean, que o goleirão Wilson deu rebote; Wagner não perdoou: 2 x 1. Não tinha mais tempo para nada.
O Fluminense jogou mais, atacou mais, teve mais a bola, mas o Vitória atuou com inteligência, sobretudo na segunda etapa, e teve sorte, soube aproveitar bem as chances que criou. Assim é o futebol. Belo triunfo rubronegro e fundamental na recuperação da confiança da equipe, chegou em boa hora, começo do Brasileirão. Vencer no Maracanã e para um adversário qualificado mostra que o time tem condição de ir além , de crescer mais na competição.
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Destaques para o goleiro Wilson, o zagueiro Defendi, o frente de zaga Luis Gustavo, o meia ZéWélisson e o esperto Marquinhos, autor dos dois gols.
No Flu, Carlinhos pela esquerda, Conca pelo meio e Fred na frente, os melhores.
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Cagatórios
A CBF interditou no sábado, por tempo indeterminado, o estádio do Arruda, em Recife, depois da morte de um torcedor do Sport (torcida rival do time coral, o Santa Cruz, dono do espaço) atingido por um vaso sanitário atirado do alto, de dentro para fora do estádio, por torcedores do Santa.
Tudo aconteceu após a partida Santa Cruz x Paraná, pela série B, quando houve um conflito entre torcidores nos arredores que precisou de intervenção da polícia. Na hora da confusão dois vasos cagatórios arrancados dos sanitários do estádio foram a tirados sobre o grupo em conflito e um deles acertou em cheio a cabeça de membro da torcida jovem do Sport, Paulo Ricardo Gomes da Silva, de 26 anos, que brigava ao lado dos paranaenses, matando-o na hora.
Lamentavel sob todos os aspectos, um horror. O fato, claro, já repercutiu nacionalmente e mundo afora, até em função da Copa do Mundo que acontece no Brasil de 12 de junho a 13 de julho próximos. Passamos a imagem de um país selvagem.
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Entramos numa semana de Ba Vi, há um clima de guerra entre a Imbatíveis x Bamor, depois de um animador da turma rubronegra ter sido assassinado na porta do estabelecimento onde trabalhava, nos Barris. Diz a polícia que o motivo foi uma dívida, mas, logo depois, diretores da Bamor, a torcida rival tricolor foram ameaçados de morte. Na manhã do último clássico três torcedores do Bahia foram esfaqueados em Brotas. Há juras de vingança e promessas de confrontos no ar, nas redes. Essas torcidas uniformizadas organizam-se como gangues e têm como objetivo maior o ódio, a violência, o extermínio dos rivais. O Estado, a federação, os clubes, a mídia... todos temos de repudiar firme esses atos e a covardia dessas gangues, punindo exemplarmente qualquer ato de violência praticado. Ou... veremos mortes estúpidas de jovens, de inocentes, catástrofes... e a morte do futebol como esporte, como um jogo sadio, como arte de um povo ... Que tipo de gente somos e que imagem passamos para o mundo?
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Os clubes brasileiros, que devem fortunas ao Governo, ao Estado, devem também e ainda R$ 114 milhões à`CBF e às federações estaduais. Os cariocas são os que mais devem. Entendemos assim a subserviência para com os dirigentes(mesmo corruptos, incompetentes), e a manutenção deles nos cargos por tempo indefinido, com o appoio dos clubes, óbvio. Eis o porquê do atraso, da decadência do futebol no país.
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- Quero aqui registrar, com uma tristeza que só Deus sabe, a morte essa semana de um grande amigo, rubronegro de fé, o jornalista João Sampaio, de apenas 44 anos, uma vida pela frente para curtir, escrever, construir, registrar... Um amante do cinema. Que o Criador o tenha, bem acolhido, no mundo do além, o Orum. Amém. Uma lágrima do amigo tricolor, sentido.