Esporte

BAHIA joga coletivamente e se aproxima da taça, por ZÉDEJESUSBARRÊTO

Francamente, é inaceitável o que a chamada ‘bancada da bola’ está armando em Brasília, com uma proposta no Congresso para que sejam perdoadas, anistiadas as dívidas dos clubes perante o Estado
ZédeJesusBarrêto , Salvador | 06/04/2014 às 20:26
Vitória perdido em campo e sem bom esquema tático
Foto: iBahia

“Uma paixão: a bola, o drible, o chute, o gol”

Abro a coluna com o verso do poeta Carlos Drummond de Andrade em louvação à torcida do Bahia. O tricolor venceu a primeira batalha para a conquista do título baiano de 2014 diante de seu maior rival pelo placar de 2 x 0, diante de mais de 34 mil torcedores, na Fonte Nova, com superioridade em campo e, com esse resultado, decide domingo próximo em Pituaçu com a vantagem de até poder perder por um gol de diferença. 

Certo, nada está decidido, não há ainda o que comemorar, o rival merece todo o respeito, mas é uma boa vantagem e, atentem, foi o sexto confronto seguidos, Ba Vis, que o tricolor não perde. Pergunto: há quanto tempo isso não acontece?

O tricolor venceu porque encaixou melhor a marcação, ocupou melhor o meio campo, jogou mais simples e com mais objetividade, a equipe, bem postada, parecia mais equilibrada emocionalmente em campo, jogando coletivamente, sabendo bem o que fazer para dobrar o adversário. Foi absoluto em campo, enfim.Palmas para o treinador Marquinhos Santos pelo que a equipe rendeu em campo.

Domingo é outra história, vai ser uma guerra. 

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Estado de graça

Clima de decisão no estádio inteiro. A partida começou nervosa, pegada, catimbada, mas a arbitragem do goiano Wilson Pereira Sampaio chegou junto, não se deixou levar pelos jogadores mais malandros e faltosos. 

O Vitória começou melhor, em cima e , aos 2’, numa boa jogada de fundo do William ‘picapau’, Hugo bateu da entrada da área e Lomba defendeu. O tricolor respondeu com Talisca, de falta, a bola triscando o poste, aos 4’. Aos 10’, na melhor jogada da primeira etapa, Maxi Biancuchi rasgou a defensiva adversária e bateu forte para Wilson salvar. O Bahia perecia ocupar melhor, ganhar mais as jogadas no meio campo, mais encaixado. Aos 14’, Titi completou cruzamento, de cabeça, mas Ayrton salvou na linha. Aos 19’, Talisca arriscou de fora, rasteiro, a bola passou perto. 

Aos 24’, Fahel fez uma falta na meia lua que Ayrton bateu por cobertura, com perigo. O Vitória equilibrou no meio campo, marcando melhor. Aos 32’ , numa blitze rubronegra, Juan pegou bem um rebote de fora e acertou a trave. Quase. Aos 34’, o árbitro acertou ao anular um gol de Titi de cabeça, após bola parada bem executada por Talisca. Aos 35’ Juan ajeitou com o braço e finalizou, mas o árbitro viu e anulou, acertou. O gol saiu aos 37’, após um erro de Defendi; Talisca roubou, tabelou com Maxi e finalizou com a canhota, no canto, colocado 1 x 0. 

A segunda etapa: 

O Bahia não voltou recuado, mas mostrou maturidade, esperou o adversário vir pra cima tentando o empate, inteiro. O tricolor marcou bem e, na retomada da bola, foi pra cima, levou perigo. O rubronegro parecia mais ligado, após a entrada de Marquinhos pela esquerda. O Bahia perdeu o lateral Guilherme, machucado e , logo depois Uélliton, expulso após trocar provocações com o meia Hugo do Vitória, ambos de braços dados pros vestiários mais cedo. 

Esperto, Marquinhos pos Pittoni em campo, no lugar de Lincoln, e equilibrou. Rhayner , aos 25 fez bela jogada mas errou o alvo. Aos 34’, Talisca, soberbo, bateu escanteio na cabeça de Fahel, livre, desmarcado, de testa: 2 x 0. 

Daí até o final foi show tricolor nas arquibancadas, o torcedor do Bahia em estado de graça, e um ‘chocolate’ dentro de campo, com os jogadores do Bahia trocando passes, evoluindo, sem dar chances de reação aos rubronegros.
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Acabado o jogo, nos vestiários, o treinador Ney Franco admitiu que levou um nó tático de Marquinhos Santos. O segundo nó em dois clássicos seguidos, diga-se. O Bahia povoa o meio campo e não tem um centroavante fixo, joga em contragolpes velozes e trocas de posição quando tem a bola, priorizando a marcação forte na retomada da pelota. Simples. 

Marquinhos disse que não ganhou nada ainda, que os atletas estão conscientes disso. Cada jogo é um jogo, ele não contará com o bom lateral Guilherme, que saiu com distensão na coxa, nem com Uéliton, expulso. Farão falta sim. Já o Vitória não terá Hugo e vai ter de reinventar uma forma de jogar para suurpreender o Bahia ou ... o caneco será do tricolor. 
Vai ser uma semana de muito tititi.

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Destaques no Bahia para o zagueiro Démerson, os apoiadores Fahel e Uélitton, a garra e a velocidade de Rhayner, a inteligência de Biancuchie o futebol de alto nível do meia Talisca.

No Vitória, salvaram-se Cáceres, Juan e Marquinhos. A zaga vacilou, os laterais pouco apareceram e Souza... bem, aquilo que conhecemos desde os tempos do Bahia. 
Palmas para a boa arbitragem. 
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Toques:

- As arquibancadas móveis, atrás do gol do Dique, já estão sendo montadas para a Copa do Mundo que começa em 12 de junho.

- Souza, em seu primeiro jogo contra o ex-clube, atuou com a camisa 22, o mesmo número que o ‘compadre’ Titi usava no tricolor. Homenagem ao amigo ?

- O goleiro reserva Omar machucou-se no aquecimento, minutos antes de a bola rolar, então foi preciso convocar o terceiro goleiro aos vestiários; Douglas Pires já estava nas arquibancadas, com a família, esperando o jogo começar e teve de ir correndo substituir o companheiro. Daí, o tricolor atrasou pra entrar em campo. 

- Os jogadores do Bahia entraram em campo com seus filhos menores nos braços, carregando-os. Deu sorte.

- No Rio, também domingo à tarde, o sub-17 do Bahia empatou de 2 x 2 com o Fluminense carioca, na disputa final do título de uma copa nacional da categoria. Nos pênaltis, deu Fluminense. Na sexta, de virada e pelo placar de 2 x 1, o tricolor detonou o Vitória. 

- No sub-20, também a dupla Ba Vi disputa o título baiano 2014. O Bahia saiu na frente e venceu, sábado, o rival por 1 x 0, leva vantagem para o segundo e derradeiro confronto, na quinta, em Pituaçu.

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Paulo André, zagueiro, um dos líderes do Bom Senso FC, ex-corínthians e hoje na China, em entrevista ao repórter Cosme Rimoli:

- Que sentimento domina a sua alma ao saber que só três pessoas foram detidas entre as quase 200 que invadiram o CT do Corinthians? E elas acabam de ser liberadas, com o juiz garantindo que elas só queriam mostrar seu amor ao clube? Sinceramente…

- É a porra do Brasil, como diria Renato Russo. A declaração do juiz foi desastrosa, ele não tem ideia do que passamos naquele fatídico dia. Ele está incentivando novas ações como essa. É uma vergonha. A impunidade é o grande mal do nosso país. Essa semana o presidente do Comercial de Ribeirão Preto deu entrevista dizendo que não pagaria seus atletas, seu segurança ameaçou os jogadores com uma arma e nada vai acontecer. Precisa de mais alguma confissão para o cara ser banido do futebol? E ainda veremos mais 3 ou 4 casos de ameaças e agressão a atletas de futebol no Brasil esse ano. Pode escrever. Até o dia em que alguém morrer. Daí aparece um promotor/justiceiro para cuidar do caso. O Brasil é o país do deixa para depois que a gente resolve

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impunidades

Francamente, é inaceitável o que a chamada ‘bancada da bola’ está armando em Brasília, com uma proposta no Congresso para que sejam perdoadas, anistiadas as dívidas dos clubes perante o Estado, acumuladas em milhões e milhões durante mais de 25 anos – INSS, FGTS, IR, Receita e Banco Central. Um absurdo de incompetências, malandragens, roubalheiras ... de uma cartolagem sem adjetivos publicáveis. Perdoar, passar a mão pela cabeça, mais uma vez, significa impunidade, o ‘pode continuar roubando’. É compactuar com o atraso. 

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Vamos ter o Brasileirão 2014 com a Portuguesa ou com o Fluminense¿ A Lusa entrou na Justiça Comum e obteve uma liminar para anular a decisão do Tribunal de Justiça Esportivo que rebaixou o time de São Paulo por ter usado um jogador irregular, o ano passado. A lambança continua com a CBF e pode melar o Brasileirão 2014, plena Copa do Mundo. Nada bom.