Esporte

NA VARANDA DA COPA: Angela e Dilma em Salvador, por ZÉDEJESUSBARRÊTO

Em Salvador, o Fan Fest pode acontecer no Jardim de Alah, na orla Atlântica, ou na praça Cayru, diante do Elevador Lacerda / Mercado Modelo, na cidade-baixa, com vista para o forte do mar, o São Marcelo.
ZédeJesusBarrêto , Salvador | 02/04/2014 às 15:04
Chanceler da Alemanha pode marcar presença em Salvador
Foto: AFP
Resenhando: 

Estamos a 72 dias do início da Copa do Mundo 2014, no Brasil. E a FIFA, ‘dona’ do evento, anuncia que já comercializou mais de 2,5 milhões de ingressos, burras cheias. 
Essa será a 20ª Copa do Mundo, desde a primeira em 1930, no Uruguai. Ao todo, 81 países já participaram da competição. Só o Brasil participou de todas as edições. Muitos, 23 países exatamente, competiram apenas uma vez e não conseguiram mais se classificar noutras seguintes.

Nessa edição de 2014, a estreante é a seleção da Bósnia, que se classificou com destaque nas eliminatórias européias e pode pintar como uma surpresa. Olho nela.


Os holandeses, que jogam na Fonte Nova contra a atual campeã Espanha no dia 13 de junho, prometem fazer festa na capital baiana, com mais de 5 mil visitantes ‘invasores’ vestidos de laranja para contrapor em entusiasmo nas arquibancadas a grande colônia espanhola , sobretudo de galegos, que mora em Salvador. 

Até por lambanças remotas históricas, os baianos devem torcer pela Espanha. Os holandeses, nos tempos em que a pátria deles era chamada de ‘países baixos’ e eles disputavam os mercados d’além mar à frente das esquadras guerreiras e comerciais da Cia das Indias, invadiram a Baía de Todos-os-Santos nos anos 1620, travando batalhas, sofrendo reveses, assustando a então capital do Brasil-colônia. Conta o escritor João Ubaldo Ribeiro em seu magnífico “Viva o Povo Brasileiro” que os tupinambás da ilha de Itaparica adoravam a carne maciça dos branquelos holandeses capturados nas refregas, assadinha na brasa.

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A Sra Angela Merkel, primeira-ministra da Alemanha e ‘dama-de-aço’ do Euro, sinalizou para o governo baiano que virá a Salvador ver de perto o jogo Alemanha x Portugal, na Fonte Nova, dia 16 de junho. Clássico europeu, com a presença em campo do melhor do mundo/2013, Cristiano Ronaldo, com a camisa rubro-verde; e, do lado alemão, o goleiro Neuer, Lahn, Kross, Götze, Muller, Schweinsteiger... Uma das favoritas. Jogaço de bola. Se confirmada, é provável tb a presença da presidente Dilma.

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Uma curiosidade dessa Copa, em campo, será a ausência de alguns craques de primeira linha do futebol europeu, como o atacante sueco Ibrahimovic, artilheiro do PSG da França, também o bom centroavante polonês Levandowski, e o galês Bale que joga no Real Madrid. Todos fora porque, infelizmente, não conseguiram classificar as seleções de seus países para a competição. Pena. Pela bola que jogam seriam atrações e destaque. 

Dois dos melhores treinadores de futebol do planeta também vão ver de fora dos gramados os jogos, não vão trabalhar: o marrento português José Mourinho (do Chelsea) e o espanhol Guardiola (do Bayern), consagrados estrategistas. Farão falta. 
Ausências sentidas, mas nada que possa turvar o brilho do espetáculo de bola dentro dos quadriláteros verdes. Tem craque de sobra pra se ver. 

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De acordo com o ‘Manual do Evento’ elaborado pela FIFA e entregue às cidades-sede, prefeituras e governos estaduais têm a responsabilidade de organizar e promover as chamadas Fan Fest, shows musicais fora dos estádios para os que vão ver a Copa. 

Em São Paulo, acontecerá no Vale do Anhagabaú. Em Fortaleza, no aterro da praia de Iracema. Em Belo Horizonte, na praça da estação Expominas. Em Cuiabá, no Parque de Exposições. Em Curitiba, na pedreira Paulo Leminski e, em Manaus, no parque da Ponta Negra. A festa em Brasília foi deslocada para o Taguapark, longe do Centro, por medo de protestos e quebra-quebra. No Rio de Janeiro não há local definido ainda, bem como em Porto Alegre e Natal, embora o evento esteja assegurado. 

Em Salvador, o Fan Fest pode acontecer no Jardim de Alah, na orla Atlântica, ou na praça Cayru, diante do Elevador Lacerda / Mercado Modelo, na cidade-baixa, com vista para o forte do mar, o São Marcelo. 

O Itaquerão, estádio do Corínthians avalizado pelo ex-presidente Lula - que já comeu mais de 1,150 bilhão e onde dois operários já morreram -, continua sendo a dor de cabeça dos organizadores da Copa, pois não há ainda uma data certa para estar pronto e ser inaugurado. É lá que vai ser ( será?) o jogo de abertura, dia 12 de junho, mas... a urucubaca na área é forte, parece macumba. O atraso preocupa, no entanto é impossível pensar São Paulo fora da Copa. 
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Historiando:
- Na Copa de 1930, a primeira, disputada no Uruguai, os campos de futebol ainda não tinham as marcas do pênalti, tampouco a chamada meia-lua da grande área. O árbitro contava nas passadas as 10 jardas, a partir da linha do gol, e lá colocava a bola para o tiro fatal. Somente em 1937 as novas marcas aparecem nos gramados, aprovadas pela International Board. 
- O primeiro gol das copas foi marcado por um francês de nome Laurent, no estádio Pocitos, campo do Peñarol, aos 15 minutos do jogo de abertura da Copa de 30, França x México. Não há registro histórico fotográfico do tento.
- A seleção brasileira, formada só com jogadores cariocas, chegou ao Uruguai de navio e, logo de cara, no dia 14 de julho de 1930, estreou perdendo por 2 x 1 para a Iugoslávia, no estádio Parque Central. O gol brasileiro foi de Preguinho, aos 16’ do segundo tempo, quando o placar já era 2 x 0. No dia 20, o Brasil aplicou 4 x 0 na Bolívia, com dois gols de Preguinho e dois de Moderato, no estádio Centenário, mas já estava fora das semifinais. A seleção disputou a Copa com camisas brancas de mangas compridas, calções azuis e meias pretas. 

- O fracasso foi atribuído aos cartolas da CBD-Confederação Brasileira de Desportos e à rixa entre cariocas x paulistas. Por causa dessa lambança ridícula fomos para a competição desfalcados, enfraquecidos, sobretudo com a ausência do craque Artur Friedenreich, artilheiro incontestável, considerado o Pelé da época.

- A final da Copa de 30 foi entre os ‘hermanos’ Uruguai x Argentina, tempos dos tangos de Gardel. Dia 30 de julho, no recém-construído estádio Centenário com 80 mil pessoas, Uruguai 4 x 2 Argentina – gols de Peucelle e Stábile para os argentinos, no primeiro tempo e Dorado para os uruguaios que, na segunda etapa, enfiaram 3 gols ( Cea, Iriarte e Castro, apelidado de ‘el manco’, por não ter uma das mãos) e se sagraram os primeiros Campeões do Mundo. 

- Time campeão: Ballesteros, Nasazzi, Mascheroni, Andrade, Fernandez, Gestido, Dorado, Scarone, Castro, Cea e Iriarte. O artilheiro da Copa de 30 foi o argentino Stábile, com 8 gols, uma lenda. 

- Curiosidade: o jogo final começou com 15 minutos de atraso porque os argentinos se recusavam a jogar com a bola uruguaia, de fabricação inglesa. Queriam usar a bola argentina de fabricação portenha. Numa decisão salomônica, a organização da competição determinou que o primeiro tempo fosse jogado com pelota argentina ( e os argentinos venceram) e a segunda etapa com a bola uruguaia, então deu-se a virada da ‘celeste olímpica’, e o título. 

- Em 1930, o Uruguai era um dos países mais desenvolvidos da América Latina, tinha uma população de 1,85 milhão de habitante, 660 mil deles morando na capital, Montevidéu. À época, um peso uruguaio equivalia a um dólar.