Um objetivo em comum pode tornar os piores inimigos em aliados pontuais. Wanderlei Silva e Vitor Belfort não são inimigos, mas podem ser considerados desafetos. Desde a luta entre os dois, em 1998, na primeira visita do UFC ao Brasil, o primeiro vem buscando uma revanche contra o segundo, que o nocauteou em 44s, e os dois trocaram farpas em inúmeras ocasiões, especialmente durante o primeiro The Ultimate Fighter Brasil, em que ambos serviram como treinadores. A revanche estava marcada para a final do programa, mas Belfort sofreu uma lesão na mão com menos de um mês restando para o combate e foi forçado a desistir da luta.
Agora, Wanderlei está de volta ao reality show, novamente como treinador, mas com outro desafeto, Chael Sonnen, como antagonista. Belfort, por sua vez, venceu três lutas em 2013 e se credenciou a disputar o cinturão dos pesos-médios contra o atual campeão, o americano Chris Weidman, no UFC 173, em 24 de maio, em Las Vegas. Desta vez, Wand vai torcer pelo compatriota, visando uma possível revanche no futuro.
- Acho que, nos dois primeiros rounds, o Vitor Belfort é o favorito. Mais no primeiro, até a metade do segundo. Se o Weidman conseguir segurar esse ímpeto inicial e impor seu ritmo de botar para baixo, acho que ele leva. Mas acho que o Belfort é um cara perigoso e tem todas as chances de ganhar. Estou torcendo para ele agora, vou até comprar a camisa do Belfort e colocar! (risos) Quero que ele ganhe, e quero eu ganhar do Sonnen, porque quero ser o primeiro desafiante dele pelo cinturão! Mas quero que ele se saia vitorioso, é um cara que está mostrando boas performances e tem todas as chances - afirmou Wanderlei Silva ao Combate.com.
Apesar da torcida e do apoio sinceros, o lutador não se conteve e ironizou um pouco a fama de "amarelão" que Belfort ganhou de seus detratores após sua derrota para Anderson Silva, amigo de Wanderlei, em 2011.
- Se ele treinar direitinho, trincar o dente e não se encolher, porque ele é um leão quando está batendo, mas quando toma umas, a gente sabe o que acontece. Não pode deixar esse "lado Belfort" dele aflorar muito. O negócio é trincar o dente e, mesmo que leve umas, despertar o coração de leão. Está representando o Brasil, puxar aquela garra lá de dentro e tentar até o final. É isso que a gente quer - disse.
O "Cachorro Louco" ainda defendeu Belfort na polêmica sobre a terapia de reposição de testosterona (TRT) que usa. Para o veterano, se o tratamento é legal, não há problemas. Porém, Wanderlei também fez uso de ironia ao comentar o problema do "Fenômeno".
- Acho que, se ele está fazendo, é porque pode. Se não pudesse, ele não faria. É tudo com médicos, tudo dentro de números. O cara tem o direito também de ter a testosterona de um cara de 21 anos, se você está lutando contra um cara de 21. A testosterona é uma coisa que vai baixando com o passar do tempo. Soube de um papo lá que ele estava meio... Que esse negócio de TRT não era nem para lutar, foi uma exigência em casa, era o que o pessoal estava falando. Se é para salvar o casamento, se começou por outros motivos e passou para o lado profissional, se tem que fazer, faz. Por que não? É coisa de saúde, dentro da lei, não vejo problema nenhum - declarou Wanderlei Silva.