Esporte

Com elogios a Nadal e crítica à Copa, Guga se deslumbra com Rio Open

Ídolo do tênis brasileiro revela inveja por não poder desfrutar do torneio como atleta, se impressiona com retorno do Miúra e reclama do governo: 'Me deixa abismado'
G1 | 19/02/2014 às 19:51
Guga vai entregar troféu de campeão do Rio Open no domingo
Foto: Matheus Tibúrcio

            Com promessa de ficar até o final do Rio Open e entregar o troféu de campeão do torneio no próximo domingo, Gustavo Kuerten chegou ao Rio de Janeiro deslumbrado com a estrutura montada no Jockey Club Brasileiro. Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, o ex-número 1 do mundo revelou ter até sentido vontade de entrar em quadra, dado que a sede da competição tem vista para o Cristo Redentor, principal ponto turístico da cidade e uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno. Sem papas na língua, ele também elogiou Rafael Nadal, principal nome do evento, e criticou a organização da Copa do Mundo no Brasil.

            - Quando eu saí do estacionamento daqui e olhei para o Cristo, a vontade que deu pra jogar aqui no Rio... ainda mais se tivesse Nadal na minha época, para jogar contra ele.... Isso é incrível. Estou chegando agora, mas pela televisão está bacana, muito bonito. O (David) Ferrer me comentou que a quadra está com muito pó no fundo, mas acho válidas essas opiniões dos tenistas. Vejo que as requisições estão num padrão bem abaixo do que estamos acostumados (no dia-a-dia). É simples, cuida da quadra aqui e ali. O torneio tende a ser muito bem visto pelos jogadores. O Rio por si só é atraente e agora é fazer o dever de casa.

            Maior ídolo do tênis brasileiro, Guga foi só elogios para Nadal. Ele demonstrou ter ficado encantado com a forma com que o atual número 1 do mundo retornou ao circuito depois de ter ficado sete meses parado por conta de uma lesão no joelho esquerdo. Foram 10 títulos do Touro Miúra em 2013. O espanhol até foi indicado nesta quarta-feira para a categoria de melhor retorno do ano do Prêmio Laureus, o Oscar do Esporte.

            - O que eu vi o Nadal fazer no ano passado é um exemplo de primeira categoria. Nunca vi algo parecido, nesse tipo de performance. O Nadal tem uma evolução que a gente não consegue compreender, é impressionante. A gente tem que sugar o máximo possível dele. É uma oportunidade única, que a gente não sabe quando vai voltar a acontecer.

            Além de falar sobre o Rio Open, Guga também aproveitou para criticar os esforços para a realização da Copa do Mundo no Brasil. Com obras nos estádios atrasadas e outras de infraestrutura ainda em andamento em todo o país, o ex-tenista reclamou sobre a atenção dada pelo governo para tentar realizar um evento esportivo de curta duração e comparou com problemas do cotidiano enfrentados por ele em Florianópolis e pela população.

            - Vergonha o Brasil não passa. O que pode acontecer é aparecer toda a realidade que é o país ainda. A gente sofre de dificuldades desde o básico. A Copa vai ser em dois meses, tem um potencial de contagiar as pessoas, e vai terminar. Não consigo enxergar grandes benefícios além de uma atenção pontual. Aquela promessa de mudança não existe na prática. Em Floripa, tem trânsito todo dia. A indignação é pelo grau de expectativa que surge pelos brasileiros, a falta de respeito que é gerada com as pessoas. O governo assume compromissos com todos e não cumpre na maioria das vezes. Hoje é uma sensação frustrante essa realização da Copa do Mundo. Vai ser incrível, é especial, mas não sei se a Fifa já viveu uma situação tão constrangedora. É inadmissível essa distância entre a nossa realidade e o que vai acontecer em dois meses. Isso é o que me deixa abismado.