Esporte

QUEM manda no Bahia? Eis a questão das derrotas, p ZÉDEJESUSBARRÊTO

A semana que antecedeu a derrota na Fonte Nova para o Galícia foi de muito tititi nas hostes do tricolor de Itinga.
ZÉDEJESUSBARRÊTO , Salvador | 09/02/2014 às 22:06
Galícia com uniforme em homenagem a seleção espanhola
Foto: A TARDE
Surpresa, goleadas, vaias, o Galícia vitorioso e um treinador cai-não-cai ... logo na primeira rodada da segunda etapa do Campeonato Baiano, nesse fim de semana. Os dois Vitórias, o da Capital, em Teixeira de Freitas ( 4 x 1, no Serrano) e o de Conquista (5 x 0 na Catuensevenceram de goleada, mostrando superioridade. O Juazeirense ganhou de 1 x 0 para o Jacuipense. E, na Arena Fonte Nova, com cerca de 7 mil torcedores nas arquibancadas, o Galícia, depois de 12 anos fora do Baianão, de virada, enfiou 2 x 1 no irreconhecível Bahia, a ‘galegada’ fazendo festa pela cidade. 

*
Vaias 

Não poderia ser pior a estréia do Bahia no Campeonato Baiano 2014, após a eliminação vergonhosa do clube na Copa do Nordeste, ainda na primeira etapa da competição. Jogando um futebol confuso, bur(r)ocrático, previsível e irritante, o tricolor, time de primeira divisão, levou 2 x 1 e um banho de bola na segunda etapa do time do ‘desestrelado’ Galícia que, depois de 12 anos, retornou à primeira divisão do campeonato baiano. 

Após a partida, a diretoria do Bahia se reuniu (sem a presença do presidente Schimidt) para discutir a possível demissão do treinador Marquinhos Santos, que está à frente da equipe desde o início do ano e não vem agradando, pois a equipe em campo não mostra evolução no futebol jogado. A torcida se manifestou também, nas arquibancadas, pela saída do diretor de futebol William.

*

O Bahia foi melhor na primeira etapa, atacou mais, criou chances de golear, mas fez apenas um gol, aos 25 minutos, com o veloz Rahynner recebendo um lançamento longo de Fahel, ganhando da zaga e, de cara com o goleiro, tocando para as redes: 1 x 0. Justo, até aquele instante de jogo, pois o tricolor já havia chegado bem aos 13’, numa boa jogada pela esquerda do lateral Guilherme que fez um cruzamento rasteiro mas não apareceu nenhum pé tricolor na pequena área para concluir. Aos 15’, Guilherme sentiu a coxa e Raul o substituiu na lateral esquerda. Raul, aos 18’, cruzou e Talisca pegou de voleio, num belo lance, mas o goleiro Tigre defendeu. 

Aos 20’, num cruzamento de Madson, a bola riscou na pequenas área, mas faltou finalização. A partir de então, o tricolor caiu de produção, passou a errar passes e o Galícia foi reagindo, ganhando as divididas e o meio campo, mesmo sem ameaçar o gol de Lomba. 

Ricardo Silva, o treinador do ‘granadeiro’, mexeu na equipe no intervalo de jogo e foi para cima buscar o placar, enquanto o Bahia voltou para a segunda etapa ainda mais enrolado, sem vontade de ganhar, meio desligado, errando em todos os setores. A torcida começou a pegar no pé de alguns jogadores, especialmente Madson, Raul e Maxi Biancucchi, que tentavam e erravam muito. Mais que eles passou a errar a defesa, com Lucas, Titi e Fahel num dia aziago. 

Aos 15’, o meia Davidson, que havia entrado no intervalo, recebeu nas costas do lateral Madson, cortou para o meio, Lucas Fonseca não deu combate, Titi chegou atrasado e o atacante acertou um belo chute sem chances para Lomba, empatando, 1 x 1. O time de Ricardo Silva jogava arrumadinho, marcando bem, explorando as costas dos laterais e ganhando o meio campo, enquanto a equipe tricolor parecia disputar um babinha de fim de semana, sem nenhum esquema tático. Assim, apático, minutos depois, levou o segundo, numa bola que veio da esquerda, atravessou a área tricolor, a defesa olhando, Raul mal posicionado e Anselmo pegou bem, de frente, fazendo 2 x 1. A reação não veio. Aos 30’, Madson fez bom cruzamento rasteiro, do fundo, mas o goleiro Tigre abafou. Aos 35’, Fahel meteu uma cabeçada no ângulo, mas Tigre foi espetacular, evitando o empate. No final, um time abatido de vermelho,azul e branco, cabisbaixo, deixou o gramado sob vaias. 

Um péssimo resultado, um futebol horrível do tricolor e uma partida surpreendente do Galícia de Ricardo Silva, que conhece bem o tricolor de Itinga. A torcida ‘galega’ cantou: ‘O demolidor de Campeões voltou!’, como nos velhos tempos, lembrando 1968, quando o Galícia sagrou-se campeão baiano. Já a torcida tricolor... de cabeça inchada a recordar-se do filmezinho do ano passado, tudo se repetindo. Lamentável. 
*
Destaques no time vencedor para o goleiro Tigre, a boa e alta dupla de zaga, o meia Davidson e o atacante Anselmo, reservas, que mataram o jogo no segundo tempo.
No tricolor, salvaram-se do desastre o apoiador Pittoni, o meia Talisca e o atacante Rahyner. Os zagueiros Lucas e Titi horríveis, Fahel o mesmo de sempre, e Maxi Biancucchi dá pena, fora de forma e atuando erradamente de centroavante. 
O time tricolor, de moral baixa, pega a Jacuipense, na quarta-feira, em Pituaçu. 
*
O Galícia, dizem que em homenagem à seleção espanhola, entrou em campo com um uniforme estranho à sua história azulina: calções e camisas vermelhas, com a faixa em diagonal amarela, e meiões brancos. Deu sorte. 

*
Quem tem o poder ? 

A semana que antecedeu a derrota na Fonte Nova para o Galícia foi de muito tititi nas hostes do tricolor de Itinga. Muito se falou em salários atrasados, na possível saída do diretor financeiro Reub Celestino, que estaria batendo cabeça com o diretor de futebol William que, dizem, quer mandar em tudo. Aliás, falam pelos cantos que o presidente Schimidt não manda em nada no clube, quem dá as ordens é o publicitário Sidônio Palmeira e o diretor de futebol William. O presidente aparece de vez em quando, faz o discurso político e ... só. Virou zona? 

Essas coisas têm reflexo dentro de campo.
*
A torcida quer saber cadê o meia prometido e cadê o centroavante, camisa 9. Afinal, o chileno Sebá ainda vem ou não mais? 

O apoiador Uélliton, que atpé já realizou os exames médicos no clube, estava sentadinho nas arquibancadas, com a família, apreciando o ‘baba’, quieto, sem dar um pio, sério. Tem lugar pra ele naquele meio de campo, ao lado de Pittoni. 
*
Embalado

O Vitória viajou ao extremo sul do Estado e teve um pouco de trabalho, no primeiro tempo, contra o Serrano que estava invicto dentro de seu mando de campo, em Teixeira de Freitas. Mas o treinador Ney Franco mexeu no time ainda na primeira etapa e a equipe se impôs, bem ao seu estilo, com gols de Dinei, de Ayrton cobrando falta e tudo mais. O rubronegro tem a equipe com melhores jogadores e mais bem treinada do campeonato baiano, é favoritíssima ao bi, já mostrou as cartas. A equipe voltou de bem com a torcida, em vôo fretado, depois do jogo.

Na quinta, o rubronegro recebe a Catuense, no Barradão, antes de enfrentar o mata-mata contra o Ceará pelo Nordestão. . 

*
Foto da semana

O choro de Balotteli, marrento ídolo do Milan e da seleção italiana, sábado, campeonato italiano, jogo realizado no ‘pé da bota’, Nápoli 3 x 1 Milan. No meio do segundo tempo, após ser substituído pelo treinador Seedorf, o atacante saiu vaiado pela torcida adversária, cabisbaixo por não ter feito uma boa partido ou por ter perdido umas três boas oportunidades de golear, e sentou-se no banco de reservas, afastado dos outros colegas, escondeu o rosto no agasalho do clube e chorou de escorrer lágrimas, só. Mostrou o lado frágil do menino grande, que às vezes se mostra arrogante. Um instante de tristeza pelo fracasso, que às vezes nos ensina. No jogo, onde o Milan foi dominado, atuaram Robinho e Kaká, um em cada tempo, sem brilho. 
*
A Fonte Nova vai ser o palco da reedição da final da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, o clássico europeu Espanha (atual Campeã do Mundo) x Holanda, dia 13 de junho. Em campo, jogadores da estirpe de Xavi, Iniesta e Robben, craques de bola, jogo imperdível. 

Como sabemos, é imensa a colônia espanhola na Bahia e se anuncia a chegada de centenas de holandeses, em vôos charters de Amsterdã, além dos turistas em vôos regulares esperados. Um evento histórico para os que amam o futebol.