Esporte

Advogada de 51 anos vira referência no fisiculturismo natural

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Bruno Astuto (Época) , Rio | 09/02/2014 às 11:49
Cláudia Vilaça 1 ano após os exercícios
Foto: Época
Há seis anos, a advogada Claudia Vilaça decidiu acompanhar o filho sedentário a uma academia, em São Paulo, e nunca mais deixou o local. Acabou virando fisiculturista natural, como é chamado quem pratica o esporte, segue dieta 100% orgânica e não faz uso de anabolizantes ou esteroides.

 "Comecei porque vi meu corpo flácido, tudo balançava. Não ia à piscina nem praia porque minhas pernas e a bunda eram moles", conta ela, hoje com 51 anos. Claudia diz que, nessa época, se alimentava unicamente de pão e vinho. "Tomava uma garrafa por noite". Mas, agora, tamanha dedicação lhe rendeu o título de embaixadora de fisiculturismo natural no Brasil. 

Cansada de ficar em último lugar nos torneios locais, ela passou a competir nos Estados Unidos e venceu os dois últimos concursos de que participou. "O fisiculturismo aqui é sinônimo do uso de drogas. A ponto da mulher ter que usar cueca pela hipertrofia dos órgãos genitais e o homem, sutiã. Quero mudar isso", afirma ela, detentora do título de embaixadora de fisiculturismo natural no Brasil pela INBA - International Natural Bodybuilding Association.

O lema de Claudia é 'evolução lenta, mas constante' e, de tanto observar o treinamento dos malhadores inveterados, ela copiava algumas séries de exercícios e incluía em seus programas diários, até definir o que dava resultado - pasmem, ela é autodidata e sempre treinou sozinha. "Aos poucos fui aprendendo, lendo muito e pesquisando sobre treinos e dietas, fisiologia do exercício, fiz fóruns online e li livros de musculação nacionais e estrangeiros. 

Passei a montar os meus treinos sozinha", afirma. A rotina de seis dias intensos pegando peso a levou a querer mais. Foi então quando começou a competir no Brasil, mas era sempre a última colocada nos concursos repletos de corpos de músculos apoteóticos - e ela, inexpressivamente magra para o padrão. A decepção a levou a competir nos Estados Unidos, onde venceu os dois últimos concursos em primeiro lugar – o INBA Forevere Natural, em Las Vegas e o INBA World Cup, em Los Angeles, ambos no ano passado. Agora ela se prepara  para competir no All Women’s Championships, em Las Vegas, em abril, e no World Championship of Natural Bodybuilding and Fitness, na Eslováquia, em junho.

"Treino é 20% e o resto é alimentação. Tirei do cardápio todos os alimentos processados. Agora, só comidas orgânicas, sem adição de nada", afirma, contando que drogas são o caminho mais fácil para o ganho de massa muscular. "Você consegue qualquer coisa em academias e também em médicos que receitam GH (hormônio do crescimento) mesmo para quem não treina. É um perigo porque os anabolizantes promovem a hipertrofia muscular e também a dos órgãos internos", diz ela. Claudia conta que chegou a ser expulsa de uma academia por incomodar demais. "Os bombados me odeiam. 

Fui expulsa da academia do presidente da Associação Paulista de Fisiculturismo, que também é dono de um laboratório de drogas e diretor da maior empresa de suplementos do Brasil porque eu praticava sem usar nada", diz ela. "O fisiculturismo é a única modalidade esportiva que isenta os participantes do exame antidoping, diferentemente do fisiculturismo natural, em que o praticante tem que estar com o organismo livre de drogas nos últimos cinco anos", afirma.