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HERNANE, o "brocador" baiano do Flamengo é ídolo do novo Maracanã

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Globo Esporte , RJ | 29/11/2013 às 11:22
Hernane posa com broca e faz merchandising
Foto: Globo
O pacto de Hernane com o Maracanã foi marcado de vez no gramado do estádio na decisão da Copa do Brasil. Com o gol que selou o tricampeonato do Flamengo, o Brocador escreveu seu nome na história do clube, como um operário que deixou sua marca na obra do palco do final do Mundial de 2014. Antes de receber grandes craques do mundo, o novo Maracanã já tem o seu primeiro ídolo.

— Eu sempre acreditei no meu potencial, soube esperar e sabia que meu momento chegaria e eu poderia dar alegria para essa torcida — desabafou o atacante, emocionado ao ser reverenciado com os gritos de “Uh, terror, o Hernane é Brocador”.
Assim como os muitos trabalhadores que tentam a vida no Rio de Janeiro, o baiano de Bom Jesus da Lapa, na Bahia, penou para conseguir provar que tinha potencial para vestir a camisa 9 rubro-negra. A única certeza vinha da fé da mãe, Dona Meire, que estava no Maracanã abençoando o filho na final contra o Atlético-PR.

— Ela falou que eu seria titular, artilheiro e campeão. Graças a Deus as palavras dela foram abençoadas. Mãe é mãe, mas tudo que ela falou aconteceu — agradeceu.
No vestiário após a conquista, o preparador físico Joelton Urtiga colocou uma música de louvor evangélico que fez Hernane lembrar de seus dias de dificuldade no Flamengo, quando quase foi parar no Avaí, emprestado. A letra, citando uma superação, levou o Brocador às lágrimas mais uma vez.

— Eu chorei bastante, esse filme passou na minha cabeça, tínhamos que remover essa pedra. Eu tinha esse sonho de disputar a Libertadores — declarou Hernane.
Com 17 gols em 17 jogos no novo Maracanã, Hernane garante que não pensa em deixar o Flamengo, mas deixa o futuro nas mãos da diretoria. Ele tem sondagens e uma multa de R$ 25 milhões no contrato até 2016.

—Estou feliz no Flamengo. Essa parte não é comigo. É com a diretoria. Eu quero ficar — disse.

Nem o presidente apostava em Hernane

A descrença em Hernane não foi exclusividade da torcida. Até mesmo o presidente Eduardo Bandeira de Mello, torcedor fanático antes de gerir o clube, admitiu que o Brocador fez um sucesso inesperado.

— O Hernane caiu no gosto da galera, do treinador, é um artilheiro. Talvez a gente não imaginasse tanto, mas com certeza é o xodó da torcida no momento — disse.
O dia seguinte ao título provou a idolatria do atacante. Desde as primeiras horas, Hernane concedeu entrevistas em programas de televisão, e na hora de deixar os locais, era sempre cercado por funcionários-torcedores.
Humilde, o Brocador exaltou Jayme de Almeida.
— Ele disse uma palavra apenas. Vocês só precisam jogar. Passou confiança. Ele mereceu. O pouco que fez foi o bastante — declarou.