Jogo valeu para poucos reservas e aumentam as dúvidas
Globo , China |
15/10/2013 às 11:19
Oscar entra para marcar aos 13 minutos do segundo tempo
Foto: Rep Sport Tv
O amistoso contra a limitada Zâmbia, no Ninho do Pássaro, em Pequim, era um teste para os reservas da Seleção mostrarem serviço na busca de uma vaga para a Copa de 2014. Esperava-se um Alexandre Pato participativo, vibrante. Um Lucas veloz, perigoso. Um Ramires dinâmico. E que Lucas Leiva, Dedé e Maxwell entrassem em campo com os dentes trincados - o goleiro Diego Cavalieri nem conta, foi pouco exigido. Mas foi o zagueiro do Cruzeiro, ao marcar de cabeça o segundo gol aos 20 minutos, quem aproveitou melhor a oportunidade. E isso aconteceu depois de Felipão ter devolvido à equipe alguns titulares. Entre eles, Oscar, que com 13 minutos do segundo tempo, em bela jogada individual e com a sorte de a bola resvalar no zagueiro, abriu o caminho para a vitória de 2 a 0.
Mais importante que o resultado foi ver que ainda há vagas abertas na Seleção. Não há, por exemplo, um reserva para Oscar na armação das jogadas. Pato, Lucas e Ramires saíram no intervalo sob o olhar de desconfiança, e precisam de mais chances. Hernanes, Henrique e Bernard também entraram na segunda etapa e, com pouco tempo em campo, ainda serão avaliados. Lucas Leiva cumpriu seu papel, burocraticamente. Maxwell não comprometeu e pode ter até garantido sua vaga na lateral, mas lhe falta a desenvoltura no apoio tão marcante em Marcelo.
Os próximos jogos que servirão de teste para Felipão avaliar o elenco serão em novembro. No dia 16, em Miami, provavelmente contra Honduras. E no dia 19, diante da Rússia, em Toronto, no Canadá. Tudo vai depender da classificação direta de ambas para a Copa do Mundo.Decepção
Foi um primeiro tempo frustrante. Contra uma Zâmbia limitada e pouco agressiva, os reservas do Brasil ficaram devendo. Os defensores foram pouco exigidos, principalmente Diego Cavalieri, que fez apenas uma defesa, num chute fraco. Sem um garçom no meio-campo para servir o ataque, com meio-campo de três volantes e uma saída de bola lenta, ficou difícil mostrar um futebol veloz e cheio de opções, apesar de Neymar ter mantido a sua média e algumas chances até terem sido criadas.
A Seleção seguiu a cartilha lógica de quem entrou com um time muito mexido e tem um craque como Neymar: explorá-lo o máximo possível. Com sua criatividade e seus dribles, ficaria mais fácil abrir a defesa adversária. E foi depois de um daqueles de seu variado cartel que o camisa 11 sofreu a falta, ao receber a bola de Lucas, logo aos dois minutos. Na cobrança, cada vez mais apurada, a bola estourou o travessão. O goleiro Mweene ainda se esticou para, com um soco, evitar um rebote.
Contra um adversário cujo ponto forte definitivamente não é a marcação, estava fácil para o Brasil atacar, ainda que com tantas mudanças no time. Daniel Alves subia sem culpa e arriscou de fora da área, com perigo. A Seleção adiantava a marcação, e o goleiro Mweene errou ao sair jogando. Pato, lento, perdeu a oportunidade clara de abrir o placar.
O jogo tinha cara de goleada, e estava tão fácil que a Seleção começou a complicar perdendo tantos gols. Mais avançado, Ramires também queria mostrar serviço. Recebeu com carinho de Neymar e ficou livre, mas desperdiçou a chance. Lucas Moura, outro que corre contra o tempo para assegurar seu lugar, também arriscou um bom chute, com perigo, mas sem sucesso. Quatro chances perdidas em 16 minutos.
A Zâmbia bem que tentava, mas esbarrava nas suas limitações e no nervosismo. Dedé nem era tão exigido assim. Na lateral esquerda, faltava a Maxwell a vocação do apoio tão nítida em Marcelo. Apenas uma vez em 45 minutos o lateral foi ao fundo para centrar na cabeça de Neymar, que mandou pelo alto.
Lucas Leiva limitava-se muito a uma marcação até desnecessária diante do fraco adversário, mas correspondia. Dedé se saía bem no duelo com os atacantes, mas não dava para medir forças.
No meio, Paulinho, titular absoluto, era quem mais aparecia com louvor, ao lado de Neymar. Ramires até que se esforçou. Pato e Lucas Moura ficaram devendo. E o primeiro tempo terminou com o mesmo personagem do começo aparecendo com destaque. Neymar, sempre ele, disparando rumo ao gol. Sem receber falta, mandou cruzado de canhota, exigindo bela defesa do esforçado Mweene., o melhor de Zâmbia. Aos 43 minutos, a Seleção tinha o seu melhor momento, numa jogada individual. Era necessário muito mais no Ninho do Pássaro.
Dedé chora no gol
Felipão mostrou que não ficou satisfeito ao mexer no intervalo. Sacou de uma vez só Ramires, Pato e Lucas Moura para devolver ao time Oscar, Hulk e Jô. Bastou para a Seleção encontrar o seu jogo de toques e rápidos deslocamentos.
O goleiro Mweene voltou a brilhar, salvando chances de Daniel Alves e David Luiz (em cobrança de falta) O time encaixou melhor. Oscar fez bela jogada individual pela meia esquerda e bateu com efeito. A bola ainda tocou na zaga e encobriu o goleiro: 1 a 0 Brasil.
Neymar dava elástico, Paulinho batia de longe. Ao menos a Seleção mostrava a disposição e alguma técnica das últimas partidas. Hernanes entrava no lugar de Paulinho e David Luiz. Aos 20, em cobrança de falta pela esquerda, Neymar centrou na cabeça de Dedé, que não desperdiçou a chance: era o segundo gol do Brasil e um ponto a favor para o zagueiro do Cruzeiro, que chorou na comemoração.
Pouco depois, ele ganhava a companhia de Henrique, que entrou no lugar de David Luiz. A Zâmbia não oferecia o menor perigo, e Bernard, já no lugar de Neymar, já apagado, fazia sua boa jogada com Maxwell e Oscar. O camisa 11 limpou e bateu nas mãos de Mweene, um dos destaques da partida, que foi até os 51 minutos, sem muitas novidades.