Discurso do engenheiro Fernando Jorge Carneiro, empossado hoje, 21 de setembro de 2013, presidente do Conselho Deliberativo do Esporte Clube Bahia:
Ascom FS , da redação em Salvador |
22/09/2013 às 11:20
Discurso do engenheiro Fernando Jorge Carneiro, empossado hoje, 21 de setembro de 2013, presidente do Conselho Deliberativo do Esporte Clube Bahia:
Presidente Fernando Schmidt, Vice Valton Pessoa, Senhores diretores,
Caros conselheiros, Prezados jornalistas e radialistas,
Minha mulher Virgínia, minhas filhas, Renata, Andréa e Adriana, e meus genros - que hoje são meus filhos - meus adorados netos.
Amigos e amigas tricolores:
Hoje é um dia muito especial para nós e bastante emocionante para mim: ter a honra de presidir o Conselho Deliberativo do Esporte Clube Bahia, clube do meu coração e do de vocês também.
Escrevi isso no meu livro de memórias, intitulado Trajetória, publicado em 2001:
“O Bahia me proporciona o amor comparável ao de uma mulher, os sentimentos de família, a alegria infantil ao rir de um palhaço. Jamais esquecerei o dia em que ouvi, pelo meu enorme rádio Philco azul, aos oito anos de idade, a conquista da Taça Brasil, o título de primeiro campeão brasileiro de futebol”.
“Sou hoje assíduo torcedor. Tiraram meu título de conselheiro, porque não aceito que meu glorioso Esporte Clube Bahia tenha dono. Seguindo o conselho de meu ídolo e amigo Roberto Rebouças, me afastei”.
E isso, amigos, foi escrito em 2001.
Mas nunca renunciei ao meu amor e, hoje, estou aqui, na condição de conselheiro eleito, escolhido pelos meus pares, como presidente deste nobre colegiado.
E o sentimento que me anima neste instante não é o da vingança. Não.
O sentimento é: a nossa sede de justiça foi saciada.
Não contra mim, nem contra Schmidt, nem contra meus bravos companheiros dessa longa jornada.
Fez-se justiça - caros amigos e amigas - com as glórias, com as tradições, com a história do Esporte Clube Bahia.
A nossa história, que estava na lata do lixo, como os nossos dois maiores troféus: a Taça Brasil, de 1959, e o Campeonato Brasileiro, de 1988.
Porque foi isso - nação tricolor - que fizeram os que se achavam donos do Bahia. Os que se diziam eternos, mas plantaram as sementes do mal. Os que se diziam intocáveis e quase destruíram o clube por causa da incompetência e da má-fé.
Fosse somente uma empresa privada - presidente Schmidt - o Bahia seria apenas uma massa falida. E não é, porque tem uma torcida que comunga de uma fé indestrutível.
E não é, prezados conselheiros, porque ninguém nos vence em vibração.
E foi essa fé e essa vibração que não permitiram que nos desanimássemos nessa dura e longa batalha contra a terrível noite escura que pairava sobre o clube fundado, entre outros, por Waldemar Costa, com o lema: “Nasceu para vencer”.
Disputamos uma eleição em 2005 para aprendermos como era a regra do jogo. Aí, descobrimos que o jogo não tinha regras.
Em 2008, em nova disputa, passamos a contar com o auxílio luxuoso do Direito. Aprendemos que sem o poder da Justiça, não teríamos chance alguma.
Em 2011, já não inscrevemos candidato, mas plantamos a semente da intervenção: uma, duas, três vezes derrubada nos plantões das madrugadas sombrias do Fórum Rui Barbosa.
Insistimos, persistimos, resistimos. E o resultado todos vocês conhecem: a intervenção muito bem conduzida pelo nosso futuro e já grande benemérito, Dr. Carlos Rátis, mudança dos estatutos, eleições diretas, democráticas e transparentes, e a escolha, por fim, de Fernando Schmidt para presidir o Esporte Clube Bahia.
E neste instante, faço questão de fazer uma saudação especial a um homem que simboliza toda essa luta, que foi paciente com a nossa impaciência em não ver resultados das ações judiciais; que manteve a serenidade e a altivez quando nos sentíamos derrotados e, por muitas vezes, humilhados.
Nosso advogado pessoal, tricolor roxo, que abraçou esta causa e foi decisivo para este desenlace. Um nome que a gente não vê nos holofotes, nos microfones, porque é a própria personificação da humildade, da decência e da honradez.
Este homem - meus senhores, minhas senhoras - é o advogado Pedro Barachísio Lisboa, a quem peço, de pé, uma salva de palmas.
Foi com lutadores desse naipe que o Bahia venceu.
Foi com Pedro Barachísio, Schmidt, Luiz Osório Vilas Boas, Jorge Maia, Fernandinho Passos, Nestor Mendes Jr., Antonio Miranda, Virgílio Elísio, Sidonio Palmeira, Reub e Samuel Celestino, Ivan Carvalho, Marcus Verhine, Mario Junior, Emanuel Vieira, Alexandre Teixeira, Vitor Ferraz, Nelsinho Barros, Jeferson Nagata, André Joazeiro, Fátima Mendonça, Juca Kfoury, Bob Fernandes, Marcelo Barreto, Mario Kertész, todos os companheiros da ABL e da Revolução Tricolor.
Enfim, todos os tricolores que lutaram contra a ditadura dos coveiros do Bahia.
E não fomos nós: foi o Bahia, mais uma vez, que triunfou.
Com muita honra, repito, vou presidir este Conselho formado por homens e mulheres da melhor qualidade, tricolores de respeito. Não um Conselho fantoche, não uma farsa, mas um colégio, pela primeira vez em 82 anos de Bahia, realmente democrático, eleito pelo sócio tricolor.
Presidente Schmidt: tenha a certeza que este não será um Conselho medíocre, presidido por alguém que quer uma boquinha na sua administração.
Não queremos nada pessoal. Nossa luta foi, e continuará sendo por um Bahia gigante, imponente, profissional, transparente e democrático.
Nas nossas reuniões do Conselho não teremos capangas para nos amedrontar. Mas seremos - colegas conselheiros, presidente Schmidt - os guardiões implacáveis da lei, da democracia e da transparência no Esporte Clube Bahia.
Plantamos a semente da liberdade. Agora temos a obrigação, permanente, de regá-la.
Muito obrigado.