Esporte

BA e VI fecham turno do Brasileiro distantes do G4, p ZÉDEJESUSBARRÊTO

Impressionei-me com a estrutura montada e a organização das eleições diretas no Bahia, nas dependências da Fonte Nova.
ZédeJesusBarrêto , da redação em Salvador | 08/09/2013 às 11:05
Vitória vacilão toma gol aos 45 minutos do segundo tempo, na chuva
Foto: iBahia
Um sete de setembro cheio de notícias dentro de fora dos gramados brasileiros. 
Fora, as paradas militares e o eco das ruas, nem sempre pacíficos. Teve ainda as eleições diretas no E C Bahia, um exemplo para outros clubes de futebol e federações e mais o aniversário do querido Ypiranguinha. Dentro dos gramados, a bela goleada do Brasil sobre a Austrália, em Brasília, show de bola; o empate do Vitória contra o Galo Mineiro, no Barradão encharcado e, no Maracanã, o tricolor baiano entregou um jogo aparentemente fácil para o Fluminense ( 1 x 0). 

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Com esses resultados, a dupla Ba VI fecha a primeira metade do Brasileirão 2013 na parte inferior da tabela de classificação, ambos com 23 pontos ganhos – o Vitória em 12º e o Bahia em 13º lugar, bem mais próximos da zona de rebaixamento ( a três pontos apenas) . Com o complemento da rodas nos jogos do domingo, podem cair ainda mais alguns lugares. Infelizmente. 

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Independência ? 

O 7 de setembro de 2013 já é um dia histórico, fora de campo, para o E C Bahia, que realizou pela primeira vez, desde a sua fundação em 1931, uma eleição livre e direta entre seus associados para eleger uma nova diretoria, num clima de democracia, organização e decência. 

Foi eleito presidente o Sr Fernando Schimidt, um cidadão de carreira política sempre ligada às chamadas esquerdas, até ontem secretário de governo de Jaques Wagner. Na década de 1970 ele foi presidente do clube, com êxito, títulos conquistados em campo. 

O pleito aconteceu num clima de harmonia e esperança como geralmente não se vê no âmbito do futebol brasileiro, e não tenho conhecimento de ter acontecido nada parecido na história desse clube de massas. Schimidt foi eleito com 67 % dos votos de quase 4 mil eleitores que compareceram às urnas eletrônicas espalhadas peas dependências da Arena Fonte Nova, com sócios de todas as idades participando. 
O novo presidente, com sua diretoria e conselheiros (também escolhidos pelo voto direto) tomam posse na segunda-feira, 20 hs, no mesmo local. O torcedor, sofrido, anseia por mudanças e novos rumos no clube, e vai cobrar ações que, se espera, resultem na retomada de uma rota de conquistas do time de futebol em campo. Porque o Bahia é fundamentalmente um time de futebol popular. 

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Amarelo e preto

Sete de setembro é dia do aniversário de fundação do E C Ypiranga (criado em 1906), time de futebol que já foi o ‘mais querido’, o amarelo e preto, o clube do peito do povão da Bahia até a década de 1950/60, o terceiro em número de títulos baianos conquistados. Todo baiano mais vivido, bem lá no fundo do coração, é também um pouco Ypiranga. Saudades de vê-lo disputando o Campeonato Baiano, na primeira divisão. . 

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Show de bola 

Na tarde do sábado, em Brasília, a seleção brasileira do Felipão, campeã da Copa das Confederações, enfrentou a Austrália no estádio Mané Garrincha e enfiou 6 x 0, jogando uma partida de dar gosto de se ver. Foi um jogo preparatório, já, para a Copa do Mundo que acontecerá paroano, no Brasil. 
Muitos preferem minimizar a goleada, argumentando que a Austrália é muito fraca, mas o time da Oceania já tem seu passaporte carimbado para a Copa de 2014, é um time forte atleticamente e que marca muito. O problema é que os australianos pouco tocaram na bola, em campo, tal o ritmo dos brasileiros. 

A seleção canarinha entrou em campo como se estivesse disputando um titulo e sufocou desde que a bola rolou, jogando com velocidade pelos lados do campo e muita objetividade. Dois gols de oportunismo de Jô, que atuou no lugar de Fred; Neymar, Ramires, Pato e Luis Gustavo completaram. O time brasileiro praticamente não sofreu assédio.

Maicon, que substituiu Dani Alves na lateral direita atuou razoavelmente, bnão parece mais o mesmo da copa da África do Sul, quando era titular absoluto. Porém Ramires (que entrou no lugar de Oscar) e Bernard (no lugar de Hulk) encheram os olhos, só acrescentaram ganhos à equipe com mais pegada no meio campo, mais velocidade, criatividade, jogadas de linha de fundo e alternativas táticas interessantes. Os olhos de Felipão brilhavam, como os dos torcedores nas arquibancadas encantados com as dribles e jogadas de Neymar, o oportunismo de Jô, o ímpeto do menino Bernard pela direita. 

Resta ver como a equipe se comportará na terça-feira próxima, diante de Portugal, no amistoso que será realizado em Portland, USA. Felipão perdeu o lateral esquerdo Marcelo, que sentiu o músculo da coxa no final da primeira etapa do jogo contra a Austrália e foi substituído por Maxwell, bem inferior ao titular. Por outro lado, o astro Cristiano Ronaldo também estará fora do jogo, machucado. Mas o time de Portugal é muitos furos superior ao da Austrália. Olho na telinha. 


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Quase polo aquático 

Pelo Brasileirão, sob uma chuva torrencial, num gramado mais que encharcado, cheio de poças e quase 10 mil torcedores comendo frio nas arquibancadas do Barradão, o Vitória recuou, deu mole e permitiu que o Atlético (MG) empatasse ( 1 x 1) um jogo que parecia ganho. Por ironia, umas poças d’água na entrada da área tiveram influência nos dois gols, um pra cada lado.

No primeiro gol, por volta dos 15 minutos da etapa inicial, o zagueirão do Galo mineiro atrasou uma bola rasteira e boba para o goleiro Victor mas a pelota perdeu força, ficou presa na poça d’água e permitiu a dividida com goleiro com o atacante Dinei; Marquinhos pegou a sobra ‘na praia’ e fez. O Vitória foi melhor, soube aproveitar com mais inteligência o gramado pesado, deu mais chutões, lançou mais longo, cruzou mais bolas pelo alto na área adversária, esteve mais perto do gol, enquanto os jogadores do Atlético insistiam no toque curto, nas tabelas rasteiras prejudicadas pelo estado do gramado.

Na segunda etapa o rubronegro recuou demais e chamou o Galo foi pra cima. O time mineiro, perdeu algumas chances de empatar mas, já aos 42 minutos, o rápido Berola aproveitou-se de outro recuo (do estreante zagueiro Kadu), acreditou na bola que perdeu força na poça e tocou nela antes, conseguindo o tento de empate. Justo. 
Nâo foi um jogo técnico, mas de disputa no corpo-a-corpo, uma partida feia nalguns momentos, em função da chuvarada. Nem o consagrado Ronaldinho Gaúcho conseguiu mostrar muita coisa. 

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Gol de baba de praia

O duelo de tricolores, no Maracanã, foi decidido por uma jogada de malandragem (do lado do Flu) e de bobeira total (pelo lado do Bahia). O gol do time carioca, aos 20 minutos da segunda etapa, foi arquitetado pela esperteza do veteraníssimo meia Felipe, que engabelou o árbitro e cavou uma falta no meio campo, próxima do grande círculo, atirando-se nas pernas de Helder. Enquanto os ‘abestados’ tricolores reclamavam com o árbitro, Felipe, espertamente e ainda caído, bateu a falta curta para Sóbis (que acabara de entrar) e o meia, sem ter muito o que fazer com a bola, bateu firme de looonge na direção do gol, provocando um rebote assustado de Lomba, nos pés de Biro, que tocou para as redes. O chute de Sóbis ia para fora, não tinha a direção do gol, e Lomba, já que não confiou no golpe de vista, deveria ter espalmado a bola para escanteio, nunca para a frente da área, onde o atacante, bem mais rápido do que a cobertura de Lucas Fonseca, definiu. 

E, fica a pergunta: antes, cadê alguém esperto para evitar a cobrança rápida? Ingenuidade ou reflexo lento de pensamento? Uma bobeira, enfim, que custou dois, três pontos na tabela.

Sim, porque o Bahia foi melhor em campo a maior parte do tempo do jogo, criou seis chances de golear na primeira etapa, duas bem claras com Fernandão, enquanto o Fluminense apenas cruzou bolas na área baiana. Na segunda etapa, Feijão perdeu um gol de cabeça a meio metro do goleiro e, após o gol, o time carioca recuou, fechou-se, com o Bahia em cima tentando o empate, mas cadê competência? 

Alguns atletas no Bahia caíram de produção de forma assustadora, como o goleiro Lomba (não se pode tomar um gol como esse do Flu), o zagueiro Lucas Fonseca (lento, sem reflexos), o marcador Fahel (sempre chegando atrasado, errando passes, fazendo falta), o ‘pipoqueiro’ Wállison (foge das divididas) e o grandalhão Fernandão (perdeu dois gols inacreditáveis no jogo, como em outras partidas anteriores). Esgotamento? Cadê os reservas à altura, existem? 

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Pipoquinhas:

- Ou seja: Bahia e Vitória precisam tomar tenência e retomar o caminho de bons resultados ou, já-já estaremos fazendo contas e torcendo para que não caiam, mais uma vez, para a segunda divisão. Lamentável. E ambos começaram tão bem a competição! Parecemos cavalos paraguaios. 

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- Impressionei-me com a estrutura montada e a organização das eleições diretas no Bahia, nas dependências da Fonte Nova. Elogios para o bom trabalho, o profissionalismo, a dedicação e a seriedade do interventor Dr Ratis, um mineiro que se tornou tricolor de coração. O torcedor lhe será para sempre agradecido. Já escreveu uma página bonita na história do clube, sim senhor.

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- Será que esse acontecimento exemplar no tricolor vai provocar mudanças na gestão de outros clubes, como o Vitória, por exemplo, até hoje sob o controle de um coronelismo aristocrático? 
E FBF, com o eteeerno Ednaldo ‘brilhantina’ Rodrigues?

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- Anunciada a vitória da chapa comandada por Schmidt, o novo presidente, que deve ser empossado na segunda-feira, anunciou Reub Celestino como seu diretor executivo (bom nome) e o jornalista Nestor Mendes Jr, autor do melhor livro já escrito sobre a vida do Bahia desde a sua fundação, no comando da comunicação do clube. Êxito, novos ares!

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- Ainda no sábado à noite, no calor da conquista das urnas, falava-se no nome dos primeiros jogadores contatados e que devem ser anunciados como reforços para a segunda etapa do certame: o meia atacante Luca, jovem, goleador, de boa técnica (jogou no Criciuma e está no Cruzeiro)e o meiocampista armador Leo Gago, já mais rodado, de bom passe, boa visão de campo e chute forte de meia distância. 
Em princípio, devem ser mantidos o gerente de futebol , Anderson Barros, e o treinador Cristóvão. Teremos uma semana agitada por notícias quentes nas hostes tricolores.

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- Até porque ainda estão em andamento auditorias que apuram as possíveis ‘falcatruas’ da diretoria que caiu sob a intervenção (os Guimarães da Ribeira). O bizu é que há coisas ‘cabeludas’ apuradas e que breve irão para o noticiário, apontadas pelo dedão da Justiça. 
Pois que assim seja. 

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- O primeiro confronto entre Nacional de Medelin X Bahia, pela Copa Sulamericana, acontecerá no dia 26 de setembro, uma quinta-feira, na Colômbia. O time precisa melhorar muito para não fazer feio no exterior. O segundo e decisivo jogo será em outubro, na Fonte Nova. 

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- Desfiles pátrios, manifestações de rua pacíficas e também bagunça, quebradeiras, choques com a polícia em várias capitais, cenas que não levam a nada, apenas violências de parte a parte. Até quando? Não consigo ver no que isso constrói.