m sua primeira visita ao Brasil após a Copa das Confederações, o Jérôme Valcke reconheceu que organizar uma Copa do Mundo no Brasil não está sendo fácil
Nara Franco , da redação no Rio de Janeiro |
21/08/2013 às 20:59
O clima esquentou entre o secretário geral da FIFA e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Em sua primeira visita ao Brasil após a Copa das Confederações, o Jérôme Valcke reconheceu que organizar uma Copa do Mundo no Brasil não está sendo fácil e não poupou críticas ao alcaide carioca.
Durante um encontro com jornalistas na tarde desta quarta-feira, no Rio de Janeiro, o dirigente rebateu as acusações de Paes, que disse recentemente que, ao contrário do Comitê Olímpico Internacional (COI), a Fifa não se preocupa com o legado do Mundial.
Ao ser questionado sobre as declarações de Paes, Valcke garantiu que a Fifa está aberta a qualquer tipo de debate com as autoridades brasileiras. Para o secretário-geral, a Copa do Mundo é realizada com a união de forças dos governos locais com a entidade. Ele ainda lamentou o fato de a Fifa ser um alvo muito fácil de ser atacado.
- Não há nenhum embate. Não é uma questão de sermos amigos ou inimigos. Estamos aqui para organizar um evento, e somos profissionais. Há um acordo com as cidades-sedes que distribui as responsabilidades. Não estamos aqui para brigar - disse, para em seguida completar: A Fifa é um alvo fácil. É fácil culpar a Fifa por tudo.
Valcke está no Brasil para vistoriar estádios da Copa do Mundo de 2014 e lembrou que foi o próprio prefeito do Rio de Janeiro que pediu para receber, não só a Copa do Mundo, mas vários eventos que envolvem a competição no ano que vem.
- Lamento que seja sempre o mesmo discurso. Se até agora ele não entendeu o legado da Copa do Mundo, não sei mais o que dizer. Talvez ele queira cuidar só dos Jogos Olímpicos e esquecer a Copa do Mundo. Aliás, foi ele que pediu para receber a Copa do Mundo. Ele pediu para o Rio ser sede, receber a final, o IBC (centro de transmissão internacional), o sorteio da Copa do Mundo. Ele queria tudo. É a vida.
Nesta quarta, Valcke reconheceu que aprendeu lições com a organização da Copa no Brasil e revelou ter um ideia pessoal, a ser levada ao presidente da Fifa, Joseph Blatter, e ao Comitê Executivo da entidade. Para o dirigente, seria bom que, antes de apresentar a candidatura para receber a Copa, o governo fizesse um consulta popular ou ao congresso local, para evitar problemas à frente. Ele citou o caso da Suíça como exemplo.
- É uma ideia pessoal. Uma das lições que poderíamos aprender seria, acrescentar no documento de candidatura a votação da maior autoridade do país. Talvez, o governo deveria ter procurado o congresso. Não precisa ser unanime, mas a maioria do congresso apoiando a candidatura. Essa é uma ideia que ainda tenho que levar ao presidente Blatter e ao Comitê Executivo. Na Suíça, fizeram um referendo popular, que rejeitou as Olimpíadas de Inverno de 2022. E não houve candidatura.
Após visitar São Paulo, Curitiba e Manaus, Jérôme Valcke encerra sua visita ao país nesta quinta-feira com uma coletiva de imprensa no Maracanã.