Treinador achou justo jovens protestando nas ruas
Tasso Franco , da redação em Salvador |
09/08/2013 às 13:23
O técnico da Itália, Cesare Prandelli, afirmou nesta quinta-feira (8) que ficou surpreso com o contraste econômico e social que viu no Brasil durante a Copa das Confederações, em junho. A seleção italiana ficou em terceiro lugar na competição.
Em fala ao jornal "La Gazzetta dello Sport", Prandelli disse que era impossível jogar bem depois de notar a diferença entre ricos e pobres. Ele citou o fato de que algumas das arenas milionárias ficam próximas de comunidades carentes.
"A Copa das Confederações já me deixou a impressão de fortes contrastes entre os novos estádios e a miséria ao seu redor. Em seguida, uma multidão em manifestações nas ruas. Quando há tantos jovens nas ruas, você tem que ouvir. A prioridade não é o futebol. A prioridade são as escolas, os cuidados hospitalares, o trabalho... Eu acredito que o Mundial no Brasil pode coexistir com uma melhor política social. Claro que é impossível jogar bem num estádio que custou R$ 800 milhões e fica a 100 metros de uma favela de 120 mil pessoas, das quais 20% não têm o que comer. Mas nós não pensamos só na América do Sul. Os contrastes estão em expansão na Europa, e neste ritmo, nós também viveremos blindados, teremos nossas favelas", afirmou.
Prandelli falou sobre a saída de Mario Balotelli em Salvador para tentar visitar uma comunidade carente. "Quando me pediu para sair por causa da favela, ele tinha uma alegria nos olhos. Eu tive que dizer sim, mesmo que ele estivesse blindado no hotel", lembrou.
O treinador falou também sobre o novo ataque do Barcelona e apostou no sucesso da dupla Neymar e Messi. Ele não acredita que o brasileiro ficará apagado ao lado das estrelas, como aconteceu com Ibrahimovic, que não se deu bem no clube.
"Não. Neymar sabe ser grande e generoso. Ele me impressionou na Copa das Confederações. Messi é o número um, é claro, mas os dois vão trabalhar bem juntos", acredita.