No time brasileiro, Julio Cesar foi fundamental, pegando o pênalti quando o jogo ainda estava em 0 x 0, e isso deu novo ânimo à equipe.
Tasso Franco , da redação em Salvador |
26/06/2013 às 19:49
Júlio César pega pênalti cobrado por Forlan
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Num jogo renhido, como reza a tradição desse confronto latino-americano, a seleção brasileira venceu a do Uruguai na tarde desta quarta, no Mineirão (MG), por 2 x 1, e está na final da Copa das Confederações 2013. O campeão sai domingo, no Maracanã (RJ), quando o Brasil enfrentará o vencedor do jogo desta quinta: Espanha x Itália, que acontece à tarde, em Fortaleza.
Enquanto cerca de 60 mil pessoas viam a partida, dentro do estádio, do lado de fora cerca de 50 mil pessoas protestavam contra os custos da copa e o que consideram desmandos no país.
Aqui e ali, nas proximidades do estádio, grupos enfrentavam a polícia, tentando furar o cerco que os impedia a chegar próximos do cenário do espetáculo. Tiros de borracha, bombas de gás, coquetéis molotov, pedras, garrafadas e um manifestante caiu do alto de um viaduto e corre risco de morte. As rusgas começaram antes da partida, continuaram durante o tempo de jogo e seguiram pela cidade no depois, noite afora.
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Jogo pegado e murrinha
A partida Brasil X Uruguai, em campo, foi brigada mas fraca tecnicamente. Não é que o time de Felipão tivesse jogado mal, é que o Uruguai também não deixou espaços para o time canarinho jogar seu futebol. Recuava o time inteiro, marcava pressão, truncava as jogadas com falta, retardada o jogo, irritava, e saia com tudo em contragolpes pelos lados do campo, aproveitando da qualidade técnica e a vontade de seus atacantes – Cavani, Luizito Suarez e Forlán. Um jogo arriscado, de parte a parte, e disputado tanto individualmente como coletivamente, taticamente em cada canto do campo.
Pra começo d conversa, o time de Felipão não conseguiu aplicar aquele sufoco de início, como o fez nos jogos anteriores. A marcação era dura, colada, a bola saia espirrada, espremida de parte a parte, com os lances ganhos e perdidos no corpo a corpo, sem muitas chances de gol criadas.
O ‘bicho pegou’ aos 13 minutos, quando o veterano e malandro Lugano, na manha, catimbou pra cima de Davids Luiz, numa cobrança de escanteio, sendo agarrado e puxado pela camisa. O árbitro chileno viu e marcou a penalidade máxima. Forlán bateu rasteiro e no canto mas o goleirão Júlio Cesar atirou-se para o lado certo e praticou ótima defesa, salvando o primeiro gol uruguaio. Serviu para o Brasil sair um pouco de trás, forçando o adversário a se encolher um pouco.
O gol brasileiro saiu aos 41 minutos, após um preciso e longo lançamento de Paulinho para Neymar; o menino matou no peito já dentro da área, pelo lado esquerdo, livrando dois zagueiros, assim obrigando o goleiro Muslera a sair para abafar o lance; Neymar tentou cobri-lo mas a bola tocou no braço do goleiro e sobrou na entrada da área para o oportunismo de Fred, que bateu meio de canela e a pelota ganhou o canto, rente ao pau da trave: 1 x 0.
O empate uruguaio aconteceu já no começo da segunda etapa, depois de um bate-rebate dentro da área brasileira, a pelota pererecando, e o zagueiro capitão Tiago Silva ao invés de dar um bicão pro alto tentou passar a bola na área para Marcelo, errou e a pelota se ofereceu, de graça, para o chute rasteiro e de prima do esperto Cavani, sem defesa: 1 x 1.
O jogo ficou ainda mais mordido, o time ‘celeste’ amansando a bola e o Brasil partindo todo pra cima, querendo o desempate e abrindo a guarda defensiva. Aos 20, Suarez ganhou no alto e quase marca. Felipão trocou Hulk (que fez sua pior partida na Copa) pelo menino Bernard, aberto na direita, e o Brasil começou a criar algumas boas chances por esse lado.
De tanto correr o campo inteiro, marcando, o time uruguaio parecia exausto com o decorrer do tempo. O Brasil passou a ter mais espaços e a tocar melhor a bola, usando bem os laterais Dani Alves e Marcelo, além de Neymar e os meias Luis Gustavo e Paulinho, os melhores, tecnicamente. O gol decisivo só foi acontecer aos 41 minutos, após uma excelente cobrança de escanteio de Neymar. Todos marcando os mais altos, na primeira trave e no meio da pequena área, então Neymar alçou do outro lado, onde Paulinho subiu só e testou com força ante a saída indecisa do goleiro Muslera. No mais, só pressão uruguaia, em bolas alçadas, até o apito final do árbitro.
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Nomes do jogo
No time brasileiro, Julio Cesar foi fundamental, pegando o pênalti quando o jogo ainda estava em 0 x 0, e isso deu novo ânimo à equipe. Daniel Alves e Marcelo destacaram-se no apoio, com bons passes, toques e domínio de bola. Luis Gustavo e Paulinho cada dia se entendem melhor, jogam muito. Oscar sumidão, aceitando a marcação dura dos uruguaios; Neymar sempre decisivo, Fred brigou muito com a dura zaga da ‘celeste’. Hulk, o mais fraco do time, brigou muito com a bola, dominando mal, passando pior ainda, destoante.
No Uruguai, ainda vale a tarimba do velho Lugano, catimbeiro e chato, ao lado do bom jogo do alto Godin, na zaga. Arévalo cansou correndo atrás e colando, chegando junto de Neymar. Mas os grandes destaques, sem dúvidas, foram os três atacantes: o veterano Forlán, que perdeu a penalidade e não se abateu; o inquieto e forte Luiz Suarez e o incansável Cavani, o autor do gol, que correu o campo e o tempo inteiro.
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Quem vem de lá ?
De olho na tevê nesta quinta à tarde, porque às 16 hs tem outro jogão de bola: Espanha, a atual campeã do mundo e bi-campeã da Europa, contra a boa equipe da Itália (quatro títulos mundiais), com o meiocampista Pirlo de volta, comandando a ‘azurra’. Pena que Balotelli não joga, machucado. Mas a Itália é forte e sempre cresce nas dificuldades. Do lado oposto, a Espanha de Xavi, Piquet, Fábregas, Sérgio Ramos e ... Iniesta, um dos melhores meias da história do futebol espanhol, sem dúvida.
Esperamos um jogo de toque de bola e alta técnica pela organização tática das equipes e pela boa qualidade técnica individual da maioria dos jogadores em campo. Quem vencer enfrenta o Brasil na grande final de domingo, no Maracanã. Quem sabe um Brasil X Espanha ? Seria de arrepiar.