Esporte

PREFEITURA entrega 6 abrigos para baianas do acarajé na Arena F Nova

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AGECOM , da redação em Salvador | 18/06/2013 às 19:36
Abrigos são legais
Foto: DIV

As baianas vendedoras de acarajé em Salvador estreiam na Copa das Confederações ntes mesmo das seleções da Nigéria, Uruguai, Itália e Brasil entrarem em campo na Arena Fonte Nova, a partir desta quinta-feira (20). Seis abrigos com formato de quiosque sobre decks especialmente para elas colocarem os tabuleiros de venda foram instalados no estádio, dando maior destaque para um dos petiscos mais famosos da cidade.

Criadores dos novos abrigos, os arquitetos Heraclito Arandas e Giuzeppe Mazoni, da GMF Arquitetura, são os mesmos profissionais que projetam camarotes, palcos e coberturas para grandes eventos do show business brasileiro, incluindo o Festival de Verão Salvador e os shows da banda Asa de Águia, uma das mais populares do movimento musical intitulado axé music. “Para fazer o projeto a gente se inspirou em imagens do cotidiano baiano como os arcos das ladeiras históricas, e manteve o cuidado de não chamar a atenção para os abrigos, apenas proteger as baianas”, avalia Arandas.

Os tabuleiros de venda permanecem, praticamente, os mesmos como são conhecidos há séculos nas ruas da cidade. A receita do acarajé também conserva a mesma base, com o uso de feijão triturado, seguindo inspiração da gastronomia tribal dos hauçás africanos, que por sua vez a herdaram dos povos árabes criadores do falafel, feito de grão de bico.

Área nobre da Arena

Os seis abrigos foram apresentados à mídia, e principalmente às baianas, por Isaac Edington, gestor do Escritório Municipal da Copa do Mundo (Ecopa), da Prefeitura de Salvador, e Ney Campello, secretário estadual da Bahia para Assuntos da Copa (Secopa). “As baianas atuarão no comercial display, na área nobre da Arena, onde os torcedores participam de ações de marketing dos patrocinadores e conhecem os produtos oficiais. Isto significa oportunidade de geração de renda para esse grupo” analisa Edington.

Para serem aceitas na Arena Fonte Nova -  uma exceção nas normas da Fifa que só autoriza comércio na área dos jogos por empresas patrocinadores da Copa - as baianas fizeram até protesto em torno do estádio, comandado pela Associação das Bahianas de Acarajé e Mingau (Abam). Após as negociações, ficou liberada a presença de seis vendedoras em anúncio feito no início de junho. “É muito importante manter a venda de acarajé durante os jogos nos estádios. Mas nós, vendedoras, queremos mesmo é agradar a população em geral e não somente aos estrangeiros”, diz Angelice Batista dos Santos, 48 anos, associada da Abam.

Cocada para francês

Angelice sabe preparar o acarajé há 40 anos, e conta que aprendeu a fazer o petisco com a bisavó dela, Vitalina Sales de Almeida. O tabuleiro de Angelice fica na orla de Salvador. Ela acha que os estrangeiros adoram o acarajé da Bahia e que o petisco é um atrativo para outras iguarias que são comercializadas, como o abará, a cocada e o bolinho de tapioca, também conhecido como bolinho de estudante. Ela conta que, um dia, viu um turista francês comprar o petisco, cheirar, morder sem entusiasmo, e jogar quase inteiro no lixo. A vendedora correu e ofereceu uma cocada para o turista. “Ele adorou, saiu feliz da vida”, garante Angelice.

O gestor do Ecopa, Isaac Edington, confessa que gosta mais do abará. “Compro no tabuleiro, congelo em casa e ofereço a amigos que chegam de São Paulo, por exemplo”, conta, elogiando outro petisco de massa semelhante à do acarajé, mas que, em vez de frito no azeite de dendê, é cozido pelo vapor, no processo chamado banho-maria. Para quem não é de Salvador, Isaac sempre recomenda o petisco, por não possuir muito azeite de dendê. Mas na Copa, admite, todas as atenções estão voltadas para o acarajé vendido no estádio pelas baianas.

Uma preocupação importante citada por ele para a venda no estádio é a higiene. Por isso, é colocado um caixa central para o pagamento do acarajé, evitando que as baianas peguem no dinheiro e no petisco ao mesmo tempo. “O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) já preparou um material informativo interessante, que é um cardápio que explica cada quitute do tabuleiro da baiana em três idiomas: português, inglês e espanhol” destaca.