Semana promete muitas discussões sobre o Bahia e tem entrevista de Marcelinho
ZédeJesusBarrêto , Salvador |
19/05/2013 às 20:09
Dinei, o homem gol do Vitória, beija o troféu
Foto: ECV
Não aconteceu mais uma goleada, foi debaixo de chuva, o Barradão cheio, campo enlameado e jogo duro. O Bahia até tentou jogar uma água no chope rubro-negro, fez sua melhor partida dos duelos neste ano contra o rival, empatou o jogo ( 1 x 1 ), mas o torcedor do Vitória tem todos os motivos para comemorar, e muito, o título baiano e a retomada da hegemonia estadual.
Foi melhor, teve um aproveitamento superior durante toda a competição, sobrou tecnicamente diante dos adversários e, mais que tudo, arrebentou o principal rival, o Bahia, com duas goleadas inesquecíveis para o seu torcedor. A final, nesse domingo, foi só para ratificar essa superioridade.
*
O jogo
O torcedor tricolor temia mais uma humilhante goleada e somente uns 30 deles marcaram presença nas arquibancadas. O clube numa crise sem precedentes, a equipe foi a campo com treinador interino, muitos desfalques, alguns garotos vindos da base escalados e muita desconfiança. Mas, diferente dos jogos anteriores, os atletas brigaram mais, marcaram melhor, entregaram-se como deviam ter feito nos clássicos anteriores, encararam o adversário de igual para igual.
O rubro-negro, mal começou, foi pra cima, explorando o lado direito, com Nino Paraíba e Maxi pondo correria em cima de Jussandro. Numa cobrança de escanteio, aos 5’, Gabriel Paulista recebeu livre mas dominou mal e isolou. O rubronegro marcava sob pressão, o Bahia acuado, se defendendo e sem conseguir puxar o contragolpe porque errava muito na saída de bola, com os laterais presos e Toró, Helder e Diones entregando os passes ao adversário, sempre.
Aos 11, Escudero arriscou de fora, aos 14’ Titi raspou de cabeça, sem perigo... e o gol rubro-negro saiu aos 19, após o argentino Maxi ganhar faltosamente uma dividida com Jussandro; a bola sobrou para Nino que cruzou rasante nas costas da zaga para Dinei completar de frente : 1 x 0.
Diferente das outras vezes, a equipe tricolor não se acovardou e foi pra cima, continuou marcando forte, brigando. O Vitória se encolheu, na moita, para o contra-ataque em velocidade. O Bahia criou chances aos 25, com Fernandão de cabeça; aos 26’ com Jussandro; numa boa trama com Helder e Marquinho Gabriel do lado esquerdo e aos 33’ com Ryder. O rubronegro respondeu numa perigosa cobrança de falta de Cajá; em nova investia de Nino que Dinei quase amplia , aos 36’; e aos 40’, após cobrança de uma falta da lateral, pelo lado esquerdo, o goleiro Omar escorregou e Jussandro salvou a bola que entrava, em cima da linha.
Aì entrou um cachorro no gramado, atiçado por algum torcedor.Passeou, atravessou, driblou jogadores, a torcida rubronegra em delírio, até que foi expulso por um gandula.
Antes de acabar, o tricolor fez sua mais bela investida, com Helder servindo, de cavadinha, e Fernandão pegando de prima, mas bola cobriu a meta.
*
Na segunda etapa, a mesma pegada. O Vitória ocupando melhor os espaços, marcando o campo inteiro, mais ofensivo e com mais posse de bola, até porque erra menos passe, tem uma equipe melhor entrosada e bem mais arrumada. Mas, na raça, o tricolor encarou: Ryder perdeu gol aos 3’ e Marquinho Gabriel, aos 13, fez boa jogada e bateu forte, errando o alvo. O gol de empate saiu aos 20’: Jussandro roubou, passou para Marquinho Gabriel que enfiou longo para a corrida de Fernandão que ficou de cara com Wilson e bateu por entre as pernas do goleiro – 1 x 1. Os treinadores mexeram nas equipes, o jogo ficou aberto, lá e cá, com oportunidades perdidas de parte a parte, sem perder o ritmo.
A torcida vibrou até o final, debaixo de chuva, e os rubro-negros comemoraram o empate, que garantiu o título, no final. Os jogadores do Bahia saíram de campo de cabeça erguida pois, ao menos na final do Barradão, dignificaram a camisa. O empate foi justo. Como mais que justo foi o título de campeão do rubro-negro!
*
No Vitória, os melhores em campo foram Maxi, Cajá, Nino, Michel e Cáceres. Mas vale destacar a equipe inteira, bem treinada pelo Caio Jr., correndo muito e jogando pra frente, buscando o gol sempre.
No Bahia, com a equipe esfacelada, Rafael Donato, imaginem, se impôs na defesa; Jussandro correu muito, deu sangue; Marquinho Gabriel e Ryder foram os mais técnicos e insinuantes; Fernandão é um atacante limitado, mas que dá muito trabalho aos defensores, aprovado.
**
O campeão paulista é o Corínthians, que empatou por 1 x 1 na Vila Belmiro com o Santos. Tinha vencido o jogo anterior, na Capital, por 2 x 1. Em campo, o Corínthians foi melhor, buscou mais o gol, mostrou-se superior.
Em Minas, o Cruzeiro venceu o AtléticoMG por 2 x 1 , mas o título ficou mesmo com o Galo. Os três gols foram feitos através de penalidades máximas.
**
Notícias BaVi
- Os jogadores do Vitória, campeões baianos, não terão tempo para comemorar. Na quarta, no Barradão, enfrentam o Salgueiro, pela Copa do Brasil. O primeiro jogo, no sertão de Pernambuco, deu empate. No sábado à tarde, o rubro=negro campeão baiano enfrenta, na Arena Fonte Nova, à tarde, o Internacional de Porto Alegre, estreando pelo Campeonato Nacional, primeira divisão. O Inter, treinado por Dunga, tem o artilheiro Leandro Damião, e é o atual campeão gaúcho. Jogão! Aì vamos ver, de fato, se o Vitória tem time para enfrentar o Brasileirão.
- O Bahia começa vida nova, já na segunda. Chegam o superintendente de futebol Ânderson Barros, o treinador Cristóvão, o preparador físico Rodrigo Polleto, o diretor de futebol William e a diretoria deve anunciar novas contratações e dispensas: Fala-se na vinda dos meias Douglas (Corinthians)e Marco Antonio ; e mais o atacante Neto Berola e o meia Serginho (atlético MG) .
A equipe precisa, urgente, de dois apoiadores/marcadores que saibam sair jogando, bons de passe, boa visão de campo, rápidos. O Bahia tem sido um time lento e que joga para trás, ciscando, feito galinha.
A equipe tricolor estréia pelo Campeonato Brasileiro/primeira divisão, no domingo, fora de casa, contra o Criciúma, o atual campeão de Santa Catarina. ‘Ora pro nobis!’
**
Politicagem
A presidenta Dilma deu o ‘pontapé inaugural’ da Fonte Nova com um chuteco de pé esquerdo, descalço.
Já o estádio de Brasília, inaugurou com uma bicudaça de direita, sapato.
Politicamente correta
**
Esse texto, que segue, sobre a crise no Bahia, foi publicado na edição de sábado , 18 de maio, em A Tarde, pág 3:
RENASCER OU MORRER
No futebol, uma equipe vencedora não se faz somente com contratações acertadas, bons salários, técnico renomado, CTs modernosos, patrocínios ... Mais que isso tudo, uma grande equipe tem de ter alma, espírito vencedor, vontade, flama. É esse fogo que chama a sorte, que acende a estrela e cria o hábito da vitória. Ué, escrevi ‘Vitória?’. Pois quero mesmo é falar do Bahia. Mas cadê? O ‘esquadrão’ apequenou-se, dentro e fora de campo. Basta um gol do rival para que o time em campo se aparvalhe. O tricolor vem se agalinhando, manchando suas cores, rasgando sua história, desafinando seu hino, atropelando sua torcida há décadas.
A alma do Bahia pena no passado. Seu torcedor envelheceu, é ranheta, só resmunga a remoer lembranças. Sua diretoria, a despeito da jovialidade aparente do presidente, é coronelista. O clube parece uma velha locomotiva tipo ‘maria fumaça’. Arrasta-se nos trilhos barulhando oco. Parece sem destino algum. Nos gramados e fora de campo. Não é dispensando jogadores, alguns jovens e patrimônio do clube, derrubando treinadores e trocando de gerentes mercadores que daremos rumo ao clube e retomamos o slogan ‘nasceu para vencer’. É preciso mudança radical, de pensamento, de mentalidade, já. O Bahia precisa respirar transparência, grandeza, mirar-se no tamanho e na paixão de sua devotada e dolorida torcida.
Ando a repetir que o Bahia, mais que clube, é uma torcida, uma nação que pulsa e se alimenta do time de futebol. Não se pode querer administrar, gerir esse patrimônio sem a participação do torcedor. É hora, assim, do torcedor se manifestar, de verdade - ‘ninguém nos vence em vibração!’.
E exigir transformação, modernização, profissionalismo, competência. Unamo-nos, oposicionistas ou simplesmente descontentes, e vamos construir, apresentar um novo projeto para administrar e resgatar o nosso Bahia, que agoniza faz tempo; e não seria bom para a Bahia, para o futebol brasileiro vê-lo enterrado. Vamos salvá-lo, fazê-lo renascer, reacender o lume da alma Tricolor.
*
Abrindo o bico
O presidente Marcelinho Guimarães, antes da partida, deu uma longa entrevista ao repórter Dito Lopes, da rádio Excelsior, que vai dar o que falar esta semana. Respondeu alto e forte a todos os seus críticos (inclusive os políticos, o governador Wagner, a primeira dama Fátima Mendonça, a senadora Lídice, o deputados Valter Pinheiro, Pelegrino, Fernando Schimidt...) não aliviou pra ninguém e deixou bem claro: não lhe passa pela cabeça a renúncia. Diz também que sua saída, via Justiça, é improvável, porque, assegura ele, sua eleição foi dentro da legalidade e não teme por suas ações administrativas dentro do clube.
O jornal Tribuna da Bahia promete uma página inteira com a entrevista, na edição desta segunda-feira. Ah, vai render muito tititi. A campanha ‘Fora Marcelinho’ ganha mais combustível; a fogueira está ardendo.