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O VITÓRIA PÕE A MÃO NA TAÇA com méritos, por ZÉDEJESUSBARRÊTO

Nos vestiários, depois da partida, o diretor de futebol Paulo Angioni entregou o cargo – foi o primeiro a cair. Se é por falta de adeus, até logo!
ZédeJesusBarrêto ,  Salvador | 12/05/2013 às 20:02
Dinei conseguiu a surpreendente marca de fazer 4 gols num clássico
Foto: Paulo Galo
   Depois da desmoralizante goleada de 7 x 3 diante do grande rival, na Fonte Nova, o Vitória pode encomendar as faixas de Campeão Baiano de 2013. O rubronegro, depois dos três resultados positivos seguidos ( 5 x 1, 2 x 1 e 7 x 3), arrasou o moral do tricolor, que teria de fazer 5 gols no Barradão, domingo próximo, e não levar nenhum, para reverter a situação e levar o bi. Mas, como ? 
 
   O Vitória mostrou em campo que é superior ao adversário técnica, tática, fisica, coletiva, individualmente e, mais que isso, emocionalmente. Uma superioridade absoluta, dentro (elenco) e fora ( direção) de campo.  E venceu, fácil, por isso. 

   Enfim, a goleada (somados os três últimos resultados: 14 x 4 ) glorifica, constrói uma história rubro-negra: ao mesmo tempo, envergonha, macula a tradição de um time que já foi um dia vencedor, que tinha como slogan ‘nasceu para vencer’.   Acabou.  Essa tal Arena Fonte Nova, definitivamente, não fez bem ao tricolor; já o Vitória, está deitando e rolando, tomou conta da casa. Com competência.  Essa partida foi um atropelo, definitivo.

 Domingo próximo, no Barradão, é jogo só para enfaixar os jogadores e entregar a taça. Até porque o rival  não mostrou nada em campo para dar um pingo de esperança ao torcedor. 

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Os três últimos resultados do clássico sâo tão humilhantes que, pelo querer de grande parte da torcida, deveriam provocar demissões, renúncias, saídas, rescisões de contrato, tudo dentro do clube, dos salões da diretoria ao campos de Itinga:  direção do clube, departamento de futebol, comissão técnica, uma penca de jogadores ...  Será ?  Esperemos pra ver.    
  Nos vestiários, depois da partida, o diretor de futebol Paulo Angioni entregou o cargo – foi o primeiro a cair.  Se é por falta de adeus, até logo! 

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 O jogo

  Com metade das arquibancadas vazia (cerca de 20 mil torcedores apenas), o que já demonstrava a desconfiança da torcida, o jogo começou duro, marcado, equilibrado, até os 5 minutos, quando Maxi Biancucchi ganhou uma falta na lateral da área, lado direito do ataque, em cima do fraco Magal. Cajá executou a cobrança rasteiro, a bola carambolou nas pernas do zagueiro Gabriel Paulista, acossado, e foi entrando mansinha no canto esquerdo de Lomba, para surpresa de todos – 1 x 0.  O gol, estranho, desequilibrou totalmente o emocional da equipe tricolor. 

   Nervosismo, erros primários, o time perdia todas as bolas divididas, bolas altas, rebotes... e o meio campo do Vitória assumiu o comando do jogo, tomou conta do meio campo, atuando com calma, tocando a bola, explorando as laterais com inteligência e velocidade. 

   Aos 13’, a meia cancha rubro-negra trocou passes com facilidade e Dinei recebeu livre, desmarcado, dentro da grande área, arrematando de prima, com força: 2 x 0.  Parecia treino, só um time jogava em campo, absoluto. O adversário envolvido, entregue, perdido. 
Aos 22 ‘, Cajá cobrou uma falta da intermediária, Fabrício subiu só e raspou de cabeça, surpreendendo Lomba: 3 x 0.  Apenas aos 32’ Fernandão fez o primeiro arremate ao gol rubro-negro, mas Deola fez boa defesa.  Aos 39’, Zé Roberto recebeu de Talisca e lançou Fernandão, no meio da zaga; o goleiro Deola saiu nos pés do atacante e o derrubou na área: Fernandão bateu a penalidade e diminuiu: 3 x 1.    A primeira etapa foi um passeio rubro-negro. 
   
  Para o segundo tempo, Joel modificou a equipe, pôs Helder no lugar do lateral Magal e  Adriano substituiu Diones. Foi para o ataque, a única coisa a fazer.  Mas...  logo no 1’, Titi cortou mal de cabeça um bola alçada e Dinei, da linha de entrada da grande área, sem deixar cair, testou encobrindo Lomba, mal colocado: 4 x 1.   Um minuto depois, Fernandão desviou uma bola cruzada de linha de fundo, no chão, e diminuiu: 4 x 2. O jogo ficou lá e cá, gostoso de ver, pegado.  A equipe tricolor até esboçou uma reação, com Talisca, Ze Roberto, Fernandão ...   mas, atrás, a zaga entregou: aos 13’, Dinei recebeu do lado de Pablo, cortou para o meio e bateu forte; a bola desviou num zagueiro e traiu Lomba: 5 x 2. 

  Desequilibrado, logo depois Fahel chutou o adversário sem bola no meio campo e foi expulso. Ficou mais fácil ainda.  Aos 20’, Biancucchi  fez 6 x 2, o Bahia arriado, sem poder de reação. Aos 43’, numa bela e heróica arrancada de Fernandão, Adriano enfiou a cabeça e diminuiu: 6 x 3.  Antes de fechar o tempo, Vander cruzou alto e Dinei, mais uma vez livre, na pequena área, testou e fechou o caixão: 7 x 3, para enlouquecer o torcedor rubro-negro e desmoronar o circo tricolor.   Três vitórias seguidas e duas goleadas ... ninguém tinha visto isso antes. 

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   Destaque para o meio campo do Vitória, que mandou em campo: Michel, Cáceres, Escudero e Cajá, marcam e sabem jogar.  Na frente, Dinei estava no seu dia, fez 4, nota 10, arrebentou a defesa tricolor; certamente sua melhor partida com a camisa rubro-negra. .   A equipe mostrou boa evolução pelas laterais, ocupou bem o meio campo e vem jogando simples, com velocidade, objetividade.  Caio Jr tem mérito na formação da equipe, no padrão de jogo mostrado.

   No Bahia, escaparam um pouco da tragédia o atacante Fernandão, pela vontade; Zé Roberto que correu, tentou sozinho e Talisca, com alguns lampejos, apesar de bem marcado.  Decepcionantes as atuações do goleiro Lomba ( todas que foram no gol entraram) , Démersom, Titi, Fahel a bater cabeças...  E os dois laterais, Pablo e Magal, não existem.  O Toró, afilhado de Joel e o apoiador Diones fraquíssimos, atrapalhados, errando passes seguidos.  O veterano Joel Santana, que não deu entrevistas pós-jogo, não conseguiu armar um esquema de jogo, não tem uma equipe, é um bando em campo sem padrão (o time marca mal e não consegue armar jogas ofensivas) , sem qualidade técnica e, agora, mais que nunca com a moral  no lixo. 

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   No meio da semana, pela Copa do Brasil, o Bahia enfrenta o Luverdense (MT), em Pituaçu e tem de vencer com mais de dois gols de diferença, se quiser continuar na competição. Será que consegue?  No primeiro jogo, lá, o time reserva tricolor levou 2 x 0. 

 Já o Vitória, viaja a Pernambuco e enfrenta, no sertão, o Salgueiro. Deve atuar com uma equipe mista, de olho na final, domingo próximo, no Barradão. E o Bahia que se cuide pra não levar outra balaiada.

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  Outros resultados: O Atlético (MG)  venceu bem o Cruzeiro no Independência ( 3 x 0) e está com as mãos na Taça, no título de 2013.  Em São Paulo, o Corínthians saiu na frente, venceu o Santos ( 2 x 1 )  e está mais próximo do título.  
     
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Fuleco e cafusa

Depois de ‘fuleco’ , o boneco, agora  a ‘cafusa’, escusa. 
Esse, ‘cafusa’, será o nome da bola da Copa. Dizem que uma cópia da ‘Jabulani’, a bola traiçoeira da Copa da África/2010.  A cafusa é mais leve que a bola que se usa nos campeonatos brasileiros, boa para quem sabe jogar: mais fácil de dominar, boa de bater forte e pega um efeito daqueles. Quem já a chutou diz que é uma delícia. Já os goleiros, que se preparem, porque, tal e qual a ‘jabulani’, a tal ‘cafusa’, escusa  ( = suspeita), também costuma  negacear quando se aproxima da meta.    Emoções fortes à vista.
Será, já, a bola da Copa das Confederações. 

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Já que não temos mesmo, e ninguém sabe quando e se teremos, o tal do metrô para a Copa das Confederações (e Copa do Mundo),  em nome da uma certa ‘mobilidade urbana’ exigida pela FIFA, estão bolando aí uma ‘gambiarra’, uma enganação, que seria (ou será) a criação de linhas com ônibus especiais (customizados ???) e grátis para levar o torcedor de vários pontos escolhidos da cidade até a Fonte Nova. Serão 11 roteiros e 14 pontos de integração. 
Tudo bem, é o tal jeitinho brasileiro, baianíssimo, fica tudo como está, deixa pra lá, é assim mesmo, patati patatá ... 

Porém, o mais estranho na solução encontrada para agradar a ‘todapoderosa’ FIFA é o nomezinho em inglês que acharam para designar o tal buzu ‘customizado’: chama-se SHUTTLE ! Ai que fofo, chiquérrimo!   Shuttle. Homi, cuma é que se pronunceia isso ?   
Agora me digam: né muita xibiatagem ?  
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“Os centroavantes são diferentes. Nenhuma outra posição num time de futebol se presta tanto a controvérsia como a de centroavante. Sua função específica é fazer gols. Ou seja, nenhum outro jogador vive tão perto do cerne, da razão depurada e da glória final do futebol, que é a bola dentro do gol, como ele. É o centroavante quem mais faz gols, e assim cumpre seu propósito sobre a Terra, mas também é quem mais perde gols, e assim trai o seu destino”.
(Veríssimo, escritor)