A goleada ( 5 x 1 ) foi resultado de uma superioridade indiscutível. Técnica, física, individual e coletiva. E mais ainda na vontade de jogar, de ganhar.
ZédeJesusBarrêto , Salvador |
07/04/2013 às 19:43
Jogadores do Vitória comemoram resultado inquestionável
Foto: Ricardo Matsukawa
Histórico nos dois sentidos. Para o torcedor do Vitória, uma goleada histórica, inesquecível, batizando o novo estádio, com o país inteiro de olho no clássico e na festa. Para o torcedor tricolor, um resultado humilhante, vergonhoso, uma nódoa inapagável na história do Bahia. É uma derrota que exige mudanças de rumos lá pelas bandas de Itinga. E da Ribeira também. O coração tricolor restou em pandarecos. E boa parte da torcida saiu culpando as gestões dos Guimarães ( os ‘Marcelos’ pai e filho)
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Não há o que discutir. A goleada ( 5 x 1 ) foi resultado de uma superioridade indiscutível. Técnica, física, individual e coletiva. E mais ainda na vontade de jogar, de ganhar. Vamos ao jogo:
Foi uma primeira etapa fraca tecnicamente, de um futebol indigno da qualidade do gramado, do equipamento, da torcida. Chutões, faltas seguidas, muita catimba, presepadas de lado e lado e pouca troca de passes, de bola no chão, de bola jogada, nada. O Vitória se deu melhor com a lambança.
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O Bahia até começou melhor, em cima. Aos 3 minutos Obina enfiou pelo lado esquerdo para Adriano que bateu rasteiro mas Deola evitou o gol no rodapé esquerdo, com a ponta dos dedos. Aos 6’, Marquinhos entrou em velocidade nas costas da zaga, pelo lado esquerdo, e bateu forte mas Deola mais uma vez defendeu bem. Aos 8 ‘, o Vitória ameaçou com Dinei arriscando de longe e errando o alvo. A partida foi ficando ríspida, nervosa e mais equilibrada, com o ataque rubronegro explorando as deficiências evidentes da defensiva tricolor. Aos 31’, Maxi levou a zaga adversária na velocidade pela direita e bateu cruzado, rasteiro; por pouco Escudero não fez.
O primeiro gol, histórico, na Nova Arena da Fonte, saiu aos 41’, após a marcação de uma penalidade máxima que teria sido cometida pelo lateral direito Neto no lateral esquerdo Mansur que penetrava em velocidade. Uma infração tola e discutível, mas o meia Renato Cajá nem quis saber, deslocou Lomba, fez 1 x 0 e comemorou com a galera, escreveu seu nome na história do futebol baiano para sempre. CAJá!
A segunda etapa foi toda vermelha e preta, um show, um passeio de bola do início ao fim em campo e uma festa nas arquibancadas. Taticamente o Vitória foi absoluto. Logo no primeiro minuto o Vitória chegou pela direita, a bola foi cruzada, a defesa olhou mas Escudero não acertou o chute de frente. Aos 5’ o argentino Maxi Biancucchi se aproveitou de mais um erro de saída de bola e, pelo lado esquerdo, de fora da área bateu por cobertura, com classe, encobrindo o goleiro Lomba que, mais uma vez mal colocado, só espiou. 2 x 0 , golaço!
Na sequência, aos 6 minutos, Obina fez uma boa jogada individual dentro da área rubronegra e bateu no canto, mas o bandeira viu impedimento (que não existiu) e o árbitro anulou o gol. Aos 13’ o ataque do Vitória arquitetou uma bela tabela pelo lado esquerdo, envolvendo Nato e Dani Moraes, e o armador Michel entrou de cara e fez 3 x 0.
O Bahia até diminuiu, depois de uma boa penetração de Magal pela esquerda; recebeu longo de Talisca, foi à linha de fundo e cruzou para Zé Roberto completar e fazer 3 x 1. Nem deu para esboçar uma reação, pois dois minutos depois, aos 23’, Vander e Marquinho (que tinham acabado de entrar em campo) puxaram um contragolpe em velocidade e a defesa do Bahia só apreciou: 4 x 1, Vander, matando a reação tricolor. Escudero fechou o caixão completando cruzamento de Marquinho, por volta dos 40’, 5 x 1 – enlouquecendo as arquibancadas.
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Destaque para Maxi, Escudero, Cajá, Michel, Luis Alberto e, claro, o treinador Caio Jr que engoliu taticamente o time de Jorginho, na segunda etapa. Contragolpes, velocidade, jogadas pelas laterais, boas substituições. Objetividade, sobretudo.
Do lado do Bahia, tudo errado. Jorginho criou problemas com Souza e com a equipe, durante a semana, deixou o atacante fora do jogo e criou um clima ruim que se refletiu em campo. Não teve leitura do jogo na segunda etapa e levou um chocolate tático. Tinha um buraco entre Neto e Dani Moraes (sem a escalação de Diones, que atua daquele lado), mas o treinador não corrigiu. O time não tem saída de bola, os laterais presos,. O meio campo não troca passes, a equipe não cria jogadas de fundo, chuta pouco.
É impressionante como alguns bons jogadores : Neto, Titi, Fahel e o próprio Lomba caíram de produção. Comprometedor.
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O treinador Jorginho entregou o cargo, ainda nos vestiários. A derrota vergonhosa e histórica o derrubou. Feio ! Não tinha mais clima para continuar. Já vai tarde.
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Tititis da festa :
- A moçada que chegou cedo no novo estádio, antes do meio dia, pegou um sol de rachar. Os ‘estacionamentos’ pelas ruas, estão muito distantes, a caminhada é dura.
- O calorão dentro da Arena ficou insuportável ... A tal arena ‘amsterdânica’ plantada nesses nossos trópicos esquenta ainda mais o clima com as películas, o caldeirão fechado. O ventão que vinha do Dique e entrava pela abertura da ferradura não tem mais circulação e a entrada ficou bem mais fechada, mais estreita e obstruída.
- O som ambiente é ensurdecedor. Estourado !
- O governador J. Wagner chegou por volta das 14 hs, feliz da vida com a nova Arena e deitando falação. Prometeu Ginásio de Esportes em cajazeiras, novas piscinas pras bandas do Bonocô e a transformação de Pituaçu em vila olímpica. Tomara!
- Claudia Leite, trapalhona, apareceu vestida com a camisa tricolor e levou vaias, ouviu os cantos de guerra da torcida rubronegra e quase não conseguiu cantar. Ivete, esperta, chegou de branco, pediu paz, juntou-se aos outros artistas, todos, aos ex-atletas (jogadores do Ba Vi) homenageados e até cantou um pedaço do hino tricolor, na manha, esperta, ganhando as arquibancadas.
- Até aquela musiquinha ‘Pra Frente Brasil’ da Copa de 70, ligada ao governo da ditadura militar, foi cantada (Deus’pai!). Já a banda Olodum, que executou os hinos do Dois de Julho e o Hino Nacional, levou vaia do torcedor rubronegro – reflexo ainda da lambança do carnaval com o escudo do clube.
- Às 16 horas, antes de a bola rolar, várias lanchonetes e bares do estádio já não tinham o que comer e o que beber. Estoques esgotados!
- Teve um instante que havia 4 helicópteros girando sobre o estádio. Foram sete, no total.
- A capacidade do estádio é de 50 mil pessoas. Para o Ba X Vi foram vendidos 41.900 ingressos, mas apenas pouco mais de 37 mil passaram pelas catracas. Até crianças de quatro anos pagaram para entrar. Na avenida Joana Angélica tinha cambista vendendo ingresso a 150 paus. A granel.
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PS:- Parabéns ao Vitória pela goleada histórica. Carimbou a Nova Arena Fonte Nova com o escudo rubronegro. Humilhou.
Quanto ao Bahia... precisa procurar o rumo, está mais perdido do que cachorro em dia de mudança. Fora e dentro de campo.
E eu, amargurado.