Barton é colecionador de encrencas
The Sun , London |
27/03/2013 às 13:34
Barton gosta de aparecer e é colecionador de polêmicas
Foto: The Sun
Com a bola nos pés, Joseph Anthony Barton ainda não alcançou grandes feitos na carreira. São outras ações relativas às quatro linhas que transformaram o meio-campista inglês de 30 anos em um nome conhecido no futebol. Das constantes brigas com companheiros, torcedores e treinadores até a recente mania de criticar Neymar pelo Twitter, passando por um entrevero curioso com Ibrahimovic, o jogador do Olympique de Marselha virou um dos personagens folclóricos deste universo, daqueles raros num esporte atualmente tão dominado pelos discursos politicamente corretos.
Após o empate do Brasil com a Rússia na segunda-feira e a atuação apagada de Neymar, Barton voltou a criticar o atacante brasileiro, considerado por ele como superestimado. O britânico chegou a comparar o santista a Justin Bieber, afirmando que os vídeos do jogador no YouTube enganavam tanto quanto o cantor pop. Anteriormente, na derrota da Seleção para a Inglaterra, ele já havia ironizado Neymar.
Mas, por que a implicância com o brasileiro? De personalidade forte, Barton vai contra a corrente. Num meio de jogadores estereotipados como pouco articulados, o inglês se diz fã de filosofia e gosta de citar pensadores em seu Twitter. Também não se furta de criticar ex-atletas ou a imprensa. Aliás, o grande interesse dos jornais britânicos por Neymar ajuda a explicar a postura do meio-campista.
- Ele tem tanta atenção da mídia porque é interessante. É diferente de outros jogadores, pois tem opinião e não tem medo de expressá-la, mesmo se isso irritar as pessoas. Ele não segue os outros, o que é algo raro no futebol. Jogadores são treinados para lidar com a imprensa e muitos dominaram a arte de não dizer nada e, assim, evitar declarações polêmicas. Barton é quase determinado a dizer algo fora do normal – disse o jornalista inglês Luke Edwards, do jornal “The Telegraph”.
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Edwards acompanha o Newcastle, clube pelo qual Barton jogou entre 2007 e 2011. Foi sua melhor fase. Considerado uma das estrelas do elenco, ele teve boas atuações e ajudou o time a voltar à primeira divisão, mas também se envolveu em polêmicas, incluindo brigas com o técnico Alan Shearer, suspensões por entradas duras em rivais e até uma prisão que durou 77 dias, após quebrar o dente de um adolescente e agredir um homem até a vítima perder a consciência.
- Ele é uma contradição ambulante. Num momento, é o homem do povo, no outro está se gabando com os outros jogadores sobre o quanto ele ganha - analisou o jornalista.
ENCRENQUEIRO
Antes do Newcastle, Barton já se envolvia em confusões. No Manchester City, clube pelo qual iniciou a carreira, aconteceu um dos momentos mais surreais da vida do meia inglês. Durante uma comemoração de fim de ano em 2004, Joey se irritou com o atacante Jamie Tandy, do time sub-20, e apagou um cigarro no olho do garoto. Logo depois, novas polêmicas: prisões por brigas na rua, críticas a companheiros e até mesmo um período numa clínica de tratamento para aprender a controlar a raiva. Tandy, por sua vez, abandonou a carreira, joga de forma amadora na Austrália e não gosta de falar sobre o assunto.
- Quero esquecer o passado. Prefiro esquecer tudo e prosseguir com minhas coisas aqui na Austrália – disse Tandy ao ser procurado pelo GLOBOESPORTE.COM, evitando o assunto.
No City, também, a política é acabar com qualquer ligação do clube com Barton. Em contato com a reportagem, o assessor de imprensa dos Citizens, Simon Heggie, explicou que a comissão técnica do clube não fala sobre a passagem do jogador por lá.
- Temos muitos pedidos de entrevista sobre Barton para a comissão técnica do City. Mas, devido a suas associações negativas com o clube recentemente, preferimos declinar – justificou Heggie.
'Supertranquilo'
A fama de Barton assustou o brasileiro Lucas Mendes. O ex-zagueiro do Coritiba chegou ao Olympique de Marselha junto com o meia inglês (emprestado pelo Queens Park Rangers, onde também não convenceu), no início da atual temporada europeia, admitiu ter ficado com o pé atrás no início, mas, hoje, garante que se dá bem com o “supertranquilo” companheiro.
- Meus amigos me perguntavam como ele era, mas, para mim, está sendo uma pessoa muito tranquila. Primeiro procurei conhecer a pessoa, e não tirar as conclusões pelo que eu já sabia. A gente tenta conversar, brinca um pouco, mas tem a barreira da língua. Chegamos juntos ao clube e um tenta ajudar o outro. É claro que a gente fica sempre com o pé atrás pelas reações e a atitude que ele pode ter, mas até agora está sendo muito querido pelo grupo, supertranquilo – contou o jogador brasileiro.